Na Garagem: ‘Spygate’ chega ao fim com ‘carta de rendição’ da McLaren

Em 13 de dezembro de 2007, após meses de polêmica, a McLaren divulgou ao público uma carta enviada à FIA na qual pediu desculpas pelo escândalo de espionagem daquele ano e permitiu que a entidade verificasse os detalhes do desenvolvimento do carro de 2008 para se certificar de que dados roubados não estavam sendo usados

Às vésperas das festas de fim de ano, a McLaren ainda curava as feridas deixadas pelo SpyGate em 2007. As sanções mais duras da FIA já haviam saído, incluindo a exclusão do Mundial de Construtores, mas foi em 13 de dezembro de 2007 que o time procurou pôr um ponto final na história ao tornar pública uma carta enviada ao presidente Max Mosley. Quase que uma ‘rendição incondicional’.
 
A McLaren acatou a decisão final da FIA, embora, nesta mesma carta assinada por Martin Whitmarsh e encaminhada ao gabinete de Mosley no dia 5 de dezembro, tenha deixado claro que não concordava com “todas as conclusões” do relatório final sobre o julgamento de 13 de setembro.
A temporada 2007 da F1 foi insana dentro da pista, mas o circo pegou fogo mesmo nos bastidores (Foto: Ferrari)
O escândalo envolveu o roubo de um dossiê de dados confidenciais da Ferrari por parte do ex-chefe de mecânicos Nigel Stepney, entregue a Mike Coughlan, então engenheiro da McLaren.
 
Mas o time também lamentou outro fator: “É uma grande pena que nosso entendimento dos fatos tenha aumentado como resultado da inspeção da FIA em vez da nossa própria investigação. Pedimos desculpas sem reservas se a nossa ignorância quanto a alguns destes fatos possa ter atrapalhado o Conselho Mundial e apenas podemos assegurar que essa jamais foi a nossa intenção. Devemos, no entanto, aceitar que nossas próprias investigações foram insuficientes, embora gostaríamos que considerassem que foram conduzidas em meio a uma temporada realmente intensa e com um prazo apertadíssimo”.
 
Isso significou que as informações se espalharam mais dentro da McLaren do que a diretoria imaginava. Um comunicado no site da McLaren informou: “Para evitar qualquer possibilidade de que dados da Ferrari possam influenciar nossa performance em 2008, a McLaren ofereceu um conjunto de relatórios detalhados à FIA, que vai impor uma moratória no desenvolvimento em relação a três diferentes sistemas.”
 
Whitmarsh, que assumiria a chefia da equipe de corridas pouco depois, no lugar de Ron Dennis, pediu desculpas mais de uma vez no texto. À FIA, à Ferrari, aos parceiros da McLaren, e à comunidade e ao público da F1. E ofereceu abrir os dados do carro de 2008 para entidade:
Martin Whitmarsh conseguiu livrar a McLaren de futuras sanções (Foto: McLaren)
“Nossas investigações focaram em satisfazer a nós mesmos de que nenhum dado confidencial da Ferrari foi usado direta ou indiretamente nos carros de 2008”, seguiu o britânico, que escreveu que o equivalente a 75 milhões de páginas de papel A4 impressas foram verificadas, ou um total de 1,4 TeraBytes, pela própria equipe e pela FIA.
 
No mesmo dia da divulgação da carta, a FIA soltou uma nova nota pedindo para que o Conselho Mundial cancelasse uma audiência que estava marcada para fevereiro de 2008 para julgar a intenção da McLaren de utilizar dados da Ferrari. “À luz da desculpa pública da McLaren e de suas admissões, o presidente da FIA solicitou aos membros do Conselho Mundial que cancelem a audiência e, dentro dos interesses do esporte, considerem este caso encerrado.” Foi publicado, também, o relatório da investigação técnica da entidade.
 
A Ferrari, por sua vez, sinalizou que daria o caso por encerrado nas instâncias desportivas. No entanto, não desistiu de ações criminais movidas no Reino Unido e na Itália.
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