“Jamais fez sentido”: Réu por sequestro de sogra de Ecclestone acusa família pelo crime

Jorge Eurico da Silva Faria, acusado de ser mandante do sequestro da sogra de Bernie Ecclestone, deu nova entrevista diretamente da prisão, onde tem vivido nos dois últimos anos. Em suas declarações, deixou claro acreditar que a família está por trás do caso

O caso do sequestro de Aparecida Schunk Flosi Palmeira, mãe de Fabiana Flosi, esposa de Bernie Ecclestone, e que ocorreu em 2016, ganhou um novo capítulo. O diário britânico ‘Daily Mirror’ publicou uma entrevista com Jorge Eurico da Silva Faria, atualmente preso acusado de ser o mandante do crime. Em suas declarações, o piloto de helicóptero afirmou que todo o caso não passou de um plano interno da família.
 
Antes de passar seus dias na penitenciária de Itaí, pequena cidade de pouco mais de 20 mil habitantes no interior de São Paulo, onde viveu nos últimos dois anos, Jorge Eurico foi piloto de helicóptero por 22 anos e tinha o cargo de ex-presidente da Associação Brasileira de Pilotos de Helicóptero (Abraphe). Entre os grandes nomes que transportou estão Pelé, Sebastian Vettel, Ayrton Senna, dentre tantos outras personalidades ilustres.
 
Faria, que pretende fazer uma apelação de sua sentença de 14 anos e quatro meses de prisão, deixou claro que acredita que tudo não se passou de um plano da família, acusando Fabiana Flosi, filha da vítima e esposa de Bernie, como responsável pelo sequestro.
 
“Não há dúvida sobre quem estava por trás disso tudo. Quando você olha para a evidência, nada disso acrescenta. Acredito que Fabiana e sua família estão por trás disso. Todo o sequestro, ou as evidências, jamais fez sentido”, afirmou.
Aparecida Schunck e a filha, Fabiana Flosi, em Interlagos (Foto: Reprodução/Facebook)

“Essa gangue, que supostamente eram homens rudes e capazes de matar, agiu mais como caras gentis. Não teve armas. Ela foi encaminhada até a farmácia antes de ser levada para casa para pegar uma receita”, seguiu.
 

“Seus sequestradores trouxeram toda a comida que ela quis, até McDonalds. Eles a mantiveram em um local em que as pessoas passavam. Por que ela não gritou? Os vizinhos disseram que a viram varrendo o chão. Dificilmente essa é a ação de uma gangue perigosa”, completou.
 
Nove dias após ter sido levada de sua casa no bairro Jardim Santa Helena, em São Paulo, Aparecida foi resgatada pelos policiais. Entretanto, Faria atentou ao fato que antes mesmo do caso ter se tornado público e conhecido, Fabiana já havia apontado aos policiais que ele era o principal suspeito.
 
“Quando o primeiro e-mail de resgate foi enviado para a Fabiana, ela estava na Hungria. Pedia por três helicópteros para realizar o resgate. Os sequestradores usaram uma frase em português para o sinal dos helicópteros, e como falo português, ela achou que fui eu”, explicou.
 
“Ela sabia que eu havia sido acusado de pegar um helicóptero antes sem consentimento, o que não é verdade, mas ela começou a apontar o dedo para mim. Antes de tudo começar a ser noticiado, recebi uma mensagem no Facebook no sábado de manhã perguntando se sabia de algo sobre o caso”, continuou.
 
“Não havia ouvido nada. Como poderiam saber que eu conhecia a família? Fiquei me perguntando isso. Falei com Fernanda [irmã de Fabiana] para dizer a ela e perguntar se deveria ir para a polícia. Ela disse que não ouviu nada e me disse para não falar nada. Não fazia sentido. De acordo com meus advogados, ela mandou um e-mail quando Fabiana estava no GP da Hungria, na sexta-feira, dizendo que havia sido sequestrada e que não deveria envolver a polícia. O e-mail foi enviado 1h30 antes de ela ter sido realmente sequestrada”, emendou.
Jorge Eurico da Silva Faria  (Foto: Reprodução/Facebook)
Faria, ex-campeão de hipismo, conhecia Fabiana desde antes dela se casar com Ecclestone. Entretanto, o ex-piloto apontou um episódio em que a amizade acabou indo por água abaixo. “Conheço dois lados da Fabiana. Antes de se casar, ela era humilde. Depois que se tornou rica, pensou que poderia comprar qualquer coisa que quisesse”, pontuou.
 
“O ponto de virada veio quando levou seu cachorro para o Reino Unido. Eu a levei para o aeroporto, onde ela pegaria um voo privado. Ela deixou sua bagagem no helicóptero para conferirem seu passaporte. Uma de suas malas começou a latir. Percebi que tinha um cachorro dentro, seu Yorkshire. Falei para Fabiana que era errado. Ela não gostou de ser confrontada, e após aquilo nunca mais trabalhei para ela. Eu a chamava de amiga, sua irmã me convidou para o casamento”, concluiu.
 
Pai de quatro filhos, Faria era dono de empresas de segurança e limpeza de aeroportos, mas declarou que agora sua família está quase sem dinheiro.
 
Sobre o caso, Ecclestone afirmou que “ele está fazendo o que pode para se livrar. Tenho 100% de confiança no trabalho da polícia. Fiquei muito, muito impressionado. Me deu muita confiança no Brasil. Você não pode culpar o cara. Está fazendo o que pode para se livrar, ou se mudar para outra prisão. Não há dúvidas de que ela foi sequestrada”.
Bernie Ecclestone e Fabiana Flosi (Foto: AFP)
Como se deu o sequestro da sogra de Ecclestone
 
O GRANDE PRÊMIO confirmou o crime depois que a revista 'Veja' trouxe à tona o caso. Fontes policiais informaram que a história começara de fato na sexta-feira anterior com a invasão da casa de Aparecida no bairro de Interlagos — portanto, em uma casa de alto padrão próximo ao autódromo — e que o grupo de criminosos deixou um bilhete no local com o seguinte pedido: € 28 milhões — cerca de R$ 100 milhões, e não R$ 120 milhões, como fora informado — que deveriam ser divididos em quatro sacolas.
 
Durante o fim de semana, os sequestradores utilizaram o cartão de crédito da mãe de Fabiana e permitiram que a polícia pudesse rastrear o paradeiro, além de averiguar que se tratava de um grupo sem experiência neste tipo de ação
 
Aparecida foi resgatada pela Divisão Anti-Sequestro de São Paulo na noite do domingo, após ficar nove dias em poder dos sequestradores. A Divisão Anti-Sequestro de São Paulo confirmou a libertação após tomar conhecimento do local do cativeiro de Aparecida. A idosa havia sido levada para Cotia, na região metropolitana de São Paulo. Durante o processo de resgate, dois sequestradores foram presos. 
 
Depois, foi a vez da polícia ir atrás de Jorge Faria, já apontado como o mandante do crime e com o nome ligado em um caso de aeronave furtada que transportava drogas. Duas semanas após o fim do sequestro, os dois considerados responsáveis pelo transporte de Aparecida foram presos. Durante o sequestro, os mandantes enviaram para Fabiana vídeos de decapitação e ameaçaram fazer o mesmo com Aparecida caso o resgate não fosse pago.

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