FIA aprova mudança no estatuto e aumenta autonomia de presidente Sulayem
A FIA aprovou a polêmica mudança no estatuto que reduz o poder dos comitês de ética e auditoria, dando mais autonomia e poder ao presidente Mohammed Ben Sulayem, que passou por diversas investigações em 2024
A assembleia geral da Federação Internacional de Automobilismo [FIA] aprovou mudanças no estatuto do órgão, aumentando os poderes do presidente Mohammed Ben Sulayem e do presidente do senado, Carmelo Sanz de Barros. A alteração limita as formas com que a administração pode ser responsabilizada e dá mais autonomia para lidar com investigações internas.
A partir de agora, o comitê de ética da FIA realizará apenas uma avaliação inicial para determinar se uma investigação mais aprofundada é necessária. Ben Sulayem e Sanz de Barros terão o poder de decidir se tomarão medidas adicionais sobre quaisquer reclamações éticas. Já o comitê de auditoria perdeu o poder de investigar, de forma independente, questões financeiras da Federação.
Relacionadas
Na prática, toda e qualquer investigação dos comitês de ética e auditoria precisam passar pela supervisão de Ben Sulayem e Sanz de Barros, que vão escolher quais devem avançar e quais ficarão congeladas.
Inscreva-se nos dois canais do GRANDE PRÊMIO no YouTube: GP | GP2
LEIA TAMBÉM: FIA divulga imagens e mostra “versão refinada” de carro para F1 2026
A FIA deu os motivos para a alteração de regras, sendo um deles a tentativa de evitar vazamentos de materiais confidenciais para a imprensa, que incluem relatórios do comitê de ética. O órgão também fala em “independência dos comitês e redução de envolvimento da administração da Federação em sua operação”.
A mudança do estatuto acontece em um ano onde os comitês de ética e auditoria fizeram diversas investigações sobre o presidente Mohammed Ben Sulayem, que busca uma eventual reeleição para um segundo mandato. A alteração não agradou presidentes de autoclubes na Europa. Inglaterra e Áustria, por exemplo, se posicionaram contra.
O ano de Sulayem contou com duas investigações sobre tentativas de interferência na Fórmula 1 em 2023. A primeira delas foi no GP da Arábia Saudita, quando o presidente teria pedido para que comissários revertessem uma punição dada ao espanhol Fernando Alonso, da Aston Martin. Meses depois, Mohammed foi acusado de pedir aos comissários da FIA para que não fizessem a liberação do circuito de rua de Las Vegas. As duas acusações foram rejeitadas.
Recentemente, uma onda de demissões aconteceu na Federação. Natalye Robin, antiga CEO, deixou a FIA após questionar o profissionalismo da gestão de Sulayem, incluindo questões financeiras no gabinete do presidente. Bertrand Badre e Tom Purves, ambos do comitê de auditoria, foram demitidos após investigarem o “fundo do presidente”, um suposto valor movimentado de US$ 1,5 milhão (cerca de R$ 9 milhões pela cotação atual) para pagar clubes membros que votam diretamente na eleição da FIA.
Recentemente, Paolo Basarri, diretor de compliance do órgão, também foi demitido. Ele foi o responsável por compilar o relatório com as acusações em cima de Sulayem no comitê de ética. O presidente “perdeu confiança” no italiano, que acabou dispensado.
Outra demissão relevante na Federação foi a de Niels Wittich, diretor de provas da Fórmula 1. Ele foi dispensado na semana que antecedeu o GP de Las Vegas e foi substituído pelo português Rui Marques. Wittich alega que só soube da notícia minutos antes da FIA divulgar para a imprensa.
🏁 O GRANDE PRÊMIO agora está no Comunidades WhatsApp. Clique aqui para participar e receber as notícias da Fórmula 1 direto no seu celular! Acesse as versões em espanhol e português-PT do GRANDE PRÊMIO, além dos parceiros Nosso Palestra e Teleguiado.