Opinião GP: Em ano equilibrado, F1 ainda tem desafio de lidar com GP de Mônaco previsível e de pouca ação

A vitória de Daniel Ricciardo em Mônaco foi brilhante e competente, mostrando que a F1 vive um campeonato bem equilibrado e competitivo. Mas a corrida monegasca em si deixou a desejar em ação. Uma vez mais, as ultrapassagens foram escassas e a gestão dos pneus teve mais importância, o que levanta um questionamento sobre a dinâmica das provas em Monte Carlo com esta nova geração dos carros e deixa um desafio àqueles que comandam o Mundial

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"EXTREMAMENTE CHATA. Quer dizer, essa provavelmente é a corrida mais chata da F1. Sem um safety-car, uma bandeira amarela… O esporte precisa pensar um pouco sobre o espetáculo, porque é bem decepcionante". A opinião é de Fernando Alonso, que ganhou a companhia do líder do campeonato Lewis Hamilton: "A mais chata de todas. Foram as 78 voltas mais longas de todas, não foi uma corrida. Não teve qualquer emoção. Não houve nenhuma ação. Quando a prova acabou, apenas agradeci."
 
Não foram só os dois astros do grid que mostraram decepção com a falta de ação do GP de Mônaco, em que os seis primeiros colocados cruzaram a linha de chegada nas mesmíssimas posições em que largaram. Pelas redes sociais, também se espalharam queixas contra as dificuldades de ultrapassagem e a grande dependência da estratégia e dos pneus. Não foi difícil ver quem questionou a presença do Principado no calendário até.
 
E é válido pensar nisso diante do que se viu neste domingo. Mas simplesmente descartar um dos GPs mais importantes da história da F1 e do próprio calendário não parece ser a resposta. Como Alonso mencionou, a questão é começar a pensar no público e em como adaptar essa nova era do Mundial a uma pista antiga e que traz tanto valor à disputa, uma vez que a vitória nas ruas apertadas do circuito à beira do Mediterrâneo faz parte do que compõe a Tríplice Coroa.
Daniel Ricciardo nos braços da Red Bull em um fim de semana de glória (Foto: Red Bull Content Pool)
Além da natureza complicada do traçado, um dos problemas deste ano esteve ligado também aos pneus. Os pilotos optaram por reduzir bem o ritmo por conta da fragilidade dos hipermacios e ultramacios (os compostos mais macios da gama da Pirelli) levados para a corrida. Um pit-stop extra, por exemplo, significaria uma perda grande em termos de posição de pista, já que as ultrapassagens não são fáceis. O drama vivido por Hamilton foi a maior prova. Mas a Pirelli segue aquilo que lhe pedem.

Responsável pelo programa de F1 da fornecedora de pneus, Mario Isola comentou que, no caso da corrida monegasca, não esperava que as equipes escolhessem os compostos mais macios para a prova. Para Isola, a opção teria sido pelos supermacios (a opção mais ‘dura’), que poderiam durar mais, mas com menor desempenho. Antes da temporada 2017, a fabricante atendeu ao pedido de produzir pneus que durasse mais, e isso aconteceu. Mas o cenário mudou a partir da introdução de compostos ainda mais macios neste ano.

"Precisamos decidir o que queremos. Se eles desejam, podemos construir pneus mais consistentes e menos sensíveis ao superaquecimento. Se formos para uma linha mais macia e aumentar o desgaste, então também teremos o superaquecimento, e isso é algo que não querem. Eu acho que todos são capazes de andar forte, mas se a opção para o futuro for os compostos mais macios, então o ritmo será menor", explicou o italiano.

De fato, é um ponto interessante. 

Os pneus também desempenham um fator importante para definir a vitória (Foto: Xavi Bonilla/Grande Prêmio)

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Há também como solução uma mudança no traçado – principal alvo de revolta. O Príncipe Albert revelou em abril passado que planeja promover uma transformação no circuito. A ideia é 'invadir' um pedaço do mar e aumentar sua área de terra – e isso ao custo de € 2 bilhões, ou R$ 8,5 bilhões, aproximadamente. Tais alterações poderiam influenciar nos trechos pelos quais os carros da F1 passam. Mas o próprio membro da realeza entende que é um negócio para 2025 e ainda está no papel. Ok. Então, em termos mais práticos, a questão fica mesmo a cargo daqueles que comandam a F1. E é um desafio e tanto.
 
Na verdade, os homens do Liberty Media já começaram a pensar, junto com as equipes, em maneiras de facilitar as ultrapassagens. Ou seja, os regulamentos técnico e esportivo devem ser revistos. No momento, os times, a FIA (Federação Internacional de Automobilismo) e os detentores dos direitos comerciais trabalham nisso. E buscam uma mudança já para 2019. Essa urgência veio logo depois do GP da Austrália, que também apresentou um número pequeno de manobras de ganho de posição.
 
Tudo gira em torno dos carros atuais. Embora mais largos e com maior aderência mecânica, os modelos enfrentam, por conta do refinamento da parte aerodinâmica para torná-los ainda mais velozes, uma intensa turbulência e perdem downforce quando se aproximam do rival à frente, daí a imensa dificuldade de ultrapassar. Agora, a ideia é seguir ainda pelo caminho da aerodinâmica para neutralizar esses problemas.
 
Dentre as medidas, estão a adoção de uma asa dianteira simplificada e com maior envergadura, dutos de freio dianteiro mais simples e sem aletas, além de uma asa traseira maior e mais profunda. Só que a iniciativa não agradou a todos. A Red Bull, por exemplo, enxerga a decisão em mudar de imatura e questionou a velocidade com que as regras foram aprovadas. Já Sebastian Vettel criticou e disse que o rumo tomando pelos mandatários é cômico. Certamente, deixa muito a pensar. E, de fato, não parece ser suficiente e até precipitado. 
 
E é necessário aproveitar o momento também. 2018 vem sendo pródigo para a maior das categorias. Ao contrário do que aconteceu nos últimos anos, o campeonato acompanha um equilíbrio de forças. Os três primeiros colocados do Mundial possuem duas vitórias cada, há uma evidente separação entre pontos fortes e fracos de cada uma das equipes do top-3, e não há mais um time dominante. Ou seja, não falta competitividade. Mas é imprescindível que o Mundial ouça seu público. 
Os três primeiros colocados do GP de Mônaco deste domingo (Foto: Red Bull Content Pool)
Ao fim e ao cabo, a F1 precisa urgentemente refletir sobre que tipo de espetáculo quer apresentar aos fãs em Mônaco. E Alonso resumiu bem essa pressa: "Nós provavelmente precisamos dar algo aos fãs no fim de tudo. Ao menos, para valer o ingresso."
Opinião GP é o editorial do GRANDE PRÊMIO que expressa a visão dos jornalistas do site sobre um assunto de destaque, uma corrida específica ou o apanhado do fim de semana de automobilismo.
 
 
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