Análise: por que a explicação sobre o acidente de Alonso não convence?
Há pelo menos dez fatos concretos que levam suspeitas grandes a respeito do acidente de Fernando Alonso na segunda semana de treinos coletivos em Barcelona. A falta de clareza do caso desemboca na teoria cada vez mais forte de que o piloto levou um choque e gera rumores até mesmo surreais
2) As reações do companheiro Jenson Button e do chefe Ron Dennis, que disseram, respectivamente, que os dados da telemetria apontavam algo “um pouco estranho” e que Alonso não havia sofrido concussão, fato confirmado em comunicado
3) A opinião de Sebastian Vettel, quase testemunha ocular, que disse o caso era “estranho” porque Alonso não estava em alta velocidade
4) O tempo no hospital, três dias, considerado excessivo para quem sofreu apenas uma concussão
5) A investigação que a FIA está conduzindo para avaliar as causas do acidente
6) A troca do MGU-K, responsável pela energia cinética, dias depois, da peça da Honda pelo fabricado pela própria McLaren
7) A opinião de Dino Altmann, diretor-médico do GP do Brasil, que afirmou categoricamente que o caso de Alonso não se trata de uma concussão
8) A cobrança de Bernie Ecclestone para a investigação das causas do acidente
9) A recusa da McLaren em tocar no assunto ou aceitar qualquer outra hipótese
10) O silêncio da Honda, montadora que volta à F1 nesta temporada, pouco conhecedora do sistema de recuperação de energias e responsável pela má temporada da McLaren
O jornal ‘La Gazzetta dello Sport’ teve acesso a imagens da onboard da Ferrari de Sebastian Vettel, que estava logo atrás de Fernando Alonso na pista em Barcelona, e diz que elas sugerem que o espanhol de fato estava inconsciente antes de acertar o muro interno da curva 3. Segundo a publicação, o vídeo mostra que ele saiu da curva em uma trajetória muito diferente da habitual e que, em vez de manter a velocidade, diminuiu e virou para a direita “sem qualquer reação do piloto.
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Quem tentou dar alguns detalhes foi Sebastian Vettel. O alemão, que ocupa justamente o lugar de Alonso na Ferrari, foi o primeiro a passar pelo carro batido do colega de trabalho. Como Button, definiu a situação como "estranha".
A pessoas próximas, Alonso admitiu que levou um choque. A câmera onboard do carro de Vettel seria um demonstrativo claro de que o espanhol estava inconsciente antes da batida.
Tudo balela?
Só que logo depois, a McLaren decidiu rever o sistema MGU-K (antigamente chamado de Kers) da Honda e passou a usar os próprios componentes para a bateria final de testes da pré-temporada da F1. O fato passou despercebido até então, mas ajuda a corroborar a linha de quem pensa que a bateria da montadora japonesa não era a mais adequada até o momento e provocou falhas.
Ao jornal 'Lance!', o diretor-médico do GP do Brasil, Dino Altmann, ateve-se ao fato da investigação da FIA. "Ela não se envolve com treinos livres. Isso é uma preocupação nossa. Tem algo esquisito aí. Eles não investigariam um acidente com uma simples concussão", declarou, para então completar: "Eu tenho certeza de que foi mais do que uma concussão."
E o que gera tudo isso?
A nebulosidade que envolve o acidente acaba provocando conversas das mais diversas naturezas, até mesmo inimagináveis. As equipes rivais ficaram tão temerosas quanto à segurança dos carros que pensaram em organizar um boicote ao GP da Austrália, que acontece no próximo fim de semana. E já tem jornal dizendo que Alonso está com problemas psicológicos que vão levá-lo a encerrar sua carreira…