Do rebaixamento à vitória, Gasly exalta espírito de luta: “Não me rendo com facilidade”

Se Pierre Gasly já havia conseguido a redenção depois de tudo o que passou no ano passado com a conquista do segundo lugar no GP do Brasil, a vitória improvável obtida no último domingo no GP da Itália coroa uma trajetória incansável de um piloto que jamais desistiu: “Sempre lutei em toda a minha vida”

Há pouco mais de um ano, em 12 de agosto de 2019, a Red Bull anunciava a decisão de rebaixar Pierre Gasly para a Toro Rosso e, no seu lugar, promover o então estreante Alexander Albon. A drástica medida tomada pela cúpula da marca taurina, chefiada por Christian Horner e Helmut Marko, veio na esteira de críticas ao jovem piloto francês e também de resultados abaixo do esperado. Depois das 12 primeiras corridas, Pierre somava 63 pontos, enquanto o badalado companheiro de equipe, Max Verstappen, tinha 188.

Desde a primeira corrida que marcou seu regresso à equipe B da Red Bull, pela qual fez sua estreia na F1 no GP da Malásia de 2017, Gasly se notabilizou pela maturidade. Colhendo bons resultados aqui e ali, continuou a mostrar serviço. A redenção diante de um ano tão difícil aconteceu no GP do Brasil, em Interlagos. Em uma dessas corridas insanas que a F1 às vezes proporciona, Gasly terminou a prova em segundo depois de travar — e vencer — um duelo incrível com Lewis Hamilton, já consagrado como hexacampeão mundial.

Se o primeiro pódio da sua carreira, em novembro do ano passado, já foi uma conquista inesperada, o que dizer então da primeira vitória conquistada por Gasly na Fórmula 1? O triunfo veio na esteira de outra corrida louca, que teve desde favorito à vitória, Valtteri Bottas, largando muito mal, safety-car, bandeira vermelha provocada pela batida fortíssima de Charles Leclerc, punição a um líder que caminhava a passos largos rumo à vitória 90, Lewis Hamilton, e um duelo improvável com outro jovem que também sonha com o topo do pódio, Carlos Sainz.

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Pierre Gasly ficou no pódio sentado e sozinho para curtir o momento após vitória incrível em Monza (Foto: AlphaTauri)

Foi a primeira vitória de um carro que não seja do chamado ‘trio de ferro’ da F1, formado por Mercedes, Red Bull e Ferrari, desde o triunfo de Kimi Räikkönen no GP da Austrália de 2013, com a Lotus, equipe que foi recomprada pela Renault dois anos depois.

Depois de comemorar muito com os funcionários da AlphaTauri, novo nome da antiga equipe Toro Rosso, e subir para o pódio e festejar ao lado de Sainz e Lance Stroll, Gasly ficou por algum tempo a mais ali, sozinho, e pensou muito no que passou desde que teve a chance de correr por uma das grandes equipes da F1, no rebaixamento, no segundo lugar em Interlagos e na grande volta por cima com a conquista de uma vitória história, a primeira de um francês desde 1996, quando Olivier Panis, também de forma improvável, triunfou no GP de Mônaco daquele ano. Ano em que também nasceu Gasly.

“Isso é incrível! Não tenho palavras, é incrível! Passei por muitas coisas nos últimos 18 meses, e isso é melhor do que esperava. Fiquei muito focado quando voltei à AlphaTauri. Dia a dia, corrida a corrida, melhoramos e nos fizemos cada vez mais fortes. Esta equipe me deu o meu primeiro pódio na Fórmula 1 no ano passado no Brasil e hoje esses caras me deram a primeira vitória na Fórmula 1, na Itália, em Monza, com uma equipe italiana”, vibrou o 109º piloto a vencer na F1.

À emissora britânica Sky Sports, Gasly contou que ficou sozinho no pódio, sentado, para desfrutar um pouco mais de um momento ímpar na sua carreira.

Pierre Gasly levou a França ao topo do pódio depois de mais de 24 anos (Foto: Getty Images/Red Bull Content Pool)

“Tinha tantas coisas na minha mente… Sei que esse tipo de momento passa muito rápido. Depois do Brasil no ano passado, pensei que gostaria de ter mais tempo no pódio só para desfrutar ainda mais desse tipo de emoções. Foi incrível! Só queria tirar um tempo para descobrir o que estava acontecendo comigo, porque foi incrível. Tinha muitos pensamentos cruzando minha mente e queria aproveitar isso na minha mente”, ressaltou.

A única coisa que Gasly lamenta mesmo é o fato de o GP da Itália do último domingo não ter contado com a presença dos muitos torcedores italianos que fazem desta prova um dos grandes acontecimentos da temporada. “Gostaria que houvesse milhares de pessoas lá, todos os tifosi. Todos dizem que Monza provavelmente é o lugar mais louco para vencer porque os tifosi são apaixonados aqui. Gostaria de ter sentido essa energia, mas já havia tantas emoções que foi um momento fantástico”.

Depois de tudo o que já passou nesta ainda curta carreira na Fórmula 1, Gasly destaca o espírito de luta que o ajudou a dar a volta por cima em um esporte tão competitivo e até cruel às vezes.

“Não sou uma pessoa que se rende com facilidade, sempre lutei em toda a minha vida desde que cheguei à Fórmula 1. Hoje foi um grande dia! Quando estava lutando nas últimas voltas para manter a primeira posição, sabia que ficaria destroçado se perdesse, não ficaria contente com a segunda posição”, comentou.

“Dei o que tinha, foi difícil, acelerei forte no começo do stint para que ninguém me seguisse. As últimas cinco voltas foram tão intensas que quase saí da pista umas dez vezes. Estava acelerando muito forte. Meus pneus estavam acabados, mas queria tanto essa vitória que ainda me parece estranho dizer que sou vencedor de uma corrida de Fórmula 1”, acrescentou Pierre.

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Pierre Gasly festeja vitória inacreditável em Monza e dedica conquista à AlphaTauri (Foto: AlphaTauri)

No fim, o piloto rendeu palavras de agradecimento à equipe, terceira geração do que um dia foi a saudosa Minardi, por Pierre ter chegado de forma impensável ao topo do pódio da corrida mais especial para a AlphaTauri justamente por ser a corrida de casa.

“Quero agradecer muito a todos esses caras, aqui na pista e na fábrica, em Faenza e Bicester, também é um grande dia para eles. Muitos deles são italianos e a sede está em Faenza, Itália, de modo que vencer o GP da Itália é incrível. Muito obrigado a todos”, concluiu o grande vencedor do domingo em Monza.

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