Nova equipe da F1 e parceira da Ferrari, Haas confirma Grosjean como piloto para estreia na temporada 2016

Depois de 30 anos, uma equipe norte-americana fará parte do grid do Mundial de F1. A Haas F1 Team, com sede em Kannapolis, na Carolina do Norte, anunciou nesta terça-feira (29) um de seus pilotos para a temporada de estreia, em 2016: o experiente Romain Grosjean quebra o cordão umbilical com Enstone e vem para ser o líder do time

A Haas F1 Team é a mais nova equipe a entrar de cabeça no mundo da F1. O time que chegará ao mais cobiçado grid do automobilismo mundial em 2016 nasce forte, com um bom aporte financeiro e ótima estrutura técnica, tanto nos Estados Unidos como também na Europa e, ainda por cima, contará com uma importante parceria de ninguém menos que a Ferrari, a mais tradicional escuderia da categoria. E nesta terça-feira (29), na sede em Kannapolis, na Carolina do Norte, o time chefiado por Gene Haas anunciou via internet o que já vinha sendo ventilado nas últimas semanas: Romain Grosjean será um dos pilotos para a temporada de estreia no ano que vem.
 
Grosjean, aos 29 anos, é um dos bons pilotos de sua geração. Nascido em Genebra, o franco-suíço começou sua carreira na F1 como substituto de Nelsinho Piquet na Renault. Romain, quase sempre vinculado à montadora de Viry-Châtillon, voltou ao grid em 2012, sendo apoiado pela marca diamante, como piloto da Lotus, ao lado do experiente Kimi Räikkönen.
Grosjean ao lado de Haas na sede da equipe em Kannapolis (Foto: Reprodução)
Talentosíssimo e muito arrojado, Grosjean combinou grandes resultados, como os pódios nos GPs do Bahrein, Canadá e Hungria, com muitas trapalhadas na pista, como o forte acidente protagonizado por ele na largada do GP da Bélgica daquele ano. Não à toa, o piloto acabou levando o apelido de ‘maníaco da primeira volta’. Mas depois daquele episódio, no qual Romain foi suspenso por uma corrida, sua evolução foi nítida.
 
Em 2013, Grosjean conquistou nada menos que seis pódios naquele que foi o melhor ano da Lotus. Pra o ano seguinte, Romain seguiu na equipe, mas viu o enfraquecimento do time com a saída de Kimi para a Ferrari e sua substituição por Pastor Maldonado. Ao todo, seus melhores resultados nesta temporada foram apenas dois oitavos lugares. Para 2015, com motor Mercedes no lugar dos Renault, a Lotus melhorou um pouco, e Grosjean conseguiu o melhor resultado do time em quase dois anos: terceiro lugar no GP da Bélgica.
 
Mas eis que era chegada a hora de cortar o cordão umbilical que o ligava à equipe de Enstone. Sem medo de correr riscos, Grosjean assumiu o desafio e será a referência da Haas para seu ano de estreia na F1.

“Pensar sobre o futuro e a carreira é importante. Conheci o projeto há alguns anos através da imprensa, depois tive a chance de conhecer o Gene e o que ele queria fazer. E vi que a abordagem deles pode ter bastante sucesso. Se vamos correr na F1, não é para ficar em último, é para fazer o melhor como piloto e terminar no pódio”, afirmou o franco-suíço durante o anúncio na sede da Haas em Kannapolis. Chamou a atenção o fato de Romain já estar vestido com o uniforme de sua nova equipe mesmo ainda sob contrato com a Lotus, prática pouco usual na F1 dos dias de hoje. 

Grosjean mostrou absoluta confiança na nova equipe e acredita que a Haas tem tudo até mesmo para somar pontos no seu ano de estreia na F1. “Pelo o que vi agora, acredito que vamos conseguir andar logo de cara, sem enfrentar os problemas normais de uma equipe nova. Acho que dá para pensar em marcar pontos no começo do ano para essa nova equipe norte-americana.”  

Por sua vez, Gene Haas exaltou a chegada de Grosjean para ser a grande referência do time em termos de experiência na categoria. "Isso é parte da nossa estratégia de longo prazo. Sempre dissemos que queríamos um piloto experiente para nos liderar em 2016. A F1 é um meio complicado, e o melhor modo de aprender é aprender junto com os outros. Romain era um dos vários candidatos, está na F1 há muitos anos, tem sido um piloto excelente para a Lotus."

"Vi vários vídeos seus, o que impressiona é que ele marcou pontos em todas as temporadas, e este tem que ser o nosso primeiro objetivo: marcar pontos. É uma peça do quebra-cabeça. Ele vai ser o nosso primeiro piloto e vai nos ajudar a fazer a operação da equipe de F1", acrescentou o dono da mais nova equipe da categoria.

Ops, 404 Error: a revelação de Grosjean por meio de um link (Foto: Reprodução)
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Não que fosse o segredo mais bem guardado do mundo, mas a revelação de que Grosjean seria anunciado partiu do próprio site da Haas. Faltando pouco menos de uma hora para o início da coletiva, o site da equipe acabou exibindo o link de uma notícia programada: justamente a da escolha do piloto.
 
A equipe
 
Assim, com a entrada da Haas no grid, a F1 volta a receber uma nova equipe depois de seis anos. Em 2010, após um processo seletivo por parte da FIA (Federação Internacional de Automobilismo), três escuderias novatas ingressaram na categoria: Lotus, Manor e Hispania. Entretanto, todas elas, com um orçamento muito menor que a concorrência e poucos recursos técnicos, enfrentaram muitas dificuldades.
 
Rebatizada como Caterham a partir de 2012, a equipe chefiada por Tony Fernandes acabou por ser vendida no meio de 2014 e, meses depois, fechou as portas. A espanhola Hispania também teve o mesmo melancólico fim. A Manor, que ao longo de sua curta história na F1 foi chamada de Virgin Racing e Marussia, foi a que teve melhores resultados, chegou a pontuar com Jules Bianchi no GP de Mônaco do ano passado, mas atualmente faz parte de uma ‘divisão inferior da F1’ com carro e motor de um ano de defasagem em relação ao restante do grid.
 
Mas a Haas chega à F1 com um propósito bem diferente das outras novatas. Além de financeiramente sólida, trata-se de um time calcado há tempos no automobilismo. Afinal, tem em seu proprietário a figura de Gene Haas, dono de um conglomerado de empresas de automação industrial e, desde 2002, é proprietário de uma equipe da Nascar, a mais popular categoria do automobilismo norte-americano. Em 2009, Tony Stewart entrou como sócio na jogada, e o time mudou para Stewart-Haas Racing. Trata-se de um time bastante sólido e vencedor.
 
Para calcar a chegada na F1, Gene Haas contará com o italiano — de nome alemão — Gunther Steiner para ser seu chefe de equipe. As influências italianas não param por aí, uma vez que a Haas contará com amplo suporte técnico por parte da Ferrari, que vai fornecer motor, câmbio e outros componentes, além de oferecer o túnel de vento para o desenvolvimento do chassi. Uma proximidade vista como uma ‘jogada inteligente’ por alguns membros da F1.
 
Os trabalhos da Haas F1 Team começaram na sede da Dallara, na Itália, no desenvolvimento do novo chassi. Mas a mudança do time para a base europeia em Banbury, onde funcionava a antiga base da Manor Marussia, é questão de tempo e deverá acontecer nas próximas semanas. Tudo para que a mais nova equipe da F1 deixe tudo pronto para começar, de fato, sua jornada na categoria.
 
Os trabalhos de pista começarão no começo da pré-temporada, prevista para o começo de março, na Espanha. Com Grosjean como piloto, além de uma estrutura bastante forte, a Haas tem todas as condições para, desde cara, não fazer feio na F1.
O sorriso de Grosjean, já devidamente paramentado com as cores da Haas (Foto: Haas)
Há 30 anos, outra Haas corria na F1
 
 Em 1985, o Team Haas nascia pelas mãos de Carl Haas — coresponsável também pela Newman/Haas, um dos times mais vitoriosos da Indy — e Teddy Mayer, um dos fundadores da McLaren. O projeto teve como um dos pilares o conglomerado norte-americano Beatrice Foods, que atuou como patrocinadora principal e foi fundamental para o acerto para compra dos motores Ford Cosworth.
 
À época, a equipe chamou-se Haas Lola porque Carl Haas era o representante da marca nos Estados Unidos, tanto que a Newman-Haas usou chassis Lola em praticamente toda sua existência na Indy.
 
Para a temporada de estreia da equipe, foi contratado ninguém menos que Alan Jones, campeão do mundo em 1980 com a Williams e que já havia se aposentado. Convencido a voltar por Haas e Mayer, Jones disputou três corridas, Itália, Bélgica e Austrália, mas abandonou as três etapas.  Em 1986, a Haas Lola ganhou um belo reforço: o motor Ford TEC V6 Turbo. Aí vieram os melhores resultados da equipe. Jones garantiu um quarto lugar no GP da Itália, e seu companheiro de equipe, Patrick Tambay, foi quinto em Monza. No GP da Bélgica, Jones voltou aos pontos ao terminar em sexto.
 
Entretanto, a epopeia da primeira Haas na F1 terminou no começo de 1987 quando a Beatrice Foods decidiu não renovar o patrocínio para a temporada. Assim, Carl Haas voltou seu foco apenas para a Indy, onde brilhou com sua equipe ao lado do astro Paul Newman. Encerrava-se, então, a jornada da última equipe norte-americana na categoria. Depois, a USF1 bem que tentou ingressar na F1 em 2010, mas Peter Windsor não conseguiu levantar o orçamento necessário e desistiu do esporte antes mesmo de completar o desenvolvimento do carro.
 
Quase 30 anos depois, é a vez de uma nova Haas, mas a de Gene Haas, colocar de novo a bandeira norte-americana na disputa do Mundial de Construtores na F1.
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