Norris se salva após desmonte na largada, passa Verstappen e vence GP dos Países Baixos
Lando Norris abriu a segunda parte da Fórmula 1 2024 com uma atuação voadora, que só não foi perfeita por nova largada terrível. A McLaren levou o GP dos Países Baixos com ares de imbatível
Há um novo xerife na Fórmula 1. Um xerife que dá expediente direto da cidade inglesa de Woking, na Inglaterra, e veste roupas laranjas em vez das tradicionais de cor preta metidas a moralizadoras. Nada de estrela, mas, sim, uma logomarca no formato de um bumerangue. O GP dos Países Baixos deste domingo (25) mostrou faceta há tão pouco quase impensável no campeonato. Pela primeira vez, a McLaren era evidentemente inalcançável se bem conduzida, e assim foi. Lando Norris sobrou, sumiu e ganhou com um caminhão de vantagem para Max Verstappen, na casa do grande rival, em Zandvoort. Bem-vindos a uma nova F1!
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Norris não teve um dia perfeito. A largada, calcanhar de Aqueles tão gritante, voltou a atacar. Lando teve partida verdadeiramente tenebrosa e saiu do colchete já superado por Verstappen, que se apressou em abrir 1s e sair da zona de DRS. Foi um esforço nobre, mas praticamente inútil. Norris juntou forças, reagrupou e partiu para cima. Após pouco mais de uma dezena de voltas, atacou, tomou de volta a ponta e abriu cerca de 20s para Max. Uma vitória acachapante e que ainda terminou com a volta mais rápida.
A força de Norris foi ainda mais impressionante quando comparada às dificuldades de Oscar Piastri. Não que o australiano tenha tido o pior dos dias, mas jamais ensejou brigar com Verstappen. Mais ainda do que isso, ficou preso atrás de um Charles Leclerc em dia notável. Assim, Leclerc levou a Ferrari de volta ao pódio, com Piastri em quarto.
Carlos Sainz foi o quinto colocado num esforço também importante após a eliminação no Q2 da classificação do sábado. Sergio Pérez ficou com o sexto posto, enquanto George Russell e Lewis Hamilton apareceram em seguida. Pierre Gasly e Fernando Alonso completaram a zona de pontos.
A Fórmula 1 volta já na semana que vem, entre os dias 30 de agosto a 1º de setembro, com o GP da Itália, direto de Monza.
Confira como foi o GP dos Países Baixos de F1:
Agora, sim: F1 de volta. Após dois dias de preparação, o grid alinhou para largar pela primeira vez em um mês. O GP dos Países Baixos chegava com ameaça de chuva nula, muito distante daquela que brindou o traçado nos dias anteriores. A temperatura ambiente era de 19°C, com o asfalto em 60°C. Os ventos permaneciam fortes, mas nem tanto quanto nos treinos e na classificação. As rajadas chegariam no máximo a 40 km/h, com média pouco acima de 30 km/h.
As definições do ponto de vista de estratégia de pneus variavam. Sobretudo para os primeiros colocados, pneus médios eram o óbvio. Assim decidiram Lando Norris, Max Verstappen, Oscar Piastri, George Russell, Sergio Pérez, Charles Leclerc, Fernando Alonso, Pierre Gasly, Lance Stroll, Carlos Sainz e Nico Hülkenberg. Além deles, Daniel Ricciardo, Esteban Ocon, Alexander Albon, Logan Sargeant e Guanyu Zhou. Já os macios apareciam apenas nos carros Lewis Hamilton, Yuki Tsunoda e Valtteri Bottas. Kevin Magnussen, partindo do pit-lane após mexer na unidade de força, usava pneus duros.
Todos os olhos estavam no mesmo lugar para a largada: no duelo dos líderes. Não é incomum que seja assim, claro, mas o duelo era especialmente atraente num momento em que até a McLaren já fala sobre os defeitos graves das largadas de Norris, que não consegue manter a posição, sobretudo na frente de Verstappen.
E a decepção se pôs de tamanho gigantesco para a McLaren na largada. Norris sequer chegou à primeira curva com a liderança. Patinou na partida e foi imediatamente engolido por Verstappen, que sequer pareceu fazer largada excepcional para tanto. Não precisou. O básico bastou para mandar às favas um rival incapaz de largar de maneira aceitável.
Piastri, atrás do companheiro, também patinou e perdeu posição para Russell, enquanto Leclerc deixou Pérez para trás. O momento da troca de liderança já tinha cara de decisivo numa corrida onde as ultrapassagens são escassas. Russell virava a primeira volta em terceiro, seguido por Piastri, Leclerc, Pérez, Gasly, Alonso, Sainz e Stroll no top-10. Hamilton ganhava duas posições e aparecia em 12º.
Quase que de imediato, Verstappen abriu e tirou Norris da zona de DRS. Mas não abriu muito: a diferença ficava entre 1s2 e 1s5. Piastri também perdeu contato com Russell e já deixou de ter a chance de atacar. Enquanto isso, bem mais atrás, Magnussen desfilava pela brita ao cometer um carro na primeira curva. Nada grave, porém.
Sainz estava em missão para fazer valer a Ferrari que tinha nas mãos. Sem perder muito tempo, mergulhou para ultrapassar Alonso e, pouco depois, evitou negociar com Gasly e já foi se esgueirando para tomar a sétima colocação. O rival da frente passava a ser Pérez. Hamilton também acelerava e deixava Hülkenberg para trás, mas reclamava no rádio da Mercedes. “Sou lento demais nas retas”, disse. Mesmo assim, não demorou para passar Stroll e entrar na tabela de pontuação.
Na 13ª de 72 voltas, Norris voltava a entrar na zona de DRS e ficava a menos de 1s de Verstappen. A McLaren aproveitava para conversar com os pilotos sobre estratégia. Tanto Norris quanto Piastri preferiram seguir no ‘plano A’ em vez de mudar para o ‘B’. O que era cada plano fica na cabeça de cada leitor.
Verstappen mostrava o primeiro indício de incômodo. “O carro não vira na curva dez”, relatava. E Albon inaugurava a janela de pit-stops, aproveitando para colocar pneus duros. Na volta seguinte, Bottas também pararia para apostar nos duros. A segunda volta de Albon com os pneus duros se tornava a melhor da prova, mostrando a força da borracha de faixa branca.
Norris tirava violentamente a diferença construída pelo tricampeão. Na 17ª volta, sacava cerca de 0s6 e aparecia grudado no rival. Não deu para passar na primeira tentativa, Max até abriu 0s5 de novo, mas durou somente até a próxima passagem pela reta dos boxes. Aí, Norris, de maneira inapelável, mergulhou e tomou a liderança. Verstappen até considerou fechar a porta, mas o rápido movimento de Lando junto do desgaste de pneus da Red Bull falaram mais alto.
Uma pilhada McLaren seguia em conversas frequentes sobre estratégia. Queria saber de Norris como estavam os pneus e ouviu que estava tudo bem. A resposta foi que a Red Bull talvez tentasse o undercut, mas se assim fosse ainda estava tudo bem. O novo líder aproveitava para abrir vantagem e se distanciar em mais de 2s.
Enquanto isso, o outro piloto de carro laranja estava ameaçado. Leclerc grudava na traseira dele e buscava maneira de tomar a quarta colocação, mas desistiu após duas voltas e resolveu parar nos boxes, algo que Hamilton havia feito pouco antes e Russell faria na volta seguinte, a de número 26.
“Não consigo ir mais rápido que isso”, avisava Verstappen no rádio. A diferença disparava com Norris indo embora para mais de 5s. A McLaren tentava enganar a rival e projetar parte da equipe de mecânicos na boca nos boxes para ver se induzia a Red Bull a chamar, mas não aconteceu. Os dois continuavam na pista.
A Red Bull chamou Verstappen na volta 28, fez boa parada e mandou o líder do campeonato de volta à pista. Restava saber o que faria a McLaren, mas tinha de agir logo, uma vez que os pneus duros rendiam ritmo claramente melhor que os médios. Assim foi. Uma volta depois, parou também. A parada foi 0s6 mais lenta que a de Max, mas tinha tempo de sobra e ainda tinha mais de 2s de dianteira.
Ainda sem parar, Piastri liderava e tinha Pérez e Sainz como companhia nas três primeiras colocações. Norris e Verstappen eram quarto e quinto, ao passo que os outros pilotos de carros mais velozes que já tinham parado apareciam mais atrás ultrapassando gente que ainda estava com os pneus da largada. Hamilton tirou Ocon, enquanto Leclerc passou Gasly, por exemplo.
Pérez e Sainz entraram nas duas voltas posteriores. ‘Checo’ teve parada bem lenta, 2s pior que a de Verstappen, enquanto Carlos já estava pressionado por Norris e resolveu entrar. Os dois voltaram lado a lado, mas com Sainz grudado em Pérez.
Norris voava pela pista e cravava 1min14s476 para assumir o posto de dono da melhor volta da corrida até então. Entre as voltas 32 e 33, pararam Alonso, Gasly e Tsunoda, fazendo com que Piastri se tornasse o único piloto ainda sem parar na pista. O pit-stop, porém, viria no giro seguinte. Com pouco menos de metade da corrida, portanto, a janela de paradas estava completa.
A parada de Piastri foi a mais rápida da pista, apenas 2s4, mas a estratégia era para lá de duvidosa. Oscar retornou em quinto, atrás de Leclerc e Russell. A única redenção possível seria uma reposta de médio prazo. Com Norris, porém, tudo certo. A diferença entre líder e vice disparava para mais de 8s.
Duas questões ficavam da janela de pit-stops: incidente observado com Gasly e a Alpine, que se enrolaram no momento de sair, e Stroll, por exceder o limite de velocidade. Os resultados de ambas saíram rapidamente e foram bastante diferentes: sem investigação para Pierre e punição de 5s para Lance.
O que mais chamava a atenção era Albon, que largou do pit-lane e aparecia na 11ª colocação. A briga pelo décimo lugar, porém, era generalizado. Magnussen entrou numa espiral negativa com pneus duros desgastados e acabou ultrapassado em massa, com três carros lado e lado e cinco dividindo a curva. Além dele e de Albon, Alonso, Gasly e Stroll também envolvidos. “Isso foi muito perigoso”, reclamou Alex.
Piastri ganhava velocidade e partia para atacar Russell, que nada tinha para evitar de ser passado. Leclerc era o próximo e a expectativa era de que chegasse em quatro voltas.
Com 30 giros para o fim, o top-10 tinha Norris, Verstappen, Leclerc, Piastri, Russell, Pérez, Sainz, Hamilton, Hülkenberg e Gasly.
Mas as mudanças no top-10 ainda viriam – e logo. Sainz foi para cima de Pérez e, após uma tentativa de ensaio, passou por fora e assumiu a sexta colocação. Piloto da outra Ferrari, Leclerc tentava segurar a posição de pódio, mas a pressão de Piastri era forte. Mesmo assim, Charles fazia valer a habilidade dele para segurar pelas voltas seguintes.
Hamilton estava isolado na oitava colocação, muito longe de quem vinha atrás ou na frente. Assim, resolveu parar nos boxes novamente e colocar pneus macios para garantir um ponto mais da melhor volta. E logo fez a melhor volta, de fato.
As mudanças ainda apareciam no top-10. Gasly tomou a nona posição de Hülkenberg, que perdia ritmo nas voltas finais. Pouco depois, Alonso também passou e tirou o futuro ás da Audi da tabela de pontos. Enquanto isso, a Mercedes resolveu também parar Russell, que começava a perder ritmo em relação a Pérez e sofria pressão forte de Sainz. George caía para o sétimo posto, mas, de pneus macios, tentaria remar novamente para alcançar ao menos o rival da Red Bull.
Atualização sobre Norris? O líder da corrida era cada vez mais líder e aproximava dos 20s de frente nas sete voltas finais. Em contraste, o ímpeto de Piastri havia acabado, e Leclerc ganhava refresco para caminhar rumo ao pódio.
Foi assim que a corrida partiu para a volta final. Norris não quis saber de desfilar e contornou o traçado de Zandvoort com fome no 72º giro para alcançar a melhor volta da corrida, o ponto extra e a vantagem de 22s896 para Verstappen. Leclerc completou o pódio. Vitória de manual para Lando, que não ganhava desde Miami.
F1 2024, GP dos Países Baixos, Zandvoort, Resultado Final:
1 | L NORRIS | McLaren Mercedes | 72 voltas |
2 | M VERSTAPPEN | Red Bull RBPT Honda | + 22.896 |
3 | C LECLERC | Ferrari | + 25.439 |
4 | O PIASTRI | McLaren Mercedes | + 27.337 |
5 | C SAINZ | Ferrari | + 32.137 |
6 | S PÉREZ | Red Bull RBPT Honda | + 39.542 |
7 | G RUSSELL | Mercedes | + 44.617 |
8 | L HAMILTON | Mercedes | + 49.599 |
9 | P GASLY | Alpine | + 1 volta |
10 | F ALONSO | Aston Martin Mercedes | + 1 volta |
11 | N HÜLKENBERG | Haas Ferrari | + 1 volta |
12 | D RICCIARDO | RB Honda | + 1 volta |
13 | L STROLL | Aston Martin Mercedes | + 1 volta |
14 | A ALBON | Williams Mercedes | + 1 volta |
15 | E OCON | Alpine | + 1 volta |
16 | L SARGEANT | Williams Mercedes | + 1 volta |
17 | Y TSUNODA | RB Honda | + 1 volta |
18 | K MAGNUSSEN | Haas Ferrari | + 1 volta |
19 | V BOTTAS | Sauber Ferrari | + 2 voltas |
20 | G ZHOU | Sauber Ferrari | + 2 voltas |