A Toro Rosso nunca começa as temporadas da
Fórmula 1 como uma força a ser temida. Trata-se, afinal, de uma equipe que existe mais com a função de gerar talentos para a Red Bull do que para caminhar com pernas próprias. Isso fica evidente ao analisar o histórico de resultados, em que a equipe de Faenza não vai além do sétimo lugar no Mundial de Construtores desde 2008. Só que 2019 traz uma mudança de panorama: mesmo que os altos e baixos ainda sejam uma realidade, os bons momentos são suficiente para brigar de igual para igual com os pesos pesados do pelotão intermediário.
Os bons momentos da Toro Rosso falam por si. O GP da Alemanha foi dos sonhos, com Daniil Kvyat em terceiro e Alexander Albon em sexto. Isso já bastou para compensar etapas em que a equipe italiana tenha sido mera figurante, sofrendo para sequer lutar pelo top-10. Foram 43 pontos em 12 provas, suficiente para ficar em quinto no Mundial de Construtores. A McLaren, única equipe média melhor posicionada, já parece quase fora de alcance ao somar 82. Só que isso certamente não dá dor de cabeça para uma escuderia hoje melhor do que Renault, Alfa Romeo, Racing Point, Haas…
Essas três equipes citadas, ao menos no papel, tinham bons motivos para serem apontadas como mais fortes do que a Toro Rosso. A Renault tem investimento direto de fábrica; a Alfa Romeo é fruto de uma Sauber que evoluiu muito ao longo de 2018; a Racing Point tem em Lawrence Stroll um novo mecenas; a Haas chegou perto de ser a melhor do resto em 2018.
Daniil Kvyat foi uma grata surpresa no pódio (Foto: Getty Images/Red Bull Content Pool)
A Toro Rosso, quase como o irmão caçula que vai brincar com o mais velho porque a mãe mandou, foi para o jogo sem muitos pontos positivos. Talvez apenas um: o motor Honda, que já tinha dado sinais encorajadores em 2018. Para 2019, entretanto, existia o medo de que Faenza virasse um laboratório de experiências da Honda, buscando dar prioridade total à Red Bull. Não foi bem assim: além de o motor japonês mostrar evolução notável, a equipe B não saiu prejudicada.
Mesmo assim, seria desrespeitoso dizer que a boa posição da Toro Rosso no Mundial é consequência apenas de um bom motor. Na verdade, a equipe tem aquela que pode ser considerada sua melhor dupla desde Max Verstappen-Carlos Sainz Jr, que durou até o começo de 2016. Albon e Kvyat precisavam provar que mereciam a chance, e assim fizeram.
Daniil Kvyat e Alexander Albon: a dupla é boa, mas se desmanchou (Foto: Getty Images/Red Bull Content Pool)
Albon subiu da F2 como contratação de última hora para uma Toro Rosso que sofreu para fechar dupla. E foi um belo acerto: o tailandês pontuou em cinco de 12 corridas e evitou erros graves. A atuação na Alemanha, logo nas primeiras voltas com um F1 na chuva, foi um grande destaque e sinal positivo para o futuro. Kvyat, que já até tinha mostrado alguma velocidade, precisava mostrar que a cabeça tinha voltado ao lugar. Também o fez, com o pódio em Hockenheim selando o bom momento.
A grande interrogação é o que vem pela frente. A dupla acabou, com
Albon subindo para a Red Bull. Um Pierre Gasly psicologicamente abalado toma o lugar e traz clima de incerteza. É possível, ou até provável, que as chances de pontuar com os dois carros na mesma prova tenham uma queda sensível. Que não seja prenúncio de uma outra queda – no Mundial de Construtores.
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