Na Garagem: Hamilton dá troco em Alonso e conquista primeira vitória na F1

Depois de uma batalha intensa no GP de Mônaco com seu companheiro de McLaren, Fernando Alonso, o jovem Lewis Hamilton venceu pela primeira vez na Fórmula 1 no Canadá em 2007 há exatos 15 anos

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São poucos os recordes que Lewis Hamilton não quebrou na Fórmula 1. O britânico é o maior vencedor da história do esporte com sete títulos e detém inúmeras outras marcas, dentre elas a do maior número de vitórias da categoria, com 103 no total. Em todas as temporadas na principal categoria do automobilismo, Hamilton nunca deixou de subir no topo de pódio, e não demorou para conquistar seu primeiro triunfo no seu ano de novato na McLaren.

A temporada de 2007 representava um ano de mudanças e o fim de uma era: aquele seria o primeiro ano sem o heptacampeão Michael Schumacher, que foi substituído pelo finlandês Kimi Raikkönen na Ferrari. Além do alemão, Jacques Villeneuve também anunciou sua aposentadoria, e assim Fernando Alonso, então atual bicampeão, seria o único vencedor da Fórmula 1 naquele ano.

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Mas Alonso também tinha sua própria narrativa. Depois de cinco anos com a Renault, então bicampeã do Mundial de Construtores, o Príncipe das Astúrias decidiu partir rumo à McLaren. A equipe britânica optou por trocar sua dupla de pilotos, e trouxe o jovem Lewis Hamilton, então campeão da GP2, para complementar a experiência do espanhol.

A dupla de pilotos da McLaren para 2007 (Foto: Reprodução)

A escolha de Fernando se mostrou correta. A Renault não conseguiu repetir o desempenho dos dois anos anteriores, e a briga em 2007 ficou entre a Ferrari e a McLaren. Raikkönen venceu na abertura na Austrália, Alonso respondeu na Malásia e Felipe Massa conquistou mais dois triunfos para a equipe italiana no Bahrein e na Espanha.

Na quinta etapa, em Mônaco, a McLaren sobrou. Alonso venceu a segunda na temporada, mas ali se iniciou a rivalidade com Lewis que marcaria a temporada. Hamilton acelerou após a primeira parada do espanhol, então líder da prova, mas foi chamado para os boxes antes pela equipe, afim de eviatr uma troca de posições na pista. O time ainda lhe pediria para não atacar o companheiro nas voltas finais. Aquele foi o quinto pódio consecutivo do jovem britânico, e sua primeira vitória na Fórmula 1 parecia estar cada vez mais próxima.

Chegando no Canadá para a sexta etapa de 2007, a expectativa era de uma nova briga entre Ferrari e McLaren. O primeiro golpe foi da equipe britânica, que liderou os dois primeiros treinos livres com Fernando. Na terceira e última prática, foi a vez de Lewis terminar em primeiro, à frente de Kimi Raikkönen.

A ligeira vantagem sobre os italianos apareceu de novo na classificação. Kimi até foi o mais veloz no Q1, mas depois Hamilton tomou conta e deu show. Com o tempo de 1min15s707, Lewis conquistou a primeira pole-position da carreira de forma dominante, com quase meio segundo de vantagem para Alonso. Nick Heidfeld surpreendeu as duas Ferraris e colocou sua BMW Sauber à frente de Raikkönen e Massa.

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Lewis Hamilton e Fernando Alonso na largada do GP do Canadá (Foto: Mark McArdle)

Largando lado a lado, o espanhol partiu melhor, mas acabou exagerando e passou reto na primeira curva. Hamilton se manteve na ponta, e Heidfeld assumiu a segunda colocação. O britânico rapidamente abriu uma distância confortável, enquanto Alonso errou novamente na primeira curva e perdeu o terceiro posto para Massa.

Na volta 22, logo após o primeiro pit-stop de Hamilton, o alemão Adrian Sutil bateu sua Spyker na saída da curva 4 e causou a entrada do Safety Car. Fernando e Nico Rosberg, da Williams, precisaram parar com os boxes fechados para evitar uma pane seca, e acabaram recebendo 10 segundos de ‘stop and go’ de punição. Massa e Giancarlo Fisichella saíram dos pits com a luz vermelha, e acabaram sendo desclassificados na volta 51.

Algumas voltas depois, veio o incidente que marcou a corrida. Robert Kubica tentou uma ultrapassagem sobre o italiano Jarno Trulli, bateu na traseira da Toyota e acabou sofrendo um acidente em altíssima velocidade. O polonês bateu nos muros nos dois lados da pista, e sua BMW Sauber ficou completamente destruída. Kubica sofreu apenas uma concussão e uma torção no tornozelo, mas não foi liberado para a prova seguinte em Indianápolis, promovendo a estreia de Sebastian Vettel na categoria.

O forte acidente de Robert Kubica no GP do Canadá (Foto: Reprodução)

A prova ainda teria mais duas entradas do safety-car no final, mas nada que pudesse impedir Hamilton de vencer, até de forma tranquila, pela primeira vez na Fórmula 1. Nick Heidfeld cruzou em segundo, e Alexander Wurz colocou a Williams no pódio após largar em 19º. Alonso ainda foi ultrapassado por Takuma Sato nas voltas finais, terminou só na sétima colocação e sequer cumprimentou o britânico após a corrida.

“Tem sido uma temporada incrível até aqui, nós já temos seis pódios. Eu estava pronto para vencer há um tempo já, era só uma questão de onde e quando. A equipe me deu o melhor carro, eu não tive problemas durante a corrida, e tenho que dedicar essa vitória ao meu pai, porque sem ele nada disso seria possível”, afirmou o jovem de 22 anos na entrevista coletiva após a corrida.

Lewis Hamilton comemora primeira vitória da carreira (Foto: McLaren)

Começava ali uma das maiores rivalidades internas da história da Fórmula 1, que terminaria com o Princípe das Astúrias saindo da equipe após uma única temporada. A briga entre os dois abriu caminho para Kimi Raikkönen conquistar o título por apenas um ponto e completar uma temporada frustrante para a McLaren, que acabou desclassificada do Mundial de Construtores após o caso de espionagem contra a Ferrari.

A saída de Alonso abriu caminho para o primeiro título de Hamilton no ano seguinte. Mas a forma dominante com que conquistou sua primeira vitória, no que era apenas sua sexta corrida na Fórmula 1, já deixava bem claro para todos: ali em Montreal, 15 anos atrás, começava a surgir a estrela mais brilhante da história do automobilismo.

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