Na Garagem: Senna opera ‘milagre’, segura Mansell e vence em Mônaco pela 5ª vez

Com uma McLaren claramente inferior à Williams de Nigel Mansell — que havia vencido todas as corridas do campeonato —, Ayrton Senna aproveitou uma parada extra do 'Leão' para tomar a ponta e defender de maneira inacreditável em mais uma vitória no Principado

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Em 31 de maio de 1992, Ayrton Senna fez história em Mônaco — local em que já vinha de três vitórias consecutivas. No entanto, nada se compara ao feito daquele domingo, quando o brasileiro superou os dois carros de uma Williams incomparavelmente mais forte para assegurar mais um triunfo na pista que se tornou sua especialidade. O duelo com Nigel Mansell nas últimas voltas é daqueles para sempre, que demonstram em cada curva, cada freada, o talento incomparável do tricampeão mundial.

Vamos aos fatos: Mônaco era a sexta etapa de um campeonato amplamente dominado por Mansell até então, com cinco vitórias nas cinco primeiras corridas — África do Sul, México, Brasil, Espanha e Ímola. A Williams, que já vinha se aproximando do poderio da McLaren na segunda metade do Mundial de 1991, enfim resolveu seus problemas de confiabilidade e levou um FW14B que seria lendário na temporada de 1992.

Com inovações importantes para a época, como controle de tração e suspensão ativa, o carro pilotado por Mansell e Riccardo Patrese simplesmente não oferecia chances a seus competidores. Para se ter uma ideia, a pole-position naquela corrida de Mônaco ficou com o inglês, 0s8 à frente de seu companheiro de equipe e incríveis 1s1 de vantagem para Senna, o terceiro no grid de largada.

Na largada, o brasileiro aproveitou para dar o ‘pulo do gato’ e logo tomou a segunda colocação de Patrese na primeira curva, antes que o rival pudesse abrir vantagem à frente. Senna, então, conseguiu segurar o italiano atrás, mas viu Mansell disparar e abrir cada vez mais vantagem no primeiro lugar.

Ayrton Senna conquistou uma das vitórias mais memoráveis de sua carreira em 1992, no GP de Mônaco (Foto: Site Ayrton Senna)

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Na volta 71 de um total de 78, Mansell já tinha 28s4 de vantagem para Ayrton, que ia garantindo o segundo lugar sem muitos sustos em um resultado que já seria excelente para a McLaren. No entanto, foi neste momento que as coisas começaram a mudar. O inglês sentiu um problema no carro e começou a diminuir a velocidade na entrada para o túnel, precisando ir diretamente para os boxes.

Senna, que naquele momento nem alimentava mais esperanças de vitória, traçou como objetivo se manter o mais próximo possível de Mansell para se aproveitar em caso de algum incidente. E foi exatamente o que aconteceu. Quando ficou sabendo pelo rádio que Nigel havia tido um problema e precisado parar nos boxes, Ayrton percebeu que aquele poderia ser o seu momento.

“Eu estava passando pelo S da Piscina”, disse Senna na ocasião, ainda em Mônaco. “E falei: agora, é tudo ou nada. Tenho de passar antes que ele saia dos boxes. Se isso acontecer, eu ganho essa corrida”, pensou.

A partir daí, o resto é história. Senna pilotou como apenas Senna poderia pilotar e extraiu absolutamente tudo que o carro da McLaren poderia lhe oferecer, passando por Mansell e conseguindo 7s de diferença na ponta no momento em que o rival deixava o pit-lane. Com um carro absurdamente superior, Nigel pulverizou a vantagem do brasileiro em poucas voltas e já estava colado na McLaren restando quatro voltas para o fim.

Apesar da derrota, Mansell reconheceu a genialidade da vitória brasileira (Foto: Reprodução/Arquivo)

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O ‘Leão’, como era conhecido, tentou de todas as formas possíveis passar pelo brasileiro. Tentou por fora, por dentro, na freada e na saída das curvas. Pois Senna não errou absolutamente nada e segurou a pressão até o final, passando pela linha de chegada apenas 0s2 à frente de Mansell.

Três décadas depois, Nigel relembrou o assunto em entrevista ao podcast ‘Beyond the Grid’, e disse ao jornalista Tom Clarkson que Senna seria punido pela direção de prova na Fórmula 1 dos dias atuais.

“Pelas regras dos dias de hoje, Ayrton não poderia me segurar do jeito que fez”, afirmou. “Em cada uma das vezes que eu tentava passar, ele me bloqueava. Não poderia fazer isso hoje”, destacou.

De fato, Senna fez o que pôde para manter seu carro à frente da Williams do inglês. E era, naturalmente, o único jeito de segurar um monoposto tão superior. Além disso, é difícil de imaginar que a situação se repetiria em outras circunstâncias, e o traçado apertado e tão polêmico do GP de Mônaco foi fundamental para uma das vitórias mais icônicas do Brasil na Fórmula 1.

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