É que tudo indica que a Red Bull agiu por impulso. O piloto que foi contratado pela Toro Rosso de forma reticente ao fim de 2018, depois até da enésima contratação de Daniil Kvyat, parece ter virado uma solução mágica em um piscar de olhos. Não que o tailandês não seja bom – muito pelo contrário. Só que a postura de antes não combina com a atual, quando Christian Horner e amigos precisaram dar um jeito de achar um tapa-buraco para Gasly.
No papel, Albon sobe para a Red Bull para fazer uma queda de braço com o próprio Gasly. A equipe vai comparar o rendimento dos dois antes de decidir quem vai acompanhar Max Verstappen em 2020. Na prática, é difícil fazer essa comparação de forma justa. É que Alex não vai ter nem de perto a mesma preparação de Pierre, que contou com uma pré-temporada inteira e abusou do simulador em Milton Keynes. Por mais que exista a chance real de o novo contratado ter mais velocidade, vai levar algum tempo até isso ser aproveitado ao limite.
Max Verstappen e Alexander Albon, agora companheiros de equipe (Foto: Reprodução/Twitter)
E aí Albon já fica mais pressionado, e de forma desnecessária. Isso enquanto seu principal parâmetro, Verstappen, vive a melhor fase da carreira. Um resultado negativo no GP da Bélgica já vai bastar para o carniceiro paddock da F1 traçar paralelos entre os novo e o velho segundo piloto. Que Alexander é a mesma coisa que Gasly, que a troca foi perda de tempo, que a Red Bull só tem um piloto de verdade…
Se a Red Bull tivesse esperado um pouco mais antes de subir Albon, a situação seria completamente diferente. Imagine um cenário em que a Red Bull, cansada de Gasly, sobe Kvyat como tapa-buraco no segundo semestre. Alexander teria tempo de sobra para fazer seguir aprendendo na Toro Rosso, gastar o simulador e ainda participar de testes reais. Não seria um cenário muito mais adequado do que ser tratado como o bombeiro do incêndio que ronda o outro lado da garagem da Red Bull?
Alexander Albon foi promovido, mas talvez cedo demais (Foto: Getty Images/Red Bull Content Pool)
Vale lembrar que, seguindo o rumo natural das coisas, Albon já teria chances de alcançar feitos grandiosos na F1. A parte mais difícil, que foi se destacar na F2 e deixar um destino de piloto da Nissan na Fórmula E para trilhar o rumo da F1, já foi cumprida. Com tempo, o tailandês poderia muito bem ser que a Red Bull quer. Um piloto competente e que, apesar de não ser tão espetacular quanto Verstappen, formaria uma dupla das mais fortes. Isso tudo agora entra no campo do imaginário: ninguém é capaz de afirmar que, dentro de seis meses, Alex ainda será cotado do mesmo jeito. O teste ao qual o tailandês foi exposto pode ser cruel demais.
No fim das contas, ainda é verdade que os grandes do tailandês conseguem se virar mesmo em condições adversas. Lewis Hamilton brigou por título no ano de estreia e Verstappen venceu o primeiro GP pela Red Bull. Só que talvez Albon não seja tão extraclasse assim – e não há nada de errado com isso. O que é errado é supor que todo mundo que veste o macacão da marca de energéticos tem a obrigação de estar pronto para o que der e vier. Com essa postura, quem acaba falhando e perdendo não são só os pilotos, e sim os imediatistas Christian Horner e Helmut Marko, novamente criando confusão onde não deveria ter.
Relacionado
🏁 O GRANDE PRÊMIO agora está no Comunidades WhatsApp. Clique aqui para participar e receber as notícias da Fórmula 1 direto no seu celular!
Acesse as versões em espanhol e português-PT do GRANDE PRÊMIO, além dos parceiros Nosso Palestra e Teleguiado.