Diretor da Renault vê Red Bull como modelo e planeja criar novo programa para desenvolvimento de jovens pilotos

Caso volte à F1 como equipe, a Renault deverá trazer de volta também seu programa de desenvolvimento de novos talentos. Cyril Abiteboul enxerga o modelo adotado pela Red Bull como exemplo a ser seguido e planeja adotar um caminho mais eficiente

Entre os anos de 2002 e 2010, a Renault teve um amplo programa de desenvolvimento de jovens pilotos, muitos deles alçados à F1. Alguns desses nomes foram os brasileiros Lucas Di Grassi e Nelsinho Piquet, Jérôme D’Ambrosio, Heikki Kovalainen, Robert Kubica, Giedo van der Garde e, ainda parte do grid da categoria, Pastor Maldonado e Romain Grosjean. A montadora de Viry-Châtillon planeja trazer de volta seu programa de jovens pilotos, usando como grande exemplo o modelo bem-sucedido adotado pela Red Bull.

No último GP da Hungria, a Red Bull mostrou o sucesso do seu programa com resultados. Nada menos que os quatro primeiros colocados da corrida em Hungaroring — Sebastian Vettel, Daniil Kvyat, Daniel Ricciardo e Max Verstappen — são oriundos do projeto taurino de desenvolvimento de jovens pilotos. Para Cyril Abiteboul, esta é a chave para a Renault, caso a montadora volte à F1 como equipe, o que vem sendo cogitado pela montadora, que estuda comprar a Lotus.

Em entrevista à publicação norte-americana ‘Motorsport.com’, Cyril Abiteboul, diretor da Renault para a F1, comparou os custos dos pilotos da Red Bull e também da Toro Rosso em comparação à dupla da Mercedes. Recentemente, Lewis Hamilton assinou uma milionária renovação de contrato com a equipe alemã.

Abiteboul enxerga o modelo adotado pela Red Bull com os jovens pilotos como exemplo (Foto: Getty Images)

Você só precisa ver os salários dos pilotos de uma equipe como a Mercedes contra os custos dos pilotos de uma equipe como a Red Bull ou a Toro Rosso. Acho que os salários da Toro Rosso e Red Bull são apenas uma fração em relação à Mercedes, e isso é fantástico”, eclarou o dirigente francês. “Então isso nos aponta uma lição sobre o que devemos fazer e como podemos melhorar o que estamos fazendo”, disse.

“O que sabemos é que queremos estar nesta categoria, que é a dos monopostos, se possível, com a F1 no topo. Mas precisamos fazer isso de uma forma muito mais eficiente quanto aos negócios e o marketing muito melhor do que o que estamos a fazer até agora”, acrescentou.

Abiteboul entende que, caso a Renault dê sequência e regresse com seu programa de jovens pilotos, este deverá ser bem mais enxuto do que fora adotado na sua primeira versão. “O que, certamente, se tivermos de estar na F1, é que eu sou um grande fã dos programas de pilotos. Já o tivemos no passado, mas talvez tenha sido um pouco pretensioso demais, já que tivemos muitos pilotos.”

Para tal, o diretor da Renault citou dois dos grandes pilotos da F1 na atualidade. Fernando Alonso conquistou seus dois títulos como piloto da Renault. Lewis Hamilton tem toda sua identificação com a Mercedes, onde conquistou um título como piloto, em 2014, e outro, em 2008, sendo empurrado pelos motores da fábrica alemã. Mas o britânico estreou nos monopostos guiando pela F-Renault.

“Temos muito mais retorno sendo identificado com Alonso do que com Lewis Hamilton, que guiou seu primeiro monoposto na F-Renault. Se você perguntar a todos no paddock, mesmo aqueles que conhecem bem a carreira de Lewis, Fernando é definitivamente ligado à Renault. Lewis nunca foi ligado à Renault. Por isso precisamos trabalhar em cima disso, e é por essa razão que acredito muito em um programa de jovens pilotos”, explicou.

Uma das grandes mudanças na abordagem da Renault quanto aos jovens pilotos está na sua retirada do programa da World Series — F-Renault 3.5 — a partir do ano que vem. A principal razão é que a montadora planeja ingressar na nova F2, categoria que vem sendo planejada pela FIA (Federação Internacional de Automobilismo) para ser a grande plataforma dos jovens pilotos para a F1 em um futuro próximo.

“É melhor ter uma transição rápida para o novo mundo, mas a chave é o ponto de partida que é o que está acontecendo entre a FIA e a GP2”, disse Abiteboul, citando o projeto bem-sucedido da World Series em termos de público. Contudo, o francês lembrou que o grande público traz a reboque muitos custos, sem que isso tenha um retorno direto à montadora.

“Éramos prisioneiros de um formato extremamente caro. É um evento fantástico e capaz de trazer um grande público, mas o problema é que cada pessoa tem um custo. É fantástico ter cerca de 100 mil pessoas acompanhando alguns eventos, mas há um custo associado nisso, e não temos certeza da nossa capacidade de transformar esses espectadores em potenciais clientes, quanto ao negócio do carro. É isso o que precisamos melhorar”, concluiu.

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