Conta-giro: Equipes pregam cautela sobre medidas para redução de custos e escolhem espetáculo: “F1 é entretenimento”

As equipes da F1 passaram a última semana discutindo medidas para a redução dos custos e a melhoria do espetáculo. Embora entendam que seja necessário diminuir os gastos, os times se mostraram cautelosos e admitiram que aperfeiçoar o show é mais importante

O FIM DE SEMANA NA ÁUSTRIA, onde a F1 disputou a oitava etapa da temporada 2014, também foi tomado por discussões sobre possíveis mudanças para as próximas temporadas, especialmente no que diz respeito a medidas que tornem as corridas mais atrativas para o público, dada a queda constante de audiência que o esporte atravessa. Além das conversas sobre alterações nas regras técnicas e esportivas, as equipes também falaram muito sobre as propostas para a redução dos custos, o eterno dilema do Mundial nos últimos tempos.

Só que os principais chefes de time veem as duas situações de maneiras diferentes e pregam cautela sobre adoção de novos regulamentos. Parece claro que os dirigentes não estão satisfeitos com os caminhos que o campeonato tem tomado e se mostram receosos. Ao mesmo tempo em que procuram formas para diminuir os gastos, se preocupam em não comprometer demais o espetáculo. “Afinal, a F1 acima de tudo é um show e precisa entreter”, disse Chistian Horner aos jornalistas em entrevista acompanha pelo GRANDE PRÊMIO no Red Bul Ring.

Nas últimas semanas, a Comissão da F1 tem trabalhado bastante para reunir projetos viáveis e que, principalmente, atendam às necessidades do esporte como um todo. Só que as equipes se mostram cada vez mais cuidadosas e não desejam ver o trabalho de desenvolvimento prejudicado dramaticamente por “regras loucas” ou propostas “fora da realidade” para conter os gastos.

A verdade é que as escuderias não querem errar a mão para os próximos anos e correr o risco de “descaracterizar o esporte”. Mas são completamente favoráveis a mudanças que tornem as provas mais eletrizantes. “Precisamos de mais GPs como em Montreal”, reiterou Horner. “A dificuldade, claro, é como conseguir isso”, completou. "Acho que uma corrida como tivemos no Canadá é o que a F1 tem de melhor. Isso é o que precisamos – semana sim, semana não", ressaltou o chefe da Red Bull, acrescentando, entretanto, que o controle de gastos é um ponto que precisa ser levado em consideração, mas sem afetar as decisões sobre a melhoria do show.

F1 não quer deixar discussão sobre custos atrapalhar busca por melhor o show (Foto: Getty Images)

“Os gastos na F1 são um elemento e o espetáculo é outro. São coisas diferentes. Por isso, entendo que precisamos ser cuidadosos para não tomarmos decisões que comprometam o show. E houve muita coisa que foi apresentada que, quando colocada aos promotores e outras pessoas do esporte, foi dito: ‘Espere aí um segundo’. Você simplesmente não pode encurtar as sextas-feiras, pois prejudica a venda dos ingressos."

"Então, quando se coloca na mesma sala o promotor, o detentor dos direitos comerciais, as equipes e o corpo diretivo, e você fala sobre essas coisas, associadas à redução de custos, vai ver que algumas delas vão fazer mais mal do que bem. Assim, portanto, algumas decisões que foram tomadas na última quarta-feira vão atender bem aos interesses do esporte, no meu ponto de vista. Agora, algumas delas não vão ajudar a reduzir os custos. A maioria, na verdade, não vai nos ajudar a economizar, mas espero que possamos apresentar um bom espetáculo ao público“, continuou.

Marco Mattiacci, o novo chefe da Ferrari, foi pelo mesmo caminho do colega e também entende que, acima de tudo, é preciso pensar na F1 como um show, de fato. "A F1 é uma inovação, mas, ao mesmo tempo, é entretenimento e acho que temos uma grande oportunidade aqui de melhorar esse espetáculo. E isso vai provocar um aumento nas receitas também. As iniciativas de se reduzir os custos soam muito boas, mas também são apenas estratégias, não refletem o que é a F1, o potencial todo. E temos de explorar isso", explicou.

Principal comandante da Sauber, Monisha Kaltenborn possui uma visão mais realista. Voz mais crítica, a dirigente concorda com as questões relacionadas às alterações nos formatos das corridas, mas não deixou de exibir pouco entusiasmo no que diz respeito à redução dos custos. "No meu ponto visto, ainda não temos nada realmente concreto com relação à diminuição dos gastos. Mas acho que temos de olhar para uma imagem mais ampla aqui e temos de nos concentrar nos fãs e nos consumidores desse produto. Então, tudo começa aqui: qual é a imagem que eles têm da F1? E isso não é bom. Precisamos descobrir o que querem. Então, voltamos à questão dos custos. É muito difícil alguém novo entrar na F1, porque os níveis financeiros são muito, muito altos. É muito difícil para as equipes já estabelecidas permanecerem no esporte, mesmo que você esteja aqui por mais de 20 anos."

"Portanto, precisamos tentar resolver isso. Podemos fazer algo pelos custos? Sim, mas isso é apenas uma parte do cenário. O que podemos fazer pelo show? Porque as receitas são o que realmente importam no afinal de contas. E tudo isso é gerado pelos fãs e consumidores, e não por nós, as equipes. Então, acho que temos de ver tudo isso de maneira mais ampla, além de apenas focar no controle dos custos", declarou Monisha.

Franz Tost, que comanda a Toro Rosso, citou ainda que é preciso encontrar um equilíbrio. "Mudanças no regulamento sempre vão gerar o aumento nos custos. No momento, a parte mais cara tem sido a unidade de força. Mas espero que, com o trabalho de pesquisa e desenvolvimento, os motores alcancem um nível aceitável e aí os custos devem cair um pouco. Então, teremos como economizar em outras áreas. Porém, precisamos ter um equilíbrio entre os interesses dos torcedores, pois não podemos perder fãs, e do esporte. Não podemos ignorar isso", explicou Tost.

No momento, há um conjunto de propostas que foi aprovado por unanimidade pelas equipes e que será levado para a apreciação do Conselho Mundial do Esporte a Motor, que se reúne em Munique, na Alemanha, no fim desta semana. É o prazo final para a definição do regulamento de 2015, por sinal.

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