FIA reage a protesto de Hamilton em Mugello e veta uso de camisas no pódio da F1

Depois de relembrar o assassinato de Breonna Taylor no GP da Toscana, Lewis Hamilton está vetado de repetir a dose na Rússia. A FIA obriga pilotos a vestir só um macacão no pódio

Lewis Hamilton não foi punido por protestar contra violência policial no GP da Toscana, mas não vai poder repetir a dose no GP da Rússia. A FIA determinou pouco antes da corrida deste domingo (27) que os pilotos não podem vestir camisas por cima do macacão durante a cerimônia de pódio.

Assim, caso Hamilton opte por seguir a determinação, não será possível vestir camisa relembrando Breonna Taylor, morta pela polícia americana enquanto dormia em março deste ano.

“Ao longo dos procedimentos da cerimônia de pódio e das entrevistas pós-corrida, os pilotos que terminarem em 1°, 2° e 3° precisam seguir vestidos apenas com seus macacões, fechados até o pódio, e não abertos até a cintura”, apontou a determinação da FIA.

Essa é a primeira medida concreta da FIA após o protesto de Hamilton. A federação já havia considerado uma punição ao piloto pelo uso da camisa, mas voltou atrás. A postura contradiz com a da própria gestão da Fórmula 1, que adotou o slogan ‘We Race as One’ (‘corremos juntos’, em tradução livre) para apoiar causas sociais.

Lewis Hamilton, Mercedes, Fórmula 1
A FIA agiu após protesto de Lewis Hamilton em Mugello (Foto: Reprodução)

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Mesmo com a intervenção da FIA, Hamilton não pretende se silenciar. O britânico já havia adiantado que uma medida do gênero seria implementada, mas que isso não mudaria sua atitude, mesmo que seja necessário encontrar novas formas de protestar.

“Não sei o que vai acontecer neste fim de semana, mas várias regras foram escritas nos últimos anos e isso não me impediu”, afirmou Hamilton. “O que vou fazer é continuar trabalhando com a Fórmula 1 e a FIA para garantir que as mensagens estejam corretas. Poderia ser melhor? Claro, mas é parte do aprendizado”, completou.

Hamilton larga da pole-position no GP da Rússia. O britânico tem em Sóchi a chance de conseguir a vitória 91 na F1, que o deixaria empatado com Michael Schumacher como maior vencedor da história.

Quem é Breonna Taylor?

Ao lado de George Floyd, o assassinato de Breonna Taylor foi o outro grande estopim das manifestações deste ano. Breonna, mulher preta de 26 anos, era paramédica quando, em março, a polícia invadiu sua casa, na cidade de Louisville, estado norte-americano do Kentucky, na calada da noite.

O motivo da invasão foi uma ordem de mandado de busca e apreensão que não precisava de batida na porta, daqueles que podem ser realizados com pé na porta de supetão. O alvo era um ex-namorado de tempos atrás da paramédica, suspeito de vender medicamentos controlados. As investigações posteriores provaram que nada de errado jamais fora conduzido na casa de Breonna, que nem sabia da situação e nada de culpada tinha em casa ou na história. Ela e o suspeito, Jamarcus Glover, tinham terminado o relacionamento meses antes.

Lewis Hamilton, Mercedes, Fórmula 1
No GP da Toscana, Hamilton fez novo protesto com camiseta ‘prendam os policiais que mataram Breonna Taylor’ (Foto: Reprodução)

Os policiais não apenas entraram na casa, mas nem sequer se anunciaram como policiais, o que fez o namorado de Taylor, Kenneth Walker, que dormia ao lado dela, acreditar que se tratava de invasores. Pegou, então, uma arma – registrada e legal -, e fez com que os policiais atirassem 20 vezes na direção dele. Segundo testemunhas anônimas no local, um dos policiais estava do lado de fora da casa e atirou por uma janela que tinha cortina fechada – sem qualquer visão do local, portanto. Breonna Taylor estava dormindo e foi atingida oito vezes. Morreu na hora.

A acusação foi de “total desrespeito com a vida humana”, uma vez que nada havia contra Breonna Taylor e, mesmo assim, sua casa foi invadida de forma silenciosa como se tratasse de busca a um assassino perigoso. O número de tiros em direção também foi flagrante. A autópsia de Taylor aponta que a morte foi homicídio.

Pouco depois, o chefe da polícia de Louisville, Steve Conrad, anunciou que se aposentaria no fim do mês de junho, acuado pelas críticas. Entretanto, antes disso, foi demitido após outro homem preto, David McAtee, ser assassinado pela Guarda Nacional do Kentucky em Louisville durante manifestações pacíficas pela morte de Taylor e Floyd. Os mandados policiais que não exigem manifestação prévia foram suspensos pela prefeitura da cidade.

Os três policiais responsáveis pela batida e morte? Jonathan Mattingly, Brett Hankison e Myles Cosgrove foram colocados em reatribuição administrativa. A corregedoria local e a polícia federal investigam o caso, mas nenhum dos três foi demitido e, muito menos, preso.

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