Presidente reclama e diz que FIA “nunca leva crédito” por melhorias na F1: “Só bobagem”
Mohammed Ben Sulayem ainda se queixou que o Liberty Media, detentor dos direitos comerciais, recebe muito mais créditos — e dinheiro — pelo trabalho realizado em conjunto com a FIA
As constantes críticas que a Federação Internacional de Automobilismo (FIA) recebe pelas controversas decisões nos fins de semana de corrida tem incomodado Mohammed Ben Sulayem. O presidente expôs a insatisfação ao comentar que a entidade nunca leva crédito pelos esforços para melhorar a Fórmula 1, pelo contrário: só recebe “bobagem”.
Sulayem assumiu a presidência da FIA em dezembro de 2021 e, desde então, coleciona polêmicas, sobretudo por embates contra os pilotos. A última envolveu Max Verstappen, punido com a realização de serviços comunitários por ter falado um palavrão em uma das coletivas em Singapura.
Paralelo a isso, no entanto, a federação tem buscado soluções para aprimorar questões esportivas na categoria, como os limites de pista — também alvo de muitas reclamações. Um dos recursos, por exemplo, foi aplicado no Red Bull Ring, na Áustria, e ajudou a acabar com o festival de punições visto na etapa anterior, em 2023.
Além disso, durante a atual gestão de Ben Sulayem, a FIA introduziu um centro de operações remoto para auxiliar o controle de corridas e ainda lançou um programa para treinar e orientar comissários e diretores de corrida. O órgão regulador também criou um departamento de oficiais para auxiliar no recrutamento de fiscais.
O mandatário, então, foi questionado pelo site da revista inglesa Autosport sobre o trabalho recente da FIA e se acredita que ela recebe os devidos créditos. “Não, nunca receberemos o crédito. Impossível. Só receberemos bobagem. Isso eu sei.”
Em seguida, queixou-se a respeito da desigualdade de reconhecimento financeiro que existe entre a federação e o grupo detentor dos direitos comerciais da categoria, o Liberty Media. “Todo mundo ganhou dinheiro com a FIA, todo mundo, exceto ela.”
“Todos recebem o crédito, menos a FIA. É verdade. Quando assumi o cargo, tínhamos um custo operacional corrente de menos US$ 20 milhões (R$ 108 milhões, na cotação mais recente). Por quê? Porque temos nossa renda como todo mundo”, acrescentou.
“Mas vejamos os promotores… E que bom para eles, eu os parabenizo, são inteligentes o suficiente para fazer isso… Mas serei muito, muito honesto, como sempre. O Liberty Media fez um ótimo trabalho ao transformar a Fórmula 1. Eu desafaria [o acordo] se pudesse voltar no tempo? De jeito nenhum. Não desfaria, mas apenas me certificaria de que a FIA estivesse em pé de igualdade com eles”, salientou.
Ben Sulayem seguiu o discurso. “Eles são bons promotores, sim. Se me perguntam hoje: existe alguém que seja tão capaz quanto eles? Vejo que não. Eu os apoio no que estão fazendo. A FIA trabalha com eles da melhor forma. Mas os regulamentos e a governança são trabalho da FIA.”
“Portanto, que todos ganhem dinheiro. Que os pilotos se divirtam, corram de forma segura e ganhem dinheiro. E que os chefes de equipe ganhem mais dinheiro, e estão ganhando. Mas a FIA nunca receberá o crédito. Impossível”, encerrou Ben Sulayem.
A Fórmula 1 agora só volta entre os dias 18 e 20 de outubro para o GP dos Estados Unidos, em Austin.
Inscreva-se nos dois canais do GRANDE PRÊMIO no YouTube: GP | GP2
LEIA TAMBÉM: Verstappen à frente, mas contra avalanche laranja: como F1 2024 chega à reta final