Norris freia reação da Ferrari, vence em Abu Dhabi e dá título de Construtores à McLaren 

Lando Norris controlou o GP de Abu Dhabi desde a largada, e isso foi o bastante para neutralizar a impressionante recuperação da Ferrari, que terminou em segundo e terceiro com Carlos Sainz e Charles Leclerc

Não foi por falta de luta — e a Ferrari lutou como poucas vezes antes na temporada 2024 da Fórmula 1 —, mas bastou a vitória de Lando Norris no GP de Abu Dhabi deste domingo (8) para sacramentar o retorno da McLaren ao topo da categoria. Seguro na largada, controlou muito bem a vantagem para Carlos Sainz até receber a bandeira quadriculada. Charles Leclerc, em incrível recuperação, terminou em terceiro.

Não é novidade que a pista de Yas Marina peca consideravelmente no quesito emoção. Embora com boas disputas, a corrida resumiu-se à largada, já que os lances que decidiram a prova aconteceram ali, na primeira curva.

Primeiro, Max Verstappen fez mais pela Ferrari do que qualquer um dos dois pilotos fizeram ao longo do ano e acertou Oscar Piastri, tirando-o de jogada. Leclerc, por sua vez, conseguiu a façanha de saltar de 19º para oitavo ao escapar do auê e ligar o modo ataque total até chegar a um impressionante pódio.

Só que nada disso foi suficiente, já que uma simples vitória bastaria para os papaias deixarem Abu Dhabi com o título no Mundial de Construtores. E foi o que aconteceu, pois Norris não deu a menor abertura e fez valer a superioridade que o MCL38 apresentou desde o GP de Miami. Ainda assim, um trabalho louvável dos italianos, que chegaram para a decisão com 21 pontos de desvantagem e conseguiram colocar pressão sobre a rival até o fim.

O resultado, portanto, tira a McLaren de uma fila que já durava 26, desde o título em 1998, quando Mika Häkkinen e David Coulthard eram os titulares. Piastri ainda conseguiu entrar na zona de pontos a quatro voltas do fim.

Agora, menção a Hamilton: em sua corrida de despedida da Mercedes, apostou no stint longo com os pneus duros no início e ultrapassou George Russell nas últimas curvas da volta final, terminando em quarto. Uma bela despedida.

E o top-10 da última corrida da temporada ficou assim: Norris, Sainz, Leclerc, Hamilton, Russell, Verstappen, Pierre Gasly, Nico Hülkenberg, Fernando Alonso e Piastri.

A Fórmula 1 retorna já semana que vem, com os testes de jovens pilotos e de pneus da Pirelli, também em Abu Dhabi.

Inscreva-se nos dois canais do GRANDE PRÊMIO no YouTube: GP | GP2
LEIA TAMBÉM: McLaren quebra jejum de títulos, mas tem de saber que 2024 poderia ter sido bem maior

A largada do GP de Abu Dhabi (Vídeo: Reprodução/F1)

Confira como foi a corrida em Yas Marina:

Com uma primeira fila toda laranja, os pilotos largaram com 27°C de temperatura ambiente, asfalto em 32°C e umidade relativa do ar em 48%. As mensagens de agradecimento, aliás, já começaram pelo rádio na volta de apresentação — primeiro Colapinto, dizendo que a Williams o fez “viver um sonho”, depois Bottas, agradecendo à Sauber pela jornada.

Havia, no entanto, um campeonato a ser decidido ainda, e a vida não seria nada fácil para a Ferrari dali para frente. Sainz ainda arrancou o terceiro lugar no grid, mas Leclerc, punido em dez posições, teve de alinhar somente em 19º depois de cair no Q3. Frédéric Vasseur avisou: seria muito difícil.

Mas não impossível, ele também enfatizou, e quando as luzes se apagaram, simplesmente Piastri se enroscou com Verstappen e despencou para o último lugar. Norris, por sua vez, manteve a ponta, mas agora com Sainz em segundo. Leclerc, em contrapartida, já saltava para oitavo, em recuperação ímpar na primeira volta.

Destaque também para excelente começo de Hülkenberg, saltando para o quinto posto. E sem grandes novidades, Pérez rodou em toque com Bottas — punido depois em 10s pelo lance —, o que causou o acionamento do safety-car virtual, que durou até o final do giro 3.

Assim que a direção de prova tirou o VSC da corrida, Norris reagiu rápido, ao contrário de Sainz, que viu o britânico abrir rapidamente mais de 2s e ainda teve de conter o avanço de Russell e Gasly, que duelavam pelo terceiro posto. O piloto da Alpine, inclusive, sustentava bravamente a posição, enquanto Sainz tentava recuperar terreno.

A rodada de Pérez em lance com Bottas (Vídeo: Reprodução/DAZN)

O replay da largada trouxe dimensão melhor do que havia acontecido, e, dessa vez, não teve como não concordar com a direção de prova, que puniu Verstappen em 10s pela batida em Piastri. “Manobra de campeão do mundo”, ironizou o #81, que precisou ir para os boxes trocar a asa dianteira. Já Max considerou a barbeiragem como “muito azar”.

A rodada de Pérez também abriu uma avenida na frente de Leclerc, que passou em uma única curva cinco carros de uma só vez. “Somos oitavo”, disse a equipe, e o monegasco comemorou.

Volta 9, Piastri viu a corrida morrer de vez ao tomar 10s por encher a traseira de Colapinto quando disputava posição no fundo do grid. Na frente, Leclerc já deixava Verstappen para trás e mirava em Alonso, há poucos décimos de distância. E a ultrapassagem veio depois da curva 1, no fim da reta.

Volta 11, Norris liderava, com Sainz em segundo a 3s4 de desvantagem. Gasly Russell e Hülkenberg eram os carros entre o espanhol e Leclerc, mas a vitória já deixava os ingleses com o título dos Construtores. Naquele instante, os dois times apareciam com 26 pontos, mantendo, portanto, a diferença em 21.

Mas era só o primeiro quinto de uma longa corrida pela frente, e Leclerc, ligado no 220 volts, passou Hülkenberg em belo movimento. A Haas, então, chamou o alemão para os boxes, e Alonso também efetuou a troca obrigatória. Em seguida, a Alpine chamou Piastri para neutralizar um possível undercut.

Enquanto isso, Leclerc se aproximava cada vez mais de Russell, mas passou umas boas voltas limitado pelo ritmo do W15 #63. Na frente, Sainz via Norris 3s9 na frente, situação que ainda deixava a McLaren com o título assegurado.

A Ferrari, então, trouxe Leclerc para os boxes na volta 21, e agora era atingir o mais rapidamente possível a janela de temperatura ideal com os pneus duros para recuperar a posição perdida para Gasly — que parara antes. Havia também Russell na pista, portanto a única chance de Charles era manter o ritmo no mesmo nível do stint inicial.

Carlos Sainz terminou em segundo (Foto: Ferrari)

Volta 23, Tsunoda e Doohan entraram para realizar a troca obrigatória. Depois da ida de Lawson aos boxes, apenas os cinco primeiros — Norris, Sainz, Russell, Verstappen e Hamilton — mantinham-se na corrida com os pneus da largada. Destes, somente Lewis calçava os médios.

Enquanto Lawson retornava ao pit-lane por conta de uma roda mal colocada, Sainz entrou na volta 26, e a Ferrari fez uma troca em 2s2. A McLaren não quis saber de riscos e deu a ordem para Norris entrar no giro seguinte. O time, então, foi 0s2 mais rápido que os italianos, devolvendo-o à liderança.

“Agora é o plano C”, disse o engenheiro de Leclerc, mas ele alertou que se tratava de uma tática “um pouco otimista”. Na volta 30, Verstappen entrou nos boxes e cumpriu os 10s antes da troca, voltando em 11º. Hamilton, portanto, era o único resistente.

De repente, Bottas surgiu na pista com a frente do carro completamente capenga, e não demorou para a transmissão recuperar o instante em que ele deu no meio de Magnussen. Volta 33, e Piastri serviu os 10s nos pits.

Hamilton finalmente colocou os pneus médios na volta 35 e voltou em sétimo. Até então, as posições de pista eram as seguintes: Norris, Sainz, Leclerc, Russell, Gasly, Hülkenberg, Hamilton, Verstappen, Alonso e Albon completando o top-10. A surpresa era Magnussen, em 16º, com a volta mais rápida, e tudo porque a Haas resolveu calçá-lo com os macios depois do incidente com Bottas — detalhe, era de Leclerc o ponto extra até então, e os americanos são clientes da Ferrari.

Sem o tento da volta mais rápida em jogo, as posições pista davam o título à McLaren, mas o jogo virou com força para a Ferrari, que passou apenas a depender de uma ultrapassagem de Carlos sobre o #4 para sacramentar um título completamente improvável.

Com dez voltas para o final, a diferença entre Norris e Sainz era de 5s7. Leclerc vinha 21s distantes atrás da dupla, enquanto Piastri se via em uma luta inglória contra Tsunoda pelo 11º lugar. Nesse pega, aliás, o australiano quase trouxe um ‘revival’ da final em 2021 ao perder o controle do carro, mas evitar a batida.

A quatro giros do fim, Piastri tanto fez que entrou na zona de pontos ao ultrapassar Albon. Enquanto isso, Hamilton, de médios, tentava buscar Russell a todo custo para encerrar a vitoriosa passagem pela Mercedes com um quarto lugar. Na última volta, a distância entre os dois era menos de 1s, mas a bandeira amarela localizada no setor 2 causada por escapada de Lawson brecou um pouco do ímpeto. Mesmo assim, quando a pista foi liberada, Lewis partiu para o tudo ou nada, e a luta valeu uma belíssima ultrapassagem de despedida.

F1 2024, GP de Abu Dhabi, Yas Marina, Final:

1L NORRISMcLaren Mercedes58 voltas
2C SAINZFerrari+5.832
3C LECLERCFerrari+31.928
4L HAMILTONMercedes+36.483
5G RUSSELLMercedes+37.538
6M VERSTAPPENRed Bull Honda+49.847
7P GASLYAlpine+72.560
8N HÜLKENBERGHaas Ferrari+75.554
9F ALONSOAston Martin Mercedes+82.373
10O PIASTRIMcLaren Mercedes+83.821
11A ALBONWilliams Mercedes+1 volta
12Y TSUNODARB Honda+1 volta
13G ZHOUSauber Ferrari+1 volta
14L STROLLAston Martin Mercedes+1 volta
15J DOOHANAlpine+1 volta
16K MAGNUSSENHaas Ferrari+1 volta
 L LAWSONRB HondaNC
 V BOTTASSauber FerrariNC
 F COLAPINTOWilliams MercedesNC
 S PÉREZRed Bull HondaNC
Chamada Chefão GP Chamada Chefão GP 🏁 O GRANDE PRÊMIO agora está no Comunidades WhatsApp. Clique aqui para participar e receber as notícias da Fórmula 1 direto no seu celular! Acesse as versões em espanhol e português-PT do GRANDE PRÊMIO, além dos parceiros Nosso Palestra e Teleguiado.