Red Bull diz que ficou “perdida” em 2024: “Problema nunca será totalmente corrigido”
Diretor-técnico da Red Bull, Pierre Waché explicou que a equipe se deparou com um problema de correlação em 2024 — ou seja, as direções de desenvolvimento obtidas no túnel de vento não se converteram em resultados na pista
O prognóstico da Red Bull para a temporada 2025 da Fórmula 1 está longe de ser dos mais animadores, ao menos para o diretor-técnico, Pierre Waché. Ele explicou que o principal problema da equipe no ano passado foi a falta de correlação entre o desenvolvimento obtido no túnel de vento com os resultados nas pistas — e isso é algo que “nunca será totalmente corrigido”.
A Red Bull até começou a temporada de 2024 bem, com vitórias em quatro das cinco primeiras corridas — todas com Max Verstappen. Só que a atualização de Miami levada pela McLaren forçou os taurinos a ter de aprimorar ainda mais o RB20.
Veio, então, a esperada atualização do GP da Espanha, mas acabou não surtindo o efeito esperado, pelo contrário: cada vez mais Verstappen reclamava do equilíbrio, principalmente nas curvas, e também da impossibilidade de atacar as zebras.
Waché explicou ao site da revista inglesa Autosport que a Red Bull se deparou com um problema de correlação, que é quando todas as informações e soluções obtidas em túnel de vento, softwares e simulador não correspondem da mesma forma na prática — ou seja, na pista.

“Quando você tem um problema de correlação, com certeza está um pouco perdido. Você não pode mais confiar nas ferramentas que tem. E quando isso acontece, tem de encontrar uma maneira de modificar as ferramentas para encontrar essa correlação novamente”, disse Waché.
“Portanto, você fica perdido quanto a ter dúvidas sobre tudo o que está fazendo. Não perde, mas tem dúvidas sobre os resultados que suas ferramentas lhe dão”, salientou, sendo bastante sincero ao declarar que tais dificuldades “nunca serão totalmente corrigidas”, já que é impossível ter uma correspondência 100% fiel entre virtual e real.
O regulamento estável também complica, uma vez que as margens para melhorias estão ficando cada vez menores, o que exige um grau maior de precisão nas fábricas. Por isso que os problemas de correlação causam um impacto maior.
“Quando se tem o mesmo tipo de regulamentação por certo período de tempo, os ganhos que se obtém começam a ser muito pequenos, e os requisitos de precisão são ainda maiores. Procura-se por pequenas coisas. Na parte aerodinâmica — e é a mesma da suspensão —, procura-se por dois ou três pontos de downforce no assoalho, na carroceria, etc. Isso afetará o resto do carro e também algumas áreas que não foram testadas no túnel de vento, simplesmente porque não se pode testá-las em CFD (dinâmica de fluído computacional, da sigla em inglês). É neste estágio que começa a se tornar perigoso”, seguiu.

“O delta [ganho de desempenho] que se tenta encontrar é pequeno e, em segundo lugar, tem-se um problema de correlação porque não consegue reproduzir algo físico. Por definição, trabalha-se com um modelo menor [no túnel de vento], e não com a realidade, mas todas as outras equipes têm o mesmo problema, sendo sincero”, completou o diretor.
A previsão é que o novo túnel de vento da Red Bull só esteja em funcionamento em 2026. Como, então, melhorar essa correlação para a temporada que se inicia em março, na Austrália? Waché argumenta que é possível evoluir “nas áreas que entendemos”.
“Mas na Fórmula 1, você está sempre à mercê de ter outro problema. É a realidade e é a razão pela qual estamos aqui, para tentar antecipar os contratempos que teremos. É perigoso confiar cegamente no sistema. Não digo que não seja necessário, mas é preciso garantir que tudo seja colocado em perspectiva e que não se reproduza na pista exatamente o que se testa”, continuou.
“Uma equipe só pode ser boa quando se tem dúvidas e nunca certezas de si mesma. Se você tem certeza de si mesma, sabe que é um fracasso”, refletiu. “Sendo bem honesto: o que enfrentamos durante o ano passado, como engenheiro, acho muito positivo. Quando se está vencendo, nunca se olha para os problemas ou detalhes no mesmo nível comparado a quando se está tendo problemas na pista. Quando você não é mais o mais rápido, então analisa e aprende. E quanto mais você aprende, mais investimento é para o futuro”, encerrou Waché.
Por enquanto, a Fórmula 1 está oficialmente de férias. A próxima atividade é exatamente a sessão única de testes coletivos de pré-temporada, marcada para os dias 26, 27 e 28 de fevereiro, no Bahrein. A temporada 2025 começa com o GP da Austrália, nos dias 14-16 de março.
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