Retrospectiva 2024: Verstappen fica perto da perfeição para selar tetra na F1

Max Verstappen não teve em 2024, nem de perto, o número de vitórias que encaixou em 2022 e 2023, mas talvez tenha vivido a melhor temporada da vida para conquistar o tetra da F1. É que o neerlandês não teve o melhor carro do grid a maior parte do ano e fez coisas como a vitória épica no GP de São Paulo

A Retrospectiva 2024 da F1 traz no primeiro dia a história do tetracampeonato de Max Verstappen. Em uma temporada que beirou a perfeição, o neerlandês faturou o título até com a antecedência, mesmo sem ter o melhor carro na maior parte do ano. Pilotou de terno.

O curioso é que o campeonato começou bem diferente, não havia o menor sinal de que isso aconteceria. Nas cinco primeiras etapas, Max ganhou quatro, incluindo a sprint do GP da China. Ali, por mais que tivesse abandonado o GP da Austrália com problemas no RB20, tinha cara de 2023 2.0, aquele típico título nadando de braçadas, sem dar chances aos rivais. Tudo mudaria no GP de Miami.

O campeonato foi para as ruas da Flórida com Verstappen na dianteira, com 110 pontos, seguido pelo companheiro Sergio Pérez, que tinha 85. Só isso, levando em conta o que foi o ano do mexicano, já mostra bem como a Red Bull era uma até Miami e outra dali para frente, quando as rivais passaram a atualizar os carros. Lando Norris era quinto, com 58, atrás da dupla da Ferrari. Esse é um número bem importante.

É que a McLaren se transformou a partir do pacote que levou para Miami, virou do avesso a ordem de forças. Sem escalas, os papaias viraram os mais fortes do ponto de vista técnico, em um campeonato em que ainda teria Ferrari e até Mercedes em destaque. E uma Red Bull assustadoramente perdida, errando rude em atualizações e transformações no carro em meio a caos interno com Christian Horner e o baque violento da saída de Adrian Newey.

Adrian Newey deixou a Red Bull e sacudiu as estruturas do time (Foto: Red Bull Content Pool)

Em Miami, porém, Verstappen ainda passou raspando de vencer, derrotado por Norris em um acionamento para lá de esquisito do safety-car, que basicamente definiu ali quem sairia com o triunfo. Foi depois daquilo, porém, que veio a grande sequência de Max no ano e que, no fim das contas, decidiria o campeonato lá na frente.

Entre Emília-Romanha e Espanha, em quatro etapas, Verstappen venceu três. E todas com Norris em segundo. Já estava claro que a McLaren tinha chegado e ficava evidente o fato de que o neerlandês triunfaria se tivesse condições ao menos parecidas. No meio disso teve um GP de Mônaco tenebroso da Red Bull, mas lá quem dominou foi a Ferrari, nada muito grave. O problema maior viria na sequência.

Verstappen passou inacreditáveis dez etapas sem vencer entre a Áustria e o México em uma série de corridas que a Red Bull tentou de tudo. E errou praticamente de tudo. Foram só quatro pódios no período para o neerlandês e a certeza de que tudo só não foi para o ralo porque Norris venceu apenas duas vezes no mesmo período.

Aliás, aqui também foi uma sequência crucial em termos de pilotagem. Por mais que Verstappen tenha passado longe do triunfo em várias dessas corridas, errou pouquíssimo, quase sempre pareceu no limite. Era uma fase tão ruim da Red Bull que os austríacos, em determinado momento, deixaram de tentar melhorar o carro e só tentaram deixar o RB20 menos desconfortável para Max. Meio que foi suficiente.

Lando Norris e Max Verstappen tiveram forte embate na Áustria (Foto: Reprodução/F1)

Não dá para perder de vista, também, que o agora tetracampeão teve lá seus momentos de Max do velho testamento ao bater em Norris na Áustria e quase repetir a dose no México. Só que aquilo tudo só parece ter mexido mais com a cabeça de Lando, que não cresceu, não foi para cima, parece que se sentiu mais ameaçado e fugiu dos embates.

Depois do México e daquela sequência que mexeu muito com o humor de Verstappen, 47 pontos separavam o neerlandês de Norris e o campeonato ensaiava se abrir. A chance de escancarar veio em Interlagos, mas virou uma fechada de porta na cara violenta.

Lando venceu a sprint com ajuda de Oscar Piastri e dava sinais de que dominaria o fim de semana em São Paulo. Mesmo quando a chuva surgiu, Max teve uma classificação de pesadelos que viru um 17º lugar no grid, enquanto Norris saía da pole. Em números: quando as luzes se apagaram no domingo à tarde, a distância entre os dois ficava em 19 pontos.

Só que aquilo não durou nem alguns metros. O inglês fez outra largada ruim e Max, enquanto isso, uma das maiores primeiras voltas de todos os tempos. Não satisfeito, o neerlandês fez também uma das maiores atuações da história e venceu na chuva de Interlagos, dando uma aula de ultrapassagens e pilotagem. Norris, enquanto isso, foi se arrastando até sexto, empilhando erros. O campeonato, na prática, acabou ali mesmo, junto com o jejum de triunfos de Verstappen.

Max Verstappen foi, com muitos méritos, o campeão da F1 2024 (Foto: FIA)

O título veio matematicamente na sequência, em Las Vegas, quando Max chegou em quinto e Lando, numa McLaren perdida, foi sexto colocado. O tetra ainda foi ganhar no Catar, em um raríssimo suspiro da Red Bull, que ganhou vida depois de uma sprint muito ruim. Na última corrida, em Abu Dhabi, já num total ritmo de férias, foi sexto depois de quase fazer a McLaren perder o Mundial de Construtores.

Max deixa 2024 muito em alta depois do título em que precisou guiar mais na vida. Mas 2025 chega em tom de preocupação, afinal, a McLaren e a Ferrari tendem a começar mais fortes e a Red Bull, no fim das contas, parece ter perdido a mão. É ver se pelo menos o neerlandês fica mais confortável no próximo carro, talvez baste.

Fórmula 1 está oficialmente de férias e dá adeus a 2024. A próxima atividade é a sessão de testes coletivos de pré-temporada, marcada para os dias 26, 27 e 28 de fevereiro, no Bahrein. A temporada 2025 começa com o GP da Austrália, entre os dias 14 e 16 de março.

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