Coluna Rookie Text, por Vitor Fazio: Os jovens de hoje

É hora de assimilar. Um dia var deixar de ser F1 e vai virar ‘F-Teen’: um campeonato onde os melhores serão jovens, todos com menos de 25 anos. A ascensão dos pilotos vai ser acelerada; o ápice vai chegar mais cedo, a decadência também. Tudo muito efêmero, como está virando hábito

O mundo do motociclismo está vendo um ano diferente do usual. Não é comum, num lugar tão disputado e de alto nível, ver alguém tão à frente da concorrência como Marc Márquez está em 2014. Neste fim de semana, o espanhol venceu em Indianápolis, seu décimo triunfo em sequência. Não estou falando da Moto2 ou Moto3, mas do ápice do esporte, a MotoGP. Aos 21 anos, o hispânico vai dando passos largos rumo ao bicampeonato e à história.

A ascensão do império de Marc coincide com a derrocada de Vettel, dono de absurdas nove vitórias em sequência em 2013. A queda do alemão, todavia, é obra do acaso e de um carro não tão bom. Será temporário. Os dois já são o que há de melhor nas duas maiores esferas do esporte a motor: talentosos, jovens e no ápice de suas capacidades físico-mentais. Qualquer um gostaria de contar com eles.

De certa forma, é a quebra de paradigmas. Piloto, assim como qualquer outro atleta, costumava levar tempo para crescer e alcançar o ápice dentro de um campeonato. Márquez não precisou nem de um ano completo para tal. Vettel só demorou mais por causa das temporadas na Toro Rosso. Nas condições apropriadas, ambos mostraram potencial para brilhar antes mesmo dos vinte anos.

Isso não é por acaso. Não é porque “esses jovens de hoje dia aprendem tudo muito fácil”. É meio óbvio, na verdade: começando cada vez mais cedo, o cara amadurece e evolui cada vez mais rápido. É o que vem acontecendo e tende a naturalidade nesses dias de hoje.

Marc Márquez é prova de como o automobilismo tende a se tornar cada vez mais precoce (Foto: Repsol)

E, na medida em que isso vira regra, tudo muda. Aquela história de “combinar um piloto experiente com um jovem para um aprender com o outro” vai acabar, cedo ou tarde. Os iniciantes já não têm tanto para aprender com os mais velhos. É apenas gastar mais dinheiro com salários. Kevin Magnussen já tem um desempenho quase tão bom quanto o de Jenson Button. Isso diz muito.

Não digo que todo mundo com mais de trinta anos tem que arranjar algo diferente para fazer, que não há mais espaço para eles na F1. Ainda tem gente muito talentosa com essa idade, que pode fazer grandes performances, mas — por incrível que pareça — talvez seja menos arriscado pensar em jovens. É uma inversão total de papeis.

Destaca-se, todavia, que nem todo mundo é prodígio e lenda aos vinte. Nem todo mundo nasce Márquez e Vettel, alguns nascem Gutiérrez. Mas é uma tendência, um número que vem aumentando lentamente.

Peguemos a Red Bull como exemplo. Até 2007, não revelou ninguém realmente bom, apesar de anos de investimento e apoio. Em 2008, Vettel; em 2012, Ricciardo; em 2014, Kvyat já surge como um nome destacável. Três nomes muito interessantes num espaço de tempo recorde. E é só o começo.

É hora de assimilar. Um dia var deixar de ser F1 e vai virar ‘F-Teen’: um campeonato onde os melhores serão jovens, todos com menos de 25 anos. A ascensão dos pilotos vai ser acelerada; o ápice vai chegar mais cedo, a decadência também. Tudo muito efêmero, como está virando hábito.

Ah, esses jovens de hoje…

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