Na Garagem: Sem se arriscar com Schumacher, Prost termina em segundo e alcança tetra em Portugal

25 anos atrás, Alain Prost chegou ao Estoril com tudo encaminhado para carimbar o quarto título. Quando o francês viu Ayrton Senna abandonar e Damon Hill atrás, aceitou a derrota para Michael Schumacher para se isolar como segundo maior campeão da história da F1, atrás apenas de Juan Manuel Fangio

Uma decisão de voltar atrás na aposentadoria, e que culmina em um novo título mundial. Alain Prost embarcou em uma aventura ousada com a Williams em 1993, e que rendeu seu principal resultado exatos 25 anos atrás, em um 26 de setembro como hoje: ao terminar em segundo lugar no GP de Portugal, o francês acabou com as chances matemáticas de Ayrton Senna e Damon Hill.
 
É verdade que o fim de semana no Estoril foi marcante, mas ninguém ficou verdadeiramente surpreso com a conquista de Prost. Mesmo com dois abandonos nos três GPs anteriores, Alain chegou ao país ibérico com 23 pontos de vantagem sobre Hill, vice-líder, e 28 sobre Senna, terceiro – isso em uma época em que a vitória valia 10. Restavam 30 pontos em jogo e só o imponderável parecia capaz de mudar o destino.
 
Mesmo assim, havia trabalho por fazer. Para deixar claro que não estava em Portugal para brincar, Prost liderou os dois treinos livres com vantagens de 0s8 e 0s9. Na classificação, uma surpresa: Hill levou a pole com 0s2 de vantagem sobre o francês. Em relação às rivais, a Williams sobrou: Mika Häkkinen, terceiro com a McLaren, foi 0s9 pior. Senna, o outro com chances de título, largaria em quarto.
Alain Prost não precisou se esforçar muito para cravar a quarta taça em Portugal (Foto: Forix)

A corrida começou com uma surpresa. Hill, pole, não conseguiu deixar o grid na volta de apresentação. O futuro campeão seria obrigado a largar em último, entregando a posição de honra para Prost. Não seria muito útil: o francês fez uma largada tenebrosa, caindo para quarto. Jean Alesi surpreendeu, partindo de quarto para primeiro em questão de metros. Senna e Häkkinen eram, respectivamente, segundo e terceiro. A situação permaneceria assim até a volta 19, enquanto Hill recuperava terreno perdido.

 
A tal volta 19 começou a chacoalhar a corrida. O carro de Senna quebrou, formalizando o fim das chances de título. Em seguida, Alesi e Häkkinen iniciaram o ciclo de pits relativamente cedo. Schumacher esperou duas voltas para fazer o mesmo, suficiente para aparecer na frente dos dois. O alemão aparecia em terceiro agora: Prost adiava ainda mais o pit, assim como Hill. O francês teoricamente seguiria na frente ao fim do ciclo.
 
Não foi o que aconteceu. Hill até bancou o escudeiro, fazendo Schumacher perder tempo, mas Prost não conseguiu voltar dos boxes na liderança. O alemão tinha posição melhor, mas seria necessário segurar um carro mais rápido e com pneus mais novos.
 
A briga na pista aconteceria em breve, mas foi ofuscada por dois acidentes seguidos. No primeiro, Häkkinen perdeu controle sozinho e bateu com força contra o muro dos boxes, abandonando. No segundo, Berger perdeu controle na saída do pit-lane de maneira boba, reacelerando antes do que devia.
Michael Schumacher em 1993 (Foto: Reprodução/Twitter)

Na frente, a briga que tanto prometia acabou não entregando.  Prost não estava tão interessado na vitória, que já viera aos montes na fase europeia do campeonato. Depois de uma sequência de dois abandonos em três corridas, ao francês mais interessava colocar o ponto final em um campeonato que já podia ter se decidido antes. Brigar com um piloto jovem e ainda faminto como Schumacher pela liderança ia contra tal filosofia.

 
Dessa forma, Schumacher pôde seguir na liderança por 41 voltas, confirmando a vitória com apenas 0s982 de vantagem sobre Prost. Mais atrás, Hill não teve dificuldades para ir ao pódio após superar Alesi, que perdeu ritmo na segunda metade da corrida. A zona de pontos ainda contou com Karl Wendlinger e Martin Brundle, respectivamente de Sauber e Ligier.
 
Com o resultado, aquilo que todos sabiam que ia acontecer de fato aconteceu. Prost, mesmo sem fazer uma segunda metade de campeonato brilhante, tinha tudo a seu favor: um carro superior ao do resto do grid e um companheiro não tão ameaçador.
 
Prost não venceria mais nenhuma corrida em 1993, mas se aposentou com um feito incrível: a condição de segundo maior campeão da história, atrás apenas de Juan Manuel Fangio. Curiosamente, 25 anos se passaram e apenas aquele mesmo Schumacher conseguiria superar a marca de quatro títulos – pelo menos até o fim da temporada 2018, que vai permitir que Lewis Hamilton ou Sebastian Vettel alcance o quinto caneco e desempate com Alain.
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