Esporte como bandeira do país, ligação com Grupo Volkswagen e mercado americano: os possíveis compradores da F1

A notícia de que a F1 tem como possíveis compradores o grupo Qatar Sports e o dono do Miami Dolphins, da NFL, ganhou as manchetes na terça-feira. Saiba mais sobre quem são os possíveis novos donos do Mundial

Uma oferta formal ainda não foi apresentada, mas as negociações estão em curso para que o Qatar Sports Investments (QSI) e a RSE Ventures assumam o controle das ações do Mundial de F1, em um acordo que pode chegar a R$ 24 bilhões. A informação foi revelada na terça-feira (23) pelo jornal britânico ‘Financial Times’.
 
O mais interessante são as ligações que estão por trás destas duas companhias, especialmente duas: o Qatar é acionista do Grupo Volkswagen, que, semana sim, semana não, tem seu nome associado a uma possível entrada na F1; e do Sainsbury, cujo ex-diretor-executivo já foi especulado como sucessor de Bernie Ecclestone.

Hoje, o maior acionista do Mundial é o grupo de investimentos CVC, que entrou na categoria em 2005. A transação rendeu muita polêmica nos últimos anos, com as denúncias de pagamento de suborno por Ecclestone ao banqueiro alemão Gerhard Gribkowsky, o intermediador. Em agosto de 2014, Ecclestone selou um acordo de US$ 100 milhões para se livrar de um processo na justiça da Alemanha.
 
O CVC se tornou acionista majoritário da F1 em 2006, desembolsando um montante de US$ 2 bilhões (o equivalente a R$ 6 bi em valores atuais). O retorno do investimento inicial foi cinco vezes maior, segundo a 'Forbes'.

Conheça mais sobre os possíveis compradores das ações da F1:
Stephen Ross, do Miami Dolphins, futuro dono da F1? (Foto: Getty Images)
Stephen Ross
 
Stephen Ross, 75, o dono do Miami Dolphins, é um empreendedor dono de um império relacionado aos esportes nos Estados Unidos. Ele fez fortuna no ramo imobiliário. É dono da The Related Companies, firma que emprega mais de 2000 pessoas diretamente e tem valor estimado em mais de US$ 15 bilhões (quase R$ 50 bi).

Sua outra grande companhia é a RSE Ventures, que inclui o Miami Dolphins, um dos mais tradicionais times da NFL (liga de futebol americano). A empresa possui diversas outras áreas de atuação, como empresas de mídia, promoção de eventos, publicidade e patrocínios.
Red Bull no meio?
 
A empresa de bebidas energéticas, dona de duas equipes na F1, tem ligações com os dois lados da conversa. Por um lado, patrocina no rali a equipe do príncipe Nasser Al-Attiyah. Por outro, marca presença em eventos promovidos pela RSE em outras modalidades, como o futebol.

Um dos produtos da RSE Ventures é o Fanvision, minicomputador destinado a fãs de automobilismo e popular na Nascar. Ele oferece imagens, áudio, rádio dos pilotos e informações de cronometragem, dentre outros recursos, a torcedores que estão nas arquibancadas.

De acordo com o ‘Financial Times’, o RSE gostaria de seguir com Ecclestone no comando da
F1 por considerar que o britânico de 84 anos tem a experiência e o know-how necessários para tocar o negócio.

Ross teria como maior desafio fazer a F1 enfim crescer dentro do mercado norte-americano, no qual a categoria nunca foi verdadeiramente forte.


Qatar Sports Investments (QSI) 

O QSI se apresenta em seu site como um fundo 100% privado fundado em 2005, mas sabe-se que está ligado ao fundo soberano do Catar (Qatar Investment Authority). De acordo com o SWFI (Sovereign Wealth Funds Institute), o QIA tem um total de US$ 256 bilhões em ativos (R$ 787 bilhões).

Já há alguns anos que o pequeno país árabe vem desembolsando enormes quantias de dinheiro com eventos esportivos. O principal deles é a Copa do Mundo de futebol de 2022, que vem sendo alvo de muita polêmica no escândalo que estourou em Zurique, na sede da FIFA, no fim de maio. Há denúncias de corrupção por compra de votos na eleição que definiu a sede do torneio. Além disso, também são cada vez mais fortes as acusações de trabalho escravo nas obras de construção dos estádios. Inclusive se sugeriu que o imbróglio no futebol levou a agilizar a mobilização pela F1.

Para citar alguns outros eventos, o país abrigou em fevereiro o Mundial de Handebol, contando com uma seleção recheada de jogadores naturalizados, e recebe anualmente a etapa de abertura do Mundial de MotoGP.
Losail recebe a etapa de abertura do Mundial de MotoGP (Foto: Repsol)

Como a F1 se encaixa nessa estratégia? Nenhum outro campeonato realizado anualmente tem a abrangência mundial da categoria, com provas em 19 países e quatro continentes na temporada 2015.

O desejo de se promover um GP do Catar é antigo, com Ecclestone dizendo que o que impede é um acordo que dá ao Bahrein o direito de vetar outra corrida na região. Já há, no Golfo Pérsico, uma segunda prova: o GP de Abu Dhabi.


“Nossa missão é investir em esportes estabelecidos e em desenvolvimento, oportunidades de lazer e entretenimento. Temos como objetivo entregar soluções inovadoras de investimentos para garantir o retorno financeiro. Queremos criar enorme valor para os nossos clientes, o público em geral e os nossos acionistas”, diz o site do QSI.

O portfólio da empresa contém o clube de futebol Paris Saint-Germain, do qual é dono, e o Barcelona, a quem patrocina.

Já o QIA tem 17% do Grupo Volkswagen, que inclui ainda a Audi e a Porsche, e é o acionista majoritário da rede de varejo Sainsbury.

O que já se diz, e é natural pensar, é que os cataris gostariam de ter uma de suas marcas de carros competindo na F1 caso mergulhassem no negócio. Com relação ao Sainsbury, o ex-diretor-executivo Justin King foi apontado como sucessor de Ecclestone no início deste ano, parte que seria de um consórcio que trabalhava para comprar as ações da categoria. O filho de King, Jordan, corre na GP2 em 2015.
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