Na Garagem: Fangio supera estratégia da Ferrari e conquista primeiro título na F1

Foi num 28 de outubro como hoje, há 70 anos, que Juan Manuel Fangio venceu o GP da Espanha e conquistou o título mundial de Fórmula 1

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Pentacampeão da Fórmula 1, Juan Manuel Fangio chegou na Europa em 1949 para a disputa das corridas de Grand Prix, um ano antes do nascimento oficial da Fórmula 1. E suas primeiras vitórias a bordo de uma Maserati 4CLT levaram o piloto para a equipe oficial da Alfa Romeo na temporada inaugural de 1950. Na nova casa, a escada vertiginosa para ‘El Chueco’ não parou: o primeiro título de F1 viria no ano seguinte, nas ruas de Barcelona. Há exatos 70 anos.

O local era no desaparecido circuito de Pedralbes. Era a coroação do que fora uma temporada longe de fácil para Fangio. A apelidada ‘Alfetta’ era um carro antiquado, construído antes da Segunda Guerra Mundial, que competia roda a roda pelo campeonato contra a Ferrari 375, um monoposto novíssimo que estava sendo desenvolvido durante o ano e atualizado a cada corrida. Os engenheiros da Alfa Romeo conseguiram levar suas evoluções ao limite e contavam com um elemento a favor: a velocidade final, maior virtude do carro. A Ferrari, por outro lado, despontava no trânsito das curvas.

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Fangio dominou e ganhou a corrida por 55s (Foto: Gentileza Mauricio Parra/Museu Fangio)

Fangio já esteve à beira do seu primeiro título no campeonato de 1950, mas terminou fora da briga por conta de uma série de problemas mecânicos. Havia sede de revanche para o argentino após aquela conquista do companheiro de equipe Giuseppe Farina. Antes da corrida final, em 28 de outubro de 1951, os outros rivais com chances eram seu compatriota José Froilán González e o italiano Alberto Ascari, ambos na Ferrari. Fangio chegava na frente, mas Ascari tinha sido o vencedor das duas últimas corridas. A decisão estava mais aberta do que nunca.

A Alfa Romeo apresentou uma carroceria diferente, ideal para acomodar uma maior capacidade de combustível, para levar ao circuito espanhol. A gula da Alfetta era implacável e a Ferrari sabia. Isso fez com que Maranello preparasse uma estratégia especial: encher os carros de combustível. As Ferrari tinham como objetivo parar menos vezes e ganhar tempo enquanto observavam rapidamente seus rivais reabastecerem. Para completar o setup, decidiu montar pneus Pirelli de 17 polegadas, em vez dos pneus de 18 polegadas que haviam utilizado nas últimas vitórias. O plano começou impecável: Ascari tomou a pole-position no sábado após completar em 2m10s59 os 6.316 m do circuito catalão, com Fangio 2s atrás.

Após a classificação, o entusiasmo estava nos boxes da Ferrari. Com mais potência, as Alfettas geralmente eram mais rápidas em uma volta, mas havia dúvidas para a corrida. E foi aí que entrou em jogo um antigo remédio que permanece tão eficaz como sempre ainda nos dias atuais: a estratégia da corrida.

Título de Fangio veio com estratégia inteligente da Alfa Romeo (Foto: Gentileza Mauricio Parra/Museu Fangio)
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GP da Espanha de 1951: o dia de Fangio

Quando foi dada a bandeirada de largada – ainda não era época da luz verde -, Ascari continuou a marcha rumo à glória. Entretanto, Fangio ultrapassou Farina primeiro e alcançou a liderança na quarta volta depois de deixar a Ferrari para trás. Durante a primeira parte da corrida era normal ver um bom desempenho da Alfa Romeo, tentando obter uma vantagem que mais tarde se perderia na hora do reabastecimento. O que era estranho, porém, era a rápida perda de ritmo da Ferrari. Antes da décima volta, ao contrário da ideia inicial de fazer poucas paradas, tanto Ascari como Luigi Villoresi, no volante do outro carro do Cavallino Rampante, tiveram de substituir seus pneus destruídos pelo peso do combustível. Adiante, Fangio já era o cômodo líder.

O argentino só reabasteceu quando a corrida contabilizava 30 voltas, com seu colega de equipe Farina atrás. Ascari, por outro lado, era o terceiro, mas estava muito atrasado, porque teve de fazer uma parada extra. Na metade da corrida e com menos combustível em seus tanques, as Ferrari começaram a se recuperar, especialmente González. O piloto argentino da Ferrari conseguiu remontar e ultrapassou Farina para passar ao segundo lugar, mas ainda muito atrás de seu compatriota. Após 60 voltas, Fangio venceu o GP da Espanha de 1951 com uma vantagem de 55s sobre González e com Farina no terceiro lugar. No campeonato, ‘El Chueco’ – um apelido que usava as pernas arqueadas do piloto como referência – terminou à frente de Ascari e González para obter seu primeiro título na Fórmula 1.

A estratégia havia funcionado. A carroceria mais gorducha da Alfa Romeo, que aparentava segurar litros e litros de combustível era, na realidade, pura chapa vazia feita para enganar a Ferrari, que caiu na armadilha por causa do peso de seus próprios tanques de combustível. O astuto canto do cisne da Alfetta, que saía de cena campeã após 15 anos de atividades, seria o primeiro título da bem-sucedida carreira de Fangio na Fórmula 1. Após 1950, conquistaria os títulos em 1954, 1955, 1956 e 1957. Um começo e um fim que 70 anos depois são apenas um segredo silencioso nas ruas de Barcelona.

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