Pérez vence após cair para último e Russell perde por problema no pneu no GP de Sakhir
Quem poderia imaginar que Sergio Pérez venceria uma corrida no momento em que ainda procura emprego na Fórmula 1 em 2021? Foi o que aconteceu no inacreditável GP de Sakhir desta noite de domingo
Inacreditável, insano, espetacular, sensacional. O GP de Sakhir deste domingo (6) foi tudo isso e muito mais. Uma corrida empolgante do início ao fim de 87 voltas teve Sergio Pérez como vencedor pela primeira vez na Fórmula 1. O mexicano viu a prova quase perdida ao ser envolvido num acidente na primeira volta por Charles Leclerc, que abandonou junto com Max Verstappen.
Pérez caiu para último e, desde então, escalou o pelotão com grandes ultrapassagens e uma postura marcante para caracterizar a grande temporada que faz em 2020. O mexicano, traído pelo azar no GP do Bahrein da semana passada, desta vez contou com a sorte para ver a vitória cair no colo depois que George Russell, grande estrela da corrida, foi chamado pelos boxes da Mercedes após sofrer com um pneu furado nas voltas finais, quando ameaçava a liderança do mexicano.
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Esteban Ocon, com a Renault, conquistou o primeiro pódio da carreira ao terminar na segunda colocação, enquanto Lance Stroll fechou uma jornada espetacular da Racing Point em terceiro lugar.
É preciso exaltar a grande corrida de Pérez, que venceu pela primeira vez na Fórmula 1 justamente no momento em que ainda não tem vaga no grid de 2021. Um triunfo histórico, o terceiro de um mexicano na Fórmula 1 e o primeirao desde Pedro Rodríguez no GP da Bélgica de 1970. Mas também se faz necessário falar sobre a corridaça que fez Russell. Em sua primeira prova pela Mercedes, o britânico tomou a ponta de Valtteri Bottas logo na largada e foi muito forte ao longo de todas as voltas. George foi traído por uma trapalhada surreal da equipe de Brackley no pit-stop, mas reagiu com uma ultrapassagem humilhante para cima de Bottas, o maior perdedor de todo o fim de semana.
Mesmo com a queda para as últimas posições por conta de um pit-stop inesperado no fim por conta de um furo de pneu, Russell reagiu novamente para terminar a corrida na nona posição, logo atrás de Bottas, que perdeu muita performance no fim para fechar em oitavo.
Carlos Sainz colocou a McLaren em quarto. Daniel Ricciardo, com a Renault, foi o quinto, seguido pela Red Bull de Alexander Albon. Daniil Kvyat, da AlphaTauri, foi o sétimo, depois vieram Bottas, Russell e Lando Norris, décimo lugar. Pietro Fittipaldi, em sua estreia na Fórmula 1, fechou em 17º.
Saiba como foi o GP de Sakhir de Fórmula 1
Com toda a expectativa para a corrida no anel externo de Sakhir, a largada foi dada com a presença de um piloto brasileiro no grid da Fórmula 1 pela primeira vez em três anos. Pietro Fittipaldi fechou o grid barenita em 20º lugar, enquanto, lá na frente, George Russell ganhou a posição do pole Valtteri Bottas logo nos primeiros metros.
A corrida não teve o susto como o terrível acidente de Romain Grosjean na semana passasda, mas teve a entrada do safety-car. Max Verstappen e Charles Leclerc, que dividiram a segunda fila do grid, foram parar na barreira de pneus. O monegasco errou na tomada da curva 4 e acertou a Racing Point de Sergio Pérez, que rodou. Verstappen, que vinha logo atrás, não conseguiu frear o suficiente antes de bater na barreira de pneus.
Pérez conseguiu resistir na pista e foi para os boxes para antecipar a troca de pneus, caindo para 18º e último dentre os que estavam na pista. Russell aparecia em primeiro, com Bottas em segundo e Carlos Sainz em terceiro com a McLaren, seguido por Daniel Ricciardo, da Renault, e Daniil Kvyat, da AlphaTauri.
A bandeira verde foi acionada na volta 7 de 87 da corrida em Sakhir. Pela primeira vez na carreira, Russell puxou a fila e liderava uma prova na Fórmula 1, tendo de comandar o grid num procedimento de relargada. E enquanto George manteve a dianteira com muita segurança, Bottas tomou ‘calor’ de Sainz, que vinha em ótima performance com pneus macios, contra os médios do finlandês.
A outra McLaren, de Lando Norris, também brilhava na prova, com o britânico aparecendo em nono depois de ter largado dez posições atrás.
Pérez fazia uma ótima corrida de recuperação e já aparecia em 11º depois de ter superado a Ferrari de Sebastian Vettel. Quem tinha muita dificuldade para imprimir algum ritmo era Alexander Albon, que andava em décimo lugar, mas já começava a sofrer com a pressão do mexicano.
Bottas tentava se aproximar de Russell e forçava o ritmo para reduzir a vantagem do britânico. Pouco mais atrás, Pérez encostava de vez na Red Bull de Albon, que, por sua vez, tentava passar a McLaren de Norris em confronto pelo nono lugar. O anglo-tailandês fez uma bela manobra de ultrapassagem e trouxe o mexicano junto, o que não amenizou a pressão.
Na volta 22, Pérez sequer tomou conhecimento de Albon e fez a ultrapassagem com autoridade e mostrou para a Red Bull que merece uma vaga na próxima temporada. ‘Checo’ subiu para nono e passava a pressionar Esteban Ocon. Albon dizia que o carro estava rápido, mas que, ao mesmo tempo, não conseguia disputar posições.
Quando a corrida entrou no seu segundo terço, as equipes começaram a chamar seus pilotos para os primeiros pit-stops na prova. Russell tinha 2s7 de frente para Bottas, enquanto Ricciardo era o terceiro na volta 30 depois que Sainz foi aos boxes fazer sua troca de pneus. O australiano entrou nos pits em segunda e fez com que Stroll subisse para terceiro, com Ocon em quarto e Pérez em quinto depois de ter despencado para o fim do grid.
Bottas, por mais que se esforçasse, não conseguia se aproximar de Russell que, ao contrário, abria um pouco de vantagem. O inglês ia além ao falar que, com 41 voltas com os compostos médios, avisava à equipe: “Meus pneus estão bons”. Quem também chamava a atenção no quesito gestão de pneus era Stroll, em terceiro e com mais de 40 voltas com os compostos macios.
Stroll fez seu pit-stop na volta 43, calçando pneus médios para ir até o fim. O canadense voltou à frente de Ocon, que fez sua parada na volta anterior, mas o francês foi valente e conseguiu efetuar a ultrapassagem ao aproveitar os pneus mais frios de Lance. Pérez, com as paradas para os pit-stops, subia para o terceiro lugar.
Russell foi aos boxes para trocar pneus e colocar os compostos duros na volta 46. Bottas assumiu provisoriamente a ponta, enquanto o britânico relatava falta de potência no motor. Contudo, no giro seguinte, o dono do carro #63 marcou a então volta mais rápida da corrida, tirando qualquer dúvida.
Um dos momentos decisivos da prova aconteceu na volta 50, quando Bottas fez seu pit-stop. Russell cruzou a reta dos boxes e reassumiu a liderança com uma vantagem pra lá de confortável: 8s5. Quem também fez sua parada foi Pérez, com a Racing Point colocando pneus duros para o mexicano ir até o fim da corrida.
A ordem da corrida após as trocas de pneus tinha Russell na frente, seguido por Bottas, Sainz em terceiro, Kvyat em quarto e Ricciardo caindo para quinto, com Ocon em sexto, Stroll e Pérez vindo logo atrás.
Com 56 voltas, a direção de prova acionou o safety-car virtual por conta da posição da Williams de Nicholas Latifi, que ficou parada à altura da curva 9. A McLaren aproveitou para chamar Norris e Sainz para um pit-stop extra, colocando pneus macios, o mesmo procedimento feito pela Ferrari com Vettel. Mas a parada do alemão foi muito ruim, com uma considerável perda de tempo na fixação da roda dianteira esquerda.
Pérez voltava a brilhar e, com pilotagem impressionante, superava Stroll após erro do canadense, e Ocon, depois de bela manobra de ‘Checo, que subia para terceiro, só atrás de Russell e Bottas, que se aproximava do britânico e tinha 5s548 atrás após 58 voltas.
A corrida entrou na sua reta final com contornos dramáticos na luta pela vitória. Bottas reduzia drasticamente a vantagem de Russell e tinha 4s6 atrás do companheiro de equipe. Foi aí que a direção de prova acionou novamente o safety-car virtual na volta 63 para remover a asa dianteira do carro de Jack Aitken, que cometeu um erro na curva final e bateu de leve o bólido na barreira de pneus.
Naquele momento, a Mercedes chamou Russell e Bottas para um pit-stop adicional na volta 63. Em princípio, parecia tudo certo na parada do britânico, mas o finlandês levou enorme azar com um grande problema na fixação da roda dianteira esquerda, o que arruinou por completo qualquer chance de vitória de Valtteri. Pérez subiu para segundo lugar.
Só que a Mercedes chamou Russell de novo para os boxes porque notou que havia feito uma trapalhada inacreditável ao misturar os pneus ao colocar os pneus que estavam designados para o carro de Bottas no bólido de Russell, o que não é permitido pelo regulamento.
Com toda essa balbúrdia, a liderança caiu no colo de Pérez, com Ocon em segundo e Stroll em terceiro. Bottas caiu para quarto, e Russell, que parecia estar a caminho da vitória, despencou de líder para quinto.
Depois de um breve momento em que o safety-car chegou a entrar na pista, a prova foi retomada no seu ritmo normal na volta 69. Pouco antes, por muito pouco Stroll não encheu a traseira da Renault de Ocon. Na relargada, Pérez manteve a dianteira e abriu ligeira vantagem.
Em jornada espetacular, Russell não tomou conhecimento de Bottas e colocou de lado para fazer uma ultrapassagem incrível e subir para quarto. Em seguida, na abertura da volta 72, deixou Stroll para trás e ganhou a terceira posição. Pouco depois, foi a vez de Ocon ser ‘jantado’ pelo britânico, que partiu para cima de Pérez quando restavam 13 voltas para o fim. ‘Checo’ tinha 3s3 de vantagem.
Bottas, em contrapartida, se aproximava, mas não conseguia ameaçar Stroll e ficava empacado em quinto. O finlandês era o grande derrotado da noite de domingo, enquanto Russell se aproximava de Pérez na luta pela vitória nas voltas finais.
Com uma performance vergonhosa, Bottas não só não ameaçou Stroll como foi ultrapassado com facilidade por Sainz, Ricciardo, Albon e até Kvyat, despencando para a nona posição.
O mais incrível era que Russell, a caminho de superar Pérez, foi chamado pela Mercedes para mais um pit-stop por conta de um pequeno furo no pneu, com a equipe calçando o carro de George com pneus macios.
Na prática, a vitória ficou no colo do mexicano com sete voltas para a bandeirada. Russell caiu de segundo para P14. Um desfecho espetacular e um pecado com o dono da corrida em Sakhir. Um desfecho de sonho para um piloto que faz sua décima temporada na Fórmula 1 e, mesmo em meio à incerteza sobre seu futuro, chega à glória tão sonhada neste domingo.
Fórmula 1 2020, GP de Sakhir, final:
1 | S PÉREZ | Racing Point Mercedes | 87 voltas | ||
2 | E OCON | Renault | +10.518 | ||
3 | L STROLL | Racing Point Mercedes | +11.869 | ||
4 | C SAINZ JR | McLaren Renault | +12.580 | ||
5 | D RICCIARDO | Renault | +13.330 | ||
6 | A ALBON | Red Bull Honda | +13.842 | ||
7 | D KVYAT | AlphaTauri Honda | +14.534 | ||
8 | V BOTTAS | Mercedes | +15.389 | ||
9 | G RUSSELL | Mercedes | +18.556 | ||
10 | L NORRIS | McLaren Renault | +19.541 | ||
11 | P GASLY | AlphaTauri Honda | +20.527 | ||
12 | S VETTEL | Ferrari | +22.611 | ||
13 | A GIOVINAZZI | Alfa Romeo Ferrari | +24.111 | ||
14 | K RÄIKKÖNEN | Alfa Romeo Ferrari | +26.153 | ||
15 | K MAGNUSSEN | Haas Ferrari | +32.370 | ||
16 | J AITKEN | Williams Mercedes | +33.674 | ||
17 | P FITTIPALDI | Haas Ferrari | +36.858 | ||
18 | N LATIFI | Williams Mercedes | +34 voltas | NC | |
19 | M VERSTAPPEN | Red Bull Honda | +86 voltas | NC | |
20 | C LECLERC | Ferrari | +86 voltas | NC | |
VMR | G RUSSELL | Mercedes | 0:55.404 | volta 80 |
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