Na Garagem: Piquet faz dobradinha com Senna em Monza e encaminha tri em 1987
Há exatos 28 anos, Nelson Piquet superava Juan Manuel Fangio e virava o então maior vencedor do GP da Itália. Graças ao triunfo em Monza, o brasileiro ficou bem perto do tricampeonato, que seria sacramentado no GP do Japão, um mês e meio depois
Entretanto, a grande notícia daquele fim de semana não dizia respeito aos pilotos, mas aos motores. A Honda anunciava sua saída da Williams e assinava contrato com a McLaren, encerrando uma parceria vencedora de quatro anos. Ayrton Senna foi um dos motivos dessa mudança: o brasileiro havia assinado com a equipe de Ron Dennis, e isso pesou na decisão dos nipônicos em rumar para a tradicional escuderia de Woking.
Relacionadas
Na pista, a Williams tinha vencido seis das dez etapas disputadas até Monza. Nigel Mansell tinha quatro vitórias, contra apenas duas de Nelson Piquet. No entanto, a tabela do certame mostrava 54 x 39 para o piloto brasileiro.
Fora os abandonos na Bélgica e San Marino — onde Piquet sofreu um grave acidente na curva Tamburello —, o brasileiro ou ganhou ou foi segundo. Mansell, além das quatro vitórias, tinha um quinto e um sexto lugar, além de quatro abandonos.
Com isso, a dupla da Williams tinha entre eles um intrometido Senna. Com duas vitórias, dois terceiros e três segundos lugares, o brasileiro chegou a Monza com 43 pontos. O que não era nada ruim para o piloto da Lotus: em tese, o carro era pior que as Williams e as McLaren.
Piquet cravou a 23ª pole da sua carreira, com o tempo de 1min23s460. Mansell conseguiu a dobradinha do time de Grove no grid, com 1min23s559 — apenas um décimo de segundo atrás do companheiro de equipe. Gerhard Berger fez valer a potência do V12 da Ferrari e cavou um ótimo terceiro lugar com o carro vermelho, marcando 1min23s933. Senna vinha em quarto, mas estava 1s5 atrás de Piquet, com 1min24s907. Era uma corrida da Williams, outra para o resto.
Mansell largou bem e pulou na ponta, mas um erro do inglês na mudança de marcha fez Piquet recuperar a ponta na primeira chicane, ao fim da reta. Berger era o terceiro e Thierry Boutsen, da Benetton, surpreendeu Senna e era quarto colocado. No início da segunda volta, Berger tentou passar Mansell. O inglês fechou a porta e ambos foram para fora da pista, sem grandes danos em seus carros.
Assim, Piquet liderava tranquilo, com Boutsen em segundo. Mansell voltou à pista em quarto. O trenzinho Boutsen-Berger-Mansell andou junto até a volta 17. Mansell finalmente deu o bote e passou Berger. Poucas voltas depois, passaria a Benetton de Boutsen e se estabilizou em segundo lugar. Na metade da corrida, Berger e as duas Williams foram aos boxes trocar pneus.
Senna, numa estratégia kamikaze, resolve fazer a corrida inteira com o mesmo jogo de pneus. Dali em diante, a Lotus sofre uma enorme pressão das Williams, do mesmo modo que ocorreu em Hockenheim e em Budapeste. Tudo indicava que Senna, dessa vez, não seria ultrapassado pelas Williams e venceria a tradicionalíssima prova.
Todavia, na volta 41, Senna se atrapalha ao ultrapassar a Ligier do retardatário Piercarlo Ghinzani. A Lotus espalha na Parabólica e usa a área de escape asfaltada. Mas o erro custou caro: Piquet aproveitou a lambança e ultrapassou o compatriota. Com a vitória, abriu 63 x 43 sobre Mansell na tabela e ali, sacramentou o caminho do tri. O título fez dele o piloto mais vitorioso dos anos 1980 na F1.
Foi a última vitória de Piquet na equipe Williams e a nona das 11 dobradinhas brasileiras na história da F1. O ano de 1987 foi o recordista delas, com quatro ocorrências. Duas delas com Senna na frente: Mônaco e Estados Unidos; as outras duas com Piquet no comando: Hungria e Itália.
🏁 O GRANDE PRÊMIO agora está no Comunidades WhatsApp. Clique aqui para participar e receber as notícias da Fórmula 1 direto no seu celular!Acesse as versões em espanhol e português-PT do GRANDE PRÊMIO, além dos parceiros Nosso Palestra, Escanteio SP e Teleguiado.