Racing Point imperfeita cria briga mais empolgante do pelotão médio nos últimos anos
Se a Racing Point aproveitasse cada oportunidade, estaria sobrando em terceiro no Mundial. Que bom que não conseguiu: a equipe criou briga intensa com McLaren e Renault, que têm agora plenas chances de superar a favorita inicial
A Racing Point começou o ano como franca favorita ao terceiro lugar no Mundial de Construtores. A equipe essencialmente copiou a Mercedes de 2019 e parecia atrás apenas da atual campeã e da Red Bull. Só que a história não seria tão simples assim: a equipe rosácea não consegue extrair os melhores resultados e, de quebra, carrega uma perda de 15 pontos nas costas. Com McLaren e Renault em nível bem próximo, está pronta a receita: a Fórmula 1 se vê com uma briga acirradíssima pela premiação relativa ao terceiro posto no Mundial.
A briga fica apertada porque, em condições normais, a Racing Point já poderia ter vantagem mais confortável. Os acidentes recentes de Lance Stroll, nos quais não teve culpa alguma, fazem falta. Uma possível atuação superior de Sergio Pérez nas corridas de Silverstone, que perdeu por coronavírus, também. Some a isso os 15 pontos perdidos por copiar dutos de freio e temos a esquadra em quarto no Mundial. McLaren e Renault, que tiveram rendimento bem mais apagado em certas corridas, se colocaram em patamar quase idêntico, com uma em terceiro e a outra em quinto.
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E quem diz isso não é somente este que vos escreve. Até mesmo Andreas Seidl, chefe da McLaren, tem a sensação de que o carro da Racing Point é simplesmente superior.
“Acredito que em termos de potencial do carro, a Racing Point está na mesma situação dos testes de Barcelona. É, sem dúvidas, o carro mais rápido nessa disputa, assim como está claro que a Renault deu um grande passo adiante de Spa para cá”, disse Seidl, entrevistado pelo site Crash.
Alguém poderia argumentar que, caso pare de vacilar, a Racing Point tem tudo para criar alguma vantagem e se consolidar em terceiro. E seria assim no começo do ano, mas há um porém: a evolução da equipe vêm em ritmo mais lento do que as de Renault e McLaren, por exemplo. Em outras palavras, aquela vantagem nítida que existia na pré-temporada se esvaiu e já não é suficientemente grande. O rendimento superior dos rosáceos em Sóchi é um sinal positivo, mas que não traz garantia alguma para os próximos meses.
A próxima corrida, o GP de Eifel em Nürburgring, é o que deve trazer panorama mais claro sobre a briga no pelotão médio. Salvo algum contratempo, será a primeira vez com duas Racing Points equipadas com pacotes de atualizações – em Mugello e Sóchi, só Stroll foi contemplado. Um fim da semana superior da escuderia britânica na Alemanha significaria uma boa vantagem no Mundial, mas é difícil crer que uma briga tão apertada subitamente ganhe uma favorita para os próximos meses.
A Racing Point obviamente quer terminar em terceiro, mas não é questão de vida ou morte. Ao contrário do visto nos dias paupérrimos de Force India, a escuderia já tem dinheiro de sobra na gestão Lawrence Stroll. Em outras palavras, a diferença da premiação entre o terceiro, o quarto e o quinto lugares não faz ninguém perder o sono em Silverstone. Em Woking, sim: a McLaren sofre muito com as consequências da pandemia, tomando medidas como demissão em massa de funcionários, venda de ações e até mesmo da própria sede. Terminar acima de Racing Point e Renault seria enorme alívio.
Só que quem ganha mesmo com isso tudo é o público. Os últimos anos não foram muito empolgantes no Mundial de Construtores, que em anos recentes sempre teve uma equipe média um patamar acima das outras. Em 2017, a Force India; em 2018, a Renault; em 2019, a McLaren. Em 2020, por sua vez, começamos a segunda metade da temporada sem qualquer convicção sobre quem terminará acima. A cereja no bolo é que, com a Ferrari afundando, essa briga deixa de ser pelo quarto posto e passa a ser pelo terceiro.
Seria muito bom se a F1 inteira fosse assim, incluindo também a briga pelo título, e talvez estejamos nessa direção mesmo. Claro que é uma previsão envolvendo dose considerável de otimismo, mas a chegada do teto orçamentário tem exatamente esse propósito: aproximar realidades, eliminar discrepâncias. E é isso que permite Racing Point, McLaren e Renault brigando como se não houvesse amanhã: são três equipes de porte médio e com pilotos de níveis semelhantes (alto). É bem verdade que uma delas tem a grana de Lawrence Stroll e o envolvimento confirmado de uma montadora, mas essas são variáveis que ainda não tornaram a escuderia rosácea numa potencial do automobilismo.
Vamos para a reta final da temporada 2020 com os títulos de Pilotos e Construtores já essencialmente resolvidos. Sem surpresas, para Lewis Hamilton e Mercedes. Se você quiser acompanhar brigas realmente incertas, talvez o único jeito seja olhar um pouco mais para trás e se deixar surpreender.
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