Sauber eleva status de ‘equipe zumbi’ ao quadrado e piora com força o que já era ruim
Ruim em 2023, pior em 2024. A Sauber reforça cada vez mais o status de 'equipe zumbi' enquanto espera pela chegada da Audi e, em uma primeira parte de temporada abismal, consegue o feito de piorar o que já era terrível
Desde que a Audi confirmou que entraria na Fórmula 1 ao adquirir as ações da Sauber, o time suíço vive uma realidade curiosa na categoria. A espera pela chegada dos alemães a partir de 2026 fez com que a tradicional esquadra assumisse uma identidade de ‘equipe zumbi’, que parece apenas contar os dias de forma protocolar até que uma nova realidade se apresente. E, enquanto o grid se mexe para buscar atualizações a cada rodada, a esquadra de Valtteri Bottas e Guanyu Zhou parou no tempo e conseguiu transformar o que já era horrível em 2023 em algo ainda pior em 2024.
Depois do penúltimo lugar em 2023, ainda como Alfa Romeo, a Sauber entrou em 2024 com uma execução de corrida que não seria perdoada nem na Fórmula 3. Erros seguidos em pit-stops, causados por uma defasagem grande de tecnologia, aconteceram aos montes e deram ao time de Hinwil os únicos momentos de destaque até aqui. Isso para não citar as estratégias esquisitas e mais um campeonato totalmente apagado de Zhou.
Das dez equipes da Fórmula 1 atual, a Sauber é a única que ainda não conseguiu somar um pontinho sequer. A Williams contou com brilhos de Alexander Albon para levar um carro ruim aos pontos, enquanto até a Alpine — a maior bagunça da categoria já há alguns anos — conseguiu melhorar aquele que era o pior conjunto do grid na abertura da temporada. De fato, a única que não consegue sair do lugar é a equipe suíça.
Depois do 11º lugar de Zhou no Bahrein, primeira corrida da temporada, a Sauber parece ter se conformado com o posto de pior equipe do grid. A solução dos problemas nos pit-stops não se traduziu em resultados, e o máximo que o carro preto e verde conseguiu foi o 13º posto com Bottas em Mônaco e Canadá. É comum passar por um corrida inteira sem nem sequer ver os carros na transmissão.
Nem mesmo em etapas com condições externas malucas, como Canadá e Inglaterra, a Sauber conseguiu aproveitar. Pior: nunca deu indícios de que poderia sequer sonhar com alguns pontinhos, já que o ritmo não existe e o carro não funciona em diversas áreas. O desgaste dos pneus é acentuado, o comportamento em curvas de baixa é inconstante e a velocidade nas de alta é claramente insuficiente. Em resumo, um horror.
Muito se questionou sobre como seria o 2024 da Sauber, com uma influência maior da reestruturação gerada pela chegada da Audi, mas absolutamente nada se traduziu em desempenho. O mais preocupante, entretanto, é que até a marca alemã parece enrolada nos próprios passos, com um corpo diretor que acaba de passar por nova reformulação depois de uma rixa interna — isso tudo antes mesmo de entrar na categoria.
O horizonte é extremamente nebuloso. Mesmo com a promessa de entrada de uma montadora tradicional como a Audi, o projeto não foi capaz de atrair nomes como Carlos Sainz e Esteban Ocon, que preferiram fechar com Williams e Haas, respectivamente. Nico Hülkenberg, em um último suspiro para tentar ser competitivo na Fórmula 1, abraçou a oportunidade, mas muito mais como alguém que não tem mais nada a perder aos 36 anos.
Para aqueles que se lembram da temporada 2022, a então Alfa Romeo era uma equipe que conseguia pontuar com certa regularidade, principalmente na metade do ano, e que terminou na sexta posição do Mundial de Construtores, com 55 tentos — empatada com a Aston Martin. Dali em diante, foi só ladeira abaixo: penúltimo lugar em 2023 e último até o momento em 2024.
Parece que a chegada da Audi ligou um modo de espera na Sauber, que estagnou completamente e viu as rivais ao redor crescerem — mesmo que pouco. O resultado, como não poderia deixar de ser, é a lanterna e a sensação de que seria necessário um milagre para colocar um dos carros no top-10.
Tudo isso se torna ainda mais surpreendente ao lembrarmos da pré-temporada, quando o time suíço parecia à frente de Alpine e Williams. A proximidade da entrada da Audi gerou a sensação de que alguma evolução ocorreria em relação ao ano passado, mas a história contada passou longe disso. Pelo contrário: a ‘equipe zumbi’ ficou ainda mais letárgica e fez uma primeira metade de temporada miserável.
Nada funciona, as declarações dos pilotos são sempre em tom de lamentação e as movimentações da Audi nos bastidores causam fortíssimas dúvidas sobre a organização interna, que agora recebeu a adição de Mattia Binotto para tentar dar novo rumo a um barco que já parece furado. Igualar o desempenho de 2023 já é algo absurdamente distante, mas fechar o ano zerada seria uma vergonha que certamente respingaria na imagem de uma marca que ainda nem começou a correr na categoria. As atualizações não funcionam, as estratégias de corrida não ajudam e a luz no fim do túnel, pelo menos sob a identidade atual, não existe. A única surpresa que o time conseguiu trazer para 2024 foi cumprir com louvor a tarefa de piorar o que já era ruim.
A Fórmula 1 voltará às pistas após as férias de verão entre os dias 23 e 25 de agosto para o GP dos Países Baixos, em Zandvoort.
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