Números revelam Fangio melhor que Schumacher e Hamilton na história da F1

Lewis Hamilton ou Michael Schumacher? Qual o melhor piloto da F1 em todos os tempos? Os números revelam que, embora protagonistas da história nas suas respectivas épocas, os dois seguem atrás do grande Juan Manuel Fangio, o primeiro multicampeão do esporte

Qual piloto pode ser considerado o melhor da F1 em todos os tempos? O debate sempre é proposto quando feitos outrora apontados como inatingíveis são realizados. Em 2019, Lewis Hamilton foi coroado pela sexta vez como campeão do mundo, ficando a apenas um título de igualar o maior campeão da história, Michael Schumacher. Com o triunfo do último domingo (1), em Abu Dhabi, Lewis ficou a apenas sete vitórias de empatar com o alemão na estatística. Os dois foram os únicos a superar, em número de títulos, aquele que segue sendo um dos grandes da F1 em todos os tempos: Juan Manuel Fangio.
 
Mas o fato é que é impossível apontar com exatidão qual é o melhor piloto de todos os tempos. Cada um tem sua opinião e seu gosto; cada nacionalidade tem seu ídolo preferido. Os fãs de Nelson Piquet acham que a aura de Ayrton Senna é ufanismo, mas a forma como os ingleses consideram Nigel Mansell um dos melhores de sempre não fica nada atrás. Mansell foi batido na mesma equipe por Elio de Angelis, Piquet e Alain Prost… Assim, parece mais plausível apontar o melhor no seu tempo.
 
Os números e estatísticas formam um critério mais razoável para definir o maior de todos. Evidente que Schumacher tem os recordes de vitórias (91) e títulos (7), marcas que Hamilton está cada vez mais próximo de alcançar. Fangio, por sua vez, triunfou 24 vezes na F1 nos anos 1950 que o consagraram como o grande nome da F1 daquele período.
Ao centro, Fangio era a grande estrela da Mercedes nos anos 1950 na F1 (Foto: Mercedes)
Entretanto, os números obtidos por Schumacher e Hamilton, ainda que sejam fantásticos, não podem ser tratados de forma absoluta. A temporada que se encerrou no último domingo teve um calendário de 21 corridas, o mais longo do esporte, enquanto Schumacher, ao longo da sua carreira, convivia com um cronograma entre 16 e 18 corridas. Nos anos 1950, o calendário era muito mais curto, variando entre sete e nove GPs, excetuando aí as 500 Milhas de Indianápolis, que não era disputada pelos pilotos inscritos no Mundial de F1, baseado na Europa. 
 
Desta forma, é preciso avaliar outro tipo de estatísticas: as porcentagens. Qualquer jogador de cassino sabe que o blackjack, que pode ser jogado em plataformas online como a NetBet, é o jogo que dá mais probabilidade de vitória ao usuário. E se tivesse apostas esportivas nos tempos de Fangio, seria difícil apostar contra ele. Saiba os motivos.
 
 
Estatísticas em porcentagem
 
O “padrinho do esporte”, como Lewis Hamilton lhe chamou, tem todos os recordes da F1 em porcentagem. Quando os números de vitórias, poles e voltas mais rápidas são divididos pelo número de GPs disputados, o resultado é a estatística em porcentagem. E Fangio ainda está muito à frente dos restantes. 
 
 
Vitórias: 47%
 
Fangio venceu 24 corridas, mas só participou de 51 GPs. Isso dá ao argentino nascido em Balcarce uma porcentagem de 47,055%, bem acima de todos os restantes. Seu rival Alberto Ascari tem 40%; depois aparece Jim Clark, com 34%. Só então surgem Hamilton, com 33%, e Schumacher, com 29%.
 
Até o ano 2000, por exemplo, as quebras ocasionadas por problemas mecânicos eram muito mais frequentes do que agora. Hamilton, por exemplo, completou todas as voltas de todas as corridas da temporada 2019 e ainda alcançou o feito de terminar entre os dez primeiros dos 21 GPs disputados. Nos anos 1950, a confiabilidade era um ponto ainda mais crítico. E isso torna o feito de Fangio ainda mais impressionante, pois o piloto não era só rápido, mas também sabia administrar o equipamento que tinha às mãos.
Fangio fazia história ao ser o primeiro campeão do mundo pela Mercedes (Foto: Mercedes)
 
Poles: 56%
 
Sim, Fangio era bem rápido. Ele fez a pole em mais de metade das sessões de qualificação em que participou! Ao todo, foram 29 em 51 GPs disputados na F1. Em porcentagem, Juan Manuel está muito à frente dos seus pares: Jim Clark teve um aproveitamento de 45%, contra 43% de Alberto Ascari. Ayrton Senna, por sua vez, obteve um percentual de 40%, enquanto Hamilton, recordista absoluto da estatística com 88 poles na F1, teve um aproveitamento de 35%, bem inferior ao de Fangio.
 
 
Voltas mais rápidas: 45%
 
É preciso notar que esses recordes não incluem as presenças já mencionadas da Indy 500 no calendário da F1 nos anos 1950. Desta forma, Fangio também tem o recorde em porcentagem de voltas mais rápidas, com 23 em 51 GPs. Não entram na lista os 100% de aproveitamento de voltas mais rápidas alcançado por Masahiro Hasemi, que alcançou o melhor tempo da única corrida que disputou: o GP do Japão de 1976.
 
 
Campeão: 71%
 
Sim, Fangio tem cinco títulos, contra seis de Hamilton e sete de Schumacher. Mas o argentino disputou somente sete temporadas completas. Ficou fora em 1953 por conta de um acidente e não fez toda a temporada de 1958 já que decidiu se aposentar. Já o alemão participou, entre 1992 e 2012 — Schumacher cumpriu sua primeira aposentadoria entre 2007 e 2009 —, em 17 temporadas completas. O percentual de Schumacher fica ‘apenas’ nos 41%. O próprio Hamilton, em 2019, tem um aproveitamento de 46% em tal estatística com seis títulos em 13 temporadas.
 
 
Campeão com equipes diferentes
 
Em toda a história da F1, todos os pilotos foram campeões, no máximo, com duas equipes diferentes. São os casos de Nelson Piquet (Brabham e Williams), Alain Prost (McLaren e Williams), Michael Schumacher (Benetton e Ferrari), Lewis Hamilton (McLaren e Mercedes) e muitos outros.
 
A exceção é Fangio, que venceu com quatro equipes distintas: Alfa Romeo, Mercedes, Ferrari e Maserati. Enzo Ferrari dizia que o argentino sabia escolher o melhor carro, mas parecia mesmo que a presença de Fangio fazia com que o seu carro tornasse o melhor do grid.
Juan Manuel Fangio venceu a primeira edição do GP de Mônaco de F1 (Foto: Forix)
Campeão consecutivo
 
Fangio venceu quatro campeonatos consecutivos entre 1954 e 1957. Foi necessário esperar 30 anos até um piloto vencer de forma consecutiva de novo (Prost, 1985-86). Somente Schumacher, no auge da sua carreira com a Ferrari nos anos 2000, superou o argentino, empilhando taças entre 2000 e 2004.
 
Os pontos destacados acima jogam holofotes sobre o papel de Juan Manuel Fangio na história. Afirmar que o lendário argentino conquistou cinco títulos mundiais de F1 é muito pouco para o que ele representou e seguirá representando para a história do esporte a motor como um todo.

Paddockast # 44
RETROSPECTIVA 2019: MUITO QUE BEM, MUITO QUE MAL

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