Na Garagem: Peterson morre em acidente no GP da Itália e Andretti se sagra campeão mundial

Mario Andretti conquistou seu título mundial na F1 de forma melancólica. Após uma grande temporada de disputa interna na Lotus com Ronnie Peterson, o americano levantou o caneco numa segunda-feira após o GP da Itália, com o sueco morrendo em decorrência de um grave acidente na largada em Monza

A temporada de 1978 da F1 partiu para Monza com a expectativa de que o campeonato pudesse se decidir naquele domingo (10). De fato, foi isso que aconteceu, mas por vias tortas e muito melancólicas. Na realidade, foi a segunda-feira que consagrou oficialmente o campeão daquele ano.
 
O GP da Itália era a antepenúltima das 16 etapas do calendário de 1978 e apenas dois pilotos seguiam com chances matemáticas de título. Eram justamente os companheiros de Lotus, Mario Andretti e Ronnie Peterson. Aquele ano, aliás, ficou marcado como um dos mais brilhantes da escuderia de Colin Chapman.
 
Mario chegou para a corrida em Monza com 63 pontos anotados, 12 a mais que o colega sueco. Como na época apenas seis pilotos pontuavam por prova, e o terceiro colocado levava quatro pontos para casa, no mínimo, Peterson precisaria de três pódios para ser campeão, ou então, de enfileirar duas vitórias.
 
Além disso, Andretti também poderia já garantir o título com uma vitória – que seria sua sétima em 1978 – e o companheiro fora do pódio, já que alcançaria os 72 pontos e, Peterson, na melhor das hipóteses, chegaria a 54 com 18 pontos em disputa e perdendo no número de triunfos.
 
A classificação não teve surpresa alguma na ponta. Com 1min37s520, Andretti garantiu mais uma pole. O que assustou foi o desempenho bem mediano que teve Peterson, que saiu apenas do quinto posto, atrás de Gilles Villeneuve, Jean-Pierre Jabouille e Niki Lauda. 
O carro de Ronnie Peterson ficou arrebentado (Foto: Forix)

Mas foi já nos primeiros metros que a tragédia começou a se desenhar, curiosamente quando a F1 estreava o sistema de semáforo para autorizar o início da corrida – o diretor de prova, porém, acabou se atrapalhando com o novo formato e não esperou o alinhamento completo do grid, o que desencadeou uma série de acidentes. Além disso, a Renault de Jabouille tinha um problema crônico de largada e não foi diferente em Monza. O francês saiu bem lento e vários pilotos acabaram se estranhando logo atrás.

 
Riccardo Patrese forçou para cima de James Hunt, e o britânico, para evitar um toque, moveu o carro bruscamente para a esquerda e acertou em cheio a roda traseira direita da Lotus de Peterson. O sueco bateu violentamente contra a barreira de pneus e o incidente ficou ainda maior envolvendo Vittorio Brambilla, Hans-Joachim Stuck, Patrick Depailler, Didier Pironi, Derek Daly, Clay Regazzoni e Brett Lunger.
 
Peterson foi quem levou a pior, mesmo sendo salvo por Hunt, Regazzoni e Depailler, que o resgataram antes que seu carro fosse tomado completamente por chamas. O sueco deixou o bólido com pequenas queimaduras, mas a lesão que mais preocupava era nas pernas, que sofreram com a violência do impacto. O piloto permaneceu consciente durante todo o atendimento de pista e também no transporte para o hospital. 
 
Em meio ao caos para o resgate de Peterson, Brambilla também acabou em situação complicada. O italiano foi atingido na cabeça por uma roda e, assim como o sueco, foi levado para o hospital Niguardia, próximo de Milão.
 
A relargada demorou mais de três horas para acontecer e ainda seria novamente adiada. Isso porque Jody Scheckter perdeu uma roda e bateu na Lesmo ainda durante a volta de aquecimento. Isso fez com que a direção de prova diminuísse a corrida para 40 voltas.
Mario Andretti foi o campeão em 1978 (Foto: Forix)
Quando finalmente veio a saída para a prova, com coisa de quatro horas de atraso, Andretti e Villeneuve sumiram na frente, com o canadense na dianteira. Tão na frente que queimaram a largada e tomaram 1min de punição ao fim da corrida.
 
Com apenas cinco voltas para o final, Mario retomou a posição de Villeneuve, enquanto Jabouille sofreu uma quebra no motor e perdeu a chance de levar a Renault ao pódio. Lauda, assim, subiu ao terceiro lugar que, lá na frente, viraria a vitória.
 
Após tanto tumulto no início, a corrida foi se arrastando com alguns abandonos por problemas mecânicos e as poucas ultrapassagens. Lauda, em terceiro, acabou triunfando, seguido bem de perto pelo companheiro John Watson, que completou a dobradinha da Brabham.
 
Carlos Reutemann levou a Ferrari à terceira posição, seguido pelos franceses Jacques Laffite e Patrick Tambay. Andretti ainda chegou em sexto mesmo com a punição, 2s2 na frente de Villeneuve.
 

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No fim, Andretti levou apenas um pontinho, mas já deixou o domingo em Monza com quase certeza de título, já que Peterson tinha fraturas nas pernas e nos pés e ainda passara por cirurgia. A celebração foi nula, tanto do título quanto do resultado da corrida.
 
Na manhã do dia seguinte, da pior forma possível, aconteceu a confirmação do título de Andretti. Apesar do quadro estável após uma longa operação nos membros inferiores, Peterson sofrera uma abruta mudança em uma situação e teve sérias complicações durante a noite. O sueco enfrentou uma série de embolias causada possivelmente por fragmentos das medulas dos ossos que caíram na corrente sanguínea, o que provocou sua morte aos 34 anos. Na verdade, até hoje, as circunstâncias da perda do piloto ainda seguem sem explicação.
 
De forma melancólica, Mario acabou se consagrando campeão em uma temporada que foi, de fato, brilhante. O americano, campeão também na Indy, é um dos poucos a conseguir o feito, acompanhado por Emerson Fittipaldi, Nigel Mansell e Jacques Villeneuve. 

Por causa do acidente com Peterson, a F1 aprovou diversas medidas para melhorar a segurança dos pilotos nos anos seguintes, desde os procedimentos de largada até a colocação das barreiras de proteção e dos guard-rails. 

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