Hamilton vê Russell reprovar em inspeção técnica e herda vitória do GP da Bélgica
Foi uma performance brilhante de George Russell, mas a reprovação na inspeção técnica por conta do carro abaixo do peso mínimo exigido deu a vitória do GP da Bélgica ao companheiro de Mercedes, Lewis Hamilton. Oscar Piastri e Charles Leclerc completaram o pódio
A festa grandiosa de George Russell após a performance heroica no GP da Bélgica deste domingo (28) durou pouco. Minutos depois da maiúscula vitória, o delegado da Federação Internacional de Automobilismo (FIA), Jo Bauer, emitiu documento informando que o carro do britânico estava 1,5 kg abaixo do peso mínimo determinado pelo regulamento técnico. O caso foi enviado aos comissários para deliberação, mas passou a ser questão de tempo até a notícia da desclassificação do #63, já que essa é a punição para infrações técnicas. Lewis Hamilton foi o vencedor.
Foi um duro golpe, já que a corrida em Spa-Francorchamps contrariou toda a lógica desde a pole-position de Charles Leclerc. A Mercedes, por sua vez, mostrou-se forte com Hamilton de repente favorito, mas totalmente surpreendido por um Russell que soube ler a corrida a ponto de sugerir a possibilidade de uma única parada. Tática arriscada, mas que deu certo.
Relacionadas
Só que nada disso valeu para as estatísticas oficiais da Fórmula 1 após a desclassificação. Hamilton, o segundo colocado, é quem terá o nome registrado como vencedor do GP da Bélgica de 2024, com Oscar Piastri e Leclerc completando o pódio.
Max Verstappen, em corrida de recuperação após largar em 11º, terminou oficialmente em quarto, com Lando Norris, Carlos Sainz, Sergio Pérez, Fernando Alonso, Esteban Ocon e Daniel Ricciardo completando o top-10.
A Fórmula 1 agora faz a tradicional pausa para as férias de verão na Europa e volta de 23 a 25 de agosto em Zandvoort, para a disputa do GP dos Países Baixos.
Inscreva-se nos dois canais do GRANDE PRÊMIO no YouTube: GP | GP2
LEIA TAMBÉM: Williams faz autopropaganda e vê chances de contratar Sainz “a nosso favor”
Confira como foi a corrida da F1 em Spa-Francorchamps:
Com chance zero de chuva depois de uma classificação disputada em pista molhada, a Fórmula 1 alinhou para a disputa das 44 voltas da corrida belga com 21°C de temperatura ambiente, 40°C de asfalto e umidade relativa do ar em 52%. O cenário, na verdade, já era esperado, tanto que a McLaren apostou no acerto para pista seca, surgindo favorita mesmo partindo de quarto e quinto com Norris e Piastri, respectivamente.
À frente dos carros laranjas, três pilotos que apostaram alto na classificação para embaralhar a disputa, Hamilton, Pérez e Leclerc — o monegasco, aliás, em uma pole surpreendente, longe de ter nas mãos o carro ideal para o veloz circuito de Spa.
Era de se esperar, portanto, que Leclerc resistisse pouco na liderança ao apagar da luzes, mas o #16 foi combativo e segurou a liderança de início, enquanto Pérez teve de se defender de um ousado Hamilton na freada da La Source. O #44, no entanto, saiu melhor e completou o movimento na subida da Eau Rouge. Já Piastri seguiu a linha de Hamilton e prevaleceu sobre Norris, que ainda colocou a roda na brita e despencou para sétimo.
Cumprindo o script, Verstappen fechou o primeiro giro no top-10 e conquistou mais duas posições na sequência. Na abertura da volta 3, tinha Norris agora na alça de mira, ao mesmo tempo que Hamilton se valia do carro muito melhor que o de Leclerc e assumia a liderança com facilidade na Kemmel.
Até então, o top-10 era formado por Hamilton, Leclerc, Pérez, Piastri, Russell, Sainz, Norris, Verstappen, Alonso e Albon. Destes, apenas Sainz havia apostado nos duros para o primeiro stint, enquanto o demais calçaram os médios, seguindo a estratégia convencional da Pirelli.
Piastri, então, mostrou o bico do carro para Pérez, porém o mexicano conseguiu escapar o suficiente para impedir o australiano de usar do DRS. Leclerc, por sua vez, resistia em segundo, não deixando Hamilton escapar muito e também bloqueando uma eventual aproximação do #11 da Red Bull.
Na turma do fundão, fim de prova para Guanyu Zhou, aparentemente por problema hidráulico, enquanto Nico Hülkenberg partia para a primeira troca com apenas oito voltas completadas. Só que Alexander Albon, Daniel Ricciardo e Logan Sargeant também foram no embalo, dando indícios de um desgaste de pneus mais excessivo que o esperado.
Para Hamilton, contudo, a borracha ainda se comportava da forma esperada depois de dez voltas. Acontece que as trocas dos ponteiros começaram no giro seguinte, com Russell e Verstappen agora partindo para o segundo stint com os duros.
O líder Hamilton também se dirigiu para a primeira troca no final da volta 12 e foi a deixa para o movimento intenso nas garagens, com Pérez e Piastri seguindo o piloto da Mercedes. A Ferrari, então, assumiu momentaneamente a dobradinha, com Leclerc à frente de Sainz, porém o monegasco logo entrou e deixou o caminho livre para o companheiro de equipe experimentar o gosto da liderança.
Ao mesmo tempo, a disputa era ferrenha entre Pérez e Piastri pelo sexto lugar, com Russell também muito próximo. Por dentro na Kemmel, o #81 contornou a primeira perna da Les Combes com facilidade à frente do mexicano — que retornou para a segunda perna da prova também de médios, ao contrário dos principais adversários.
Dentro da previsão da Pirelli, a chamada de Norris para o pit-stop veio no final da volta 15, e o trabalho da McLaren foi digno: 2s3, bem melhor que o da Red Bull com Verstappen, por exemplo, só que o britânico tomou um undercut lógico de Max e ainda voltou 5s atrás.
Enquanto isso, Sainz, de duros e sem parada, seguia tranquilo na liderança e com um ritmo surpreendentemente bom, 5s7 à frente de Hamilton, que levava apenas 1s3 para Leclerc. Piastri, Pérez, Russll, Verstappen, Norris, Albon e Ricciardo fechavam momentaneamente o top-10.
Volta 20, e enfim Sainz parava, enquanto Hamilton reassumia a liderança. Na pista, em bela manobra, Russell mergulhava por fora na Kemmel e tomava o quarto posto de Pérez. E Verstappen, a 0s4 de distância, nem precisou fazer nenhum esforço, já que os taurinos chamaram o mexicano para a segunda troca, agora calçando-o com os duros para, teoricamente, ir até o fim.
A questão para o líder do Mundial é que Norris, de fato, conseguiu tirar na pista a desvantagem e entrou na detecção da asa móvel na volta 24. Só que a tentativa de ultrapassagem não foi tão simples assim, com Max usando e abusando da pilotagem defensiva, para desespero do #4.
Volta 26, e novo pit-stop para Leclerc, só que a parada em 3s4 dificultou a possibilidade de um undercut sobre Hamilton. A Mercedes, então, fez certinho e trouxe o heptacampeão para a segunda troca de pneus, em 2s4, devolvendo-o à pista ainda à frente de Charles.
Russell, então, com um pneu duro de 15 voltas, resolveu ousar ao cogitar a possibilidade de ir até o fim. Paralelo a isso, Sainz, com apenas sete giros completados com o segundo jogo, trouxe o carro novamente para os pits, assim como Verstappen. No realinhamento, oitava posição para o espanhol, logo atrás do taurino.
Volta 30, e Norris foi chamado para a segunda parada, retornando em sétimo, entre Verstappen e Sainz. Piastri, por sua vez, seguida na liderança, enquanto Pérez, sem qualquer cerimônia, abria para o companheiro seguir em busca de descontar o prejuízo.
Oscar entrou na volta 31, mas a parada quase foi um desastre porque o piloto chegou com muita sede ao pote e por pouco não atropelou o mecânico responsável por subir a frente do carro com o cavalete. Foram 4s4 perdidos, Piastri voltou atrás de Leclerc e com ritmo bom o bastante para entrar na briga pelo pódio.
Enquanto isso, a diferença entre Russell, na liderança, e Hamilton, em segundo, sustentava-se em 5s, até que o #44 começou a fazer o que já era esperado: descontar décimo por décimo até se colocar na zona de detecção da asa móvel a duas voltas do fim. E não foi por tentativa, mas era dia de Russell vencer de verdade, sem circunstâncias extras.
Belíssimo trabalho, portanto, do britânico, só que o piloto foi do céu ao inferno em minutos: reprovação na inspeção técnica por um erro assumido depois pela própria Mercedes e desclassificação natural. Cruel para quem contrariou todas as expectativas com uma pilotagem de alto nível.
F1 2024, Bélgica, Spa-Francorchamps, Final:
1 | L HAMILTON | Mercedes | 1:19:57.566 | 44 voltas |
2 | O PIASTRI | McLaren Mercedes | +0.647 | |
3 | C LECLERC | Ferrari | +8.023 | |
4 | M VERSTAPPEN | Red Bull RBPT Honda | +8.700 | |
5 | L NORRIS | McLaren Mercedes | +9.324 | |
6 | C SAINZ JR | Ferrari | +19.269 | |
7 | S PÉREZ | Red Bull RBPT Honda | +42.669 | |
8 | F ALONSO | Aston Martin Mercedes | +49.437 | |
9 | E OCON | Alpine | +52.026 | |
10 | D RICCIARDO | RB Honda | +54.400 | |
11 | L STROLL | Aston Martin Mercedes | +1:02.485 | |
12 | A ALBON | Williams Mercedes | +1:03.125 | |
13 | P GASLY | Alpine | +1:03.839 | |
14 | K MAGNUSSEN | Haas Ferrari | +1:06.125 | |
15 | V BOTTAS | Sauber Ferrari | +1:10.112 | |
16 | Y TSUNODA | RB Honda | +1:16.211 | |
17 | L SARGEANT | Williams Mercedes | +1:25.531 | |
18 | N HÜLKENBERG | Haas Ferrari | +1:28.307 | |
G ZHOU | Sauber Ferrari | NC | ||
G RUSSELL | Mercedes | Desclassificado |