Na Garagem: Button emergiu do caos para vencer pela primeira vez na F1 na Hungria

Contando com a inteligência e com a extrema habilidade de se adaptar a condições adversas, Jenson Button foi quem se saiu melhor no caos que se instaurou em Hungaroring no dia 6 de agosto de 2006. O prêmio veio em forma de vitória: a primeira da carreira na F1

Jenson Button poucas vezes é lembrado como um dos melhores da F1. Mas o inglês talvez seja o melhor piloto da categoria quando se trata de lidar com condições caóticas. E essa habilidade foi fundamental para que Button conquistasse sua primeira vitória no Mundial em uma corrida maluca, em Hungaroring, no dia 6 de agosto de 2006.

Conservar os pneus, segurar o carro na pista com o piso molhado, saber a hora de entrar nos pits e trocar o tipo de composto são características importantes em corridas nas quais as condições climáticas se alternam durante as duas horas de prova. E nem mesmo Michael Schumacher é capaz de ganhar de Button nesses quesitos.

Schumacher e Fernando Alonso, então a nova estrela da F1, monopolizavam a luta pelo título desde a prova do Bahrein naquela temporada. Os pilotos de Ferrari e de Renault, respectivamente, ganharam 11 das 12 primeiras corridas — foram 15 em todo o campeonato. O alemão vinha embalado por três vitórias seguidas e esperava cortar ainda mais a diferença para Alonso. Após o GP do Canadá, metade da temporada, o espanhol tinha confortáveis 25 pontos de vantagem para o heptacampeão.
 
A prova húngara abria o último terço da temporada de 2006. Até então, Button fazia uma temporada comum pela Honda. Apesar de um pódio na Malásia, o inglês tinha apenas 21 pontos na tabela geral. O desempenho não era muito mais consistente do que o de Rubens Barrichello – o brasileiro, recém-saído da Ferrari, tinha também só 16 pontos. A corrida acabou sendo um ponto de inflexão para a dupla da Honda: Barrichello marcou mais 14 pontos até o fim do ano, enquanto Button somou 35 e foi o maior pontuador no terço final da temporada.
 
E tudo indicava que essa diferença diminuiria após a etapa da Hungria, a 13ª daquele ano: Barrichello largava em terceiro. Button, punido com a perda de dez posições por trocar de motor, partiu somente de um 14º. É bem verdade que o traçado apertado dificulta as ultrapassagens, mas a chuva e as diversas intervenções do safety-car trouxeram emoção à prova. E Button se encarregou do resto. 
Largada do chuvoso GP da Hungria de 2006 (Foto: Honda)
No grid, os favoritos também estavam no fundo: Schumacher era 11º e Alonso, 15º. Kimi Räikkönen foi o pole, Felipe Massa colocou a outra Ferrari segundo, enquanto Pedro de La Rosa saiu de quarto — o espanhol substituía Juan Pablo Montoya na McLaren, após o colombiano ter sido demitido por conta dos resultados pífios naquele ano. Desgastado pelas brigas com Ron Dennis, Montoya foi tentar a sorte na Nascar, nos EUA.
 
De La Rosa sentiu o clima do asfalto logo na volta de apresentação: seu McLaren deu um giro de 360 graus na saída da última curva. Mas ele manteve o controle do carro e saiu em quarto. Alonso e Schumacher largaram ensandecidos e pularam para sexto e quarto lugares, respectivamente. Räikkönen disparou na ponta e tentava fugir da confusão.
 
Os dois postulantes ao título monopolizavam os olhares. Alonso, por conta dos pneus Michelin, passou Schumacher por fora na curva 7, numa ousada manobra. Barrichello entrou nos pits por uma escolha errada de pneus e voltou em décimo. Em apenas sete voltas, Button passou Nick Heidfeld, David Coulthard, Felipe Massa, Giancarlo Fisichella e Schumacher na pista. A confusão trazida pela chuva colocou ainda Alonso na ponta com 39s de vantagem. Dava para parar e voltar na frente.
 
No entanto, Räikkonen encheu a traseira da Toro Rosso de Vitantonio Liuzzi no fim da reta na volta 25. Quando o safety-car deixou a pista, na abertura da volta 32, Alonso era o líder, mas tinha Button em segundo e se aproximando. Os dois iriam parar mais uma vez, e a pista estava secando. Escolher o momento certo de parar definiria o vencedor da prova.
 
Button parou antes, na volta 46. Alonso parou na volta 51. Com pneus para pista seca e com o traçado já pouco úmido, era uma questão de perseguir e passar o inglês da Honda. Schumacher também vinha escalando o pelotão, mas era apenas quinto, após passar Heidfeld. Alonso iria estancar a sangria na tabela e poderia abrir vantagem, mas não contava com um erro da Renault em sua parada: um parafuso solto na roda traseira direita, e a prova de Alonso acabou na barreira de pneus.
Dia de festa para Button e a Honda no GP da Hungria de 2006 (Foto: Honda F1 Team)
Faltavam apenas 19 voltas e, com Alonso fora, Schumacher buscava manter a segunda posição e, com isso, trazer a diferença na tabela para apenas dois pontos. Mas sua decisão de não trocar os pneus na última parada minou o rendimento da Ferrari. De La Rosa, terceiro, tirava mais de dois segundos por volta. 
 
O alemão jogou o carro em cima do espanhol da McLaren para evitar a ultrapassagem. A decisão foi equivocada: faltavam apenas três voltas e, além do espanhol, somente Heidfeld poderia alcançá-lo. No fim, com a desclassificação de Robert Kubica, Schumacher terminou em oitavo e somou apenas um ponto quando poderia ter levado cinco.
 
Button, por sua vez, cruzou a linha de chegada com 30s8 para De La Rosa. No caos de Hungaroring em 2006, venceu a inteligência do inglês: após 115 provas, o britânico finalmente estourou a champanhe no alto do pódio.
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