Nasr se coloca como promessa na estreia, mas futuro na F1 ainda depende de melhora da Sauber

Dez corridas bastaram para que Felipe Nasr se consolidasse como uma das promessas da F1. Mas, para vingar, o brasileiro precisa confiar em uma recuperação da Sauber em 2016, depois de uma acentuada perda de ritmo ao longo de 2015. Se não conseguir avançar, o novato corre o risco de se estabelecer como piloto do meio do grid e perder o rumo da carreira

Felipe Nasr não conseguiu a melhor equipe de todas para fazer sua estreia na F1 em 2015. Nos últimos anos, a claudicante Sauber passou a sofrer para ficar até no pelotão intermediário e está longe de oferecer o melhor conjunto para seus pilotos. De mãos atadas com os suíços, o tema de casa do brasileiro passou a ser se estabelecer na categoria – e, bom aluno que é, apresenta um trabalho acima da média.

Concluída a primeira metade da temporada, Nasr convence que merece alçar voos maiores. O quinto lugar no GP da Austrália encheu de orgulho aquele fã mais ufanista. Os resultados constantes e os poucos erros corroboram a boa imagem que Felipe construiu em tão pouco tempo. Com apenas dez GPs de experiência, é possível, sem parecer ser precipitado, que o #12 é uma das boas promessas para o futuro da F1.

Nasr também está conseguindo bater constantemente Marcus Ericsson, seu companheiro de equipe. O brasileiro tem mais pontos, largou e terminou mais vezes à frente. O sueco, que já tem um ano de experiência na F1 e não é tão ruim quanto dizem, sofre para acompanhar. O ex-piloto da Caterham só conseguiu de fato superar seu colega no GP da Hungria, em que o #9 voltou a pontuar depois de um incômodo hiato. Se existe um lado bom na acentuada perda de ritmo da Sauber é o fato de que a diferença de dez pontos entre os dois dificilmente será revertida.

Felipe Nasr é o 13º no Mundial de Pilotos na F1 (Foto: Beto Issa)

O talento existe, definitivamente, mas não conta muito sem que exista um futuro claramente pavimentado – e é aí que está o ponto fraco de Nasr. Nico Hülkenberg, por exemplo, é um dos nomes mais promissores do esporte e já parece fadado ao ostracismo na F1. Hoje, Felipe não está em uma posição melhor do que o alemão: é um piloto bom, mas sem uma equipe à altura. A próxima temporada, ainda na Sauber, será delicada: existe a necessidade de se manter como alguém promissor, mas com um carro que não fará muito mais do que faz hoje.

A Sauber provavelmente terá um orçamente maior, já que vai conseguir uma posição melhor no Campeonato de Construtores do que o décimo lugar de 2014, mas isso está longe de ser uma garantia de qualquer coisa. A McLaren Honda parece estar encontrando algum rumo e tem boas chances de deixar a escuderia suíça como a segunda pior do grid, apenas à frente da Manor. Se essa for a toada de 2016, o trabalho de Nasr no começo de 2015 corre o risco de ser esquecido. Existem inúmeros casos de pilotos com carreiras emperradas por pura falta de timing.

Comparando Nasr com os outros dois estreantes competitivos de 2015, Max Verstappen e Carlos Sainz Jr., é possível perceber que a escalada na F1 pode ser bem mais gentil aos pilotos da Toro Rosso. Apadrinhada por uma Red Bull que já não consegue emplacar a mesma dupla por muito tempo, qualquer um dos dois pupilos pode arranjar um carro de ponta ao curto prazo.

Já a trajetória de Nasr não parece tão bem delineada. Existe uma intenção clara do brasileiro de retornar à Williams, equipe que o recebeu como piloto reserva em 2014. Mas, enquanto um outro Felipe estiver pilotando por lá, a mudança é improvável. A recém-confirmada segunda temporada com a Sauber já parece desnecessária para o estreante, mas é o que a casa oferece.

A segunda metade de 2015 não parece reservar um futuro muito brilhante para a Sauber, apesar da previsão de atualizações para o C34. Ainda assim, o brasileiro terá mais nove corridas para lidar com a deficiência técnica do bólido suíço, especialmente nas pistas de alta velocidade.

De qualquer forma, como ele mesmo cobrou da Sauber, o importante é fazer com as novidades funcionem a contento. E se isso acontecer, já será um fator decisivo para 2016 e além, dentro das ambições do piloto de 22 anos, que precisa crescer na F1 e calcular bem os próximos passos.

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