Em audiência, Ministério Público diz que obra em Deodoro é ilegal. Só dois defendem

Em reunião virtual que durou 10 horas, poucos participantes opinaram favoravelmente ao autódromo de Deodoro. Por outro lado, tanto Ministério Público Estadual quanto Federal apontaram que a obra não deve ser realizada

Após a Justiça suspender liminar que proibia audiência virtual e a primeira tentativa de reunião, na última sexta-feira (7), ser interrompida por problemas na plataforma de transmissão, enfim o encontro para discutir publicamente a construção do autódromo de Deodoro, promovido pelo Conselho Estadual de Meio Ambiente do Rio de Janeiro (Cema) ocorreu nesta quarta-feira. E durou quase 10 horas, avançando pela madrugada.

Na sala onde foi realizada a audiência estavam o presidente da mesa, Maurício Couto, representantes da prefeitura do Rio, o empresário JR Pereira, que encabeça o consórcio que deseja a construção da pista, além de Diego Peixoto, biólogo responsável pelo estudo de impacto ambiental feito na região e que foi amplamente questionado.

Ainda, cerca de 100 pessoas emitiram opiniões sobre a obra, entre eles moradores da área localizada na zona oeste da capital fluminense, além de biólogos e especialistas em meio ambiente, uma vez que local em que se planeja a construção da pista fica em área preservada, a Floresta do Camboatá.

E de acordo com informações da coluna ‘Olhar Olímpico’, do jornalista Demétrio Vecchioli – que participou do programa Cadeira Cativa, do GP -, poucos se prestaram a defender a obra: apenas dois participantes. Um deles, piloto de kart, que chegou a alegar que, sem o autódromo, a área seria “ocupada por sem teto”.

Por outro lado, tanto o Ministério Público Federal quando o Estadual do RJ afirmaram que o projeto é ilegal. A razão é o impacto ambiental em uma área de mata atlântica, além de processo de licitação irregular. Ambos os MP e ativistas prometeram “longa batalha” contra o projeto.

JR Pereira, representante do consórcio Rio Motorsports, saiu em defesa do projeto ao mostrar vídeo com supostos moradores da região defendendo a construção. O empresário, porém, se recusou a comentar questões financeiras relacionadas à construção do circuito. Além disso, Pereira se limitou a chamar de ‘fake news’ reportagem da ‘Revista Piauí’ que diz que seu plano é também construir um condomínio no local.

O empresário também não comentou sobre a origem do dinheiro para a obra e alegou que será privada, acrescentando que só vai mostrar as garantias quando da assinatura do contrato.

Área onde o consórcio Rio Motorsports pretende construir o autódromo de Deodoro (Foto: Reprodução)

Entenda o caso

O processo de construção do autódromo na região militar é alvo de suspeitas pelo envolvimento da citada Rio Motorsports, de José Antonio Soares Pereira Júnior, que virou JR Pereira para evitar expor os problemas judiciais que enfrenta desde que uma de suas empresas, a Crown Processamento de Dados, acumulou dívidas superiores a R$ 25 milhões à União.

A Rio Motorsports, através do próprio JR Pereira e de uma das companhias vertentes da Crown, acabou participando da regulação do processo de licitação da obra, algo que qualquer ente público proíbe. Ainda, nunca houve comprovação, por parte da Rio Motorsports, da origem do dinheiro previsto para a construção.

A promessa da Rio Motorsports era tirar o GP do Brasil de Interlagos já a partir de 2021. A proposta ganhou apoio do presidente Jair Bolsonaro, que, em 24 de junho do ano passado, disse que era “99% certo” que a corrida passaria a ser realizada no RJ. O projeto do novo autódromo de Deodoro segue parado.

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