‘As pioneiras’: Tatiana Calderón – pilota de testes da Alfa Romeo e primeira mulher a correr na F2

Tatiana Calderón tem buscado seu lugar ao sol no mundo do esporte a motor. Apesar da pouca idade, a colombiana de Bogotá já tem um currículo recheado de conquistas - além de pilota de testes da Alfa Romeo, vai ser a primeira mulher a disputar uma temporada na F2. Com determinação, busca alcançar o sonho de sua vida: chegar à Fórmula 1

Tatiana Calderón tem buscado cada vez mais seu espaço no mundo do esporte a motor. A colombiana de Bogotá pode ter pouca idade, mas já sustenta um extenso currículo recheado de grandes conquistas e vem crescendo cada vez mais no ‘mundo dos meninos’.
 
Tati, como também é chamada, começou cedo a rodar nas pistas – com nove anos já disputava campeonatos de kart. Mas não demorou muito para que começasse sua escalada nos monopostos, tendo sua primeira experiência na Mazda, nos Estados Unidos. Lá, onde ficou dois anos, alcançou dois pódios, terminando o campeonato de 2011 em sexta.
 
“Eu realmente curti meu tempo nos Estados Unidos tanto no kart quanto nos monopostos. Acho que foi uma boa preparação para quando comecei a correr na Europa na F3, já que tinha competido na Star Mazda, que faz parte do Road to Indy”, contou ao GRANDE PRÊMIO.
 
Os anos foram passando e a pilota buscou novos desafios e novas categorias, passando pela F3 Europeia Open, F3 Europeia, F3 Britânica, e desembarcando na GP3 em 2016, naquela que seria sua primeira de três temporadas no campeonato – sua melhor temporada foi em 2018, quando fechou a classificação em 16ª de 26 pilotos.
Tatiana Calderón durante teste da FE (Foto: DS Techeetah)
Tati também chegou a correr a última corrida da história da World Series. E no Bahrein, conquistou uma terceira colocação na segunda corrida do final de semana, tornando-se a primeira mulher a subir no pódio na categoria. “Corri apenas aquela última corrida no Bahrein, então foi difícil para me acostumar com o carro, com a equipe, e com os pneus em tão pouco tempo”, falou.
 
“Mas amei o downforce extra e o poder da categoria, foi minha primeira vez que tive um pit-stop em uma corrida, então foi uma incrível experiência. Mostrou que estava pronta e competitiva em um dos carros mais próximos da F1”, continuou.
 
Entretanto, foi em 2017 que Tati viu uma grande oportunidade bater em sua porta. Estabelecida no cenário europeu, chamou a atenção da Sauber, assumindo o posto de pilota de desenvolvimento da equipe. No ano seguinte, tornou-se pilota de testes da esquadra.
 
E foi após o GP do México desse mesmo ano que teve “sem dúvida, o melhor dia de minha carreira”, como ela mesma definiu ao GRANDE PRÊMIO. Afinal, era a primeira mulher em muitos anos a comandar um carro da F1 – Tati participou de um dia de filmagens oficiais da equipe. 
 
“A velocidade, a aceleração, a aderência da frenagem de um carro de Fórmula 1 é única e muito difícil de descrever. Foi uma oportunidade incrível e, para mim, um dia incrível por estrear no C37 após o GP do México, corrida mais próxima da minha casa, na Colômbia, com minha família próxima de mim”, seguiu.
 
“Independente de meu gênero, um dos meus sonhos sempre foi pilotar um carro de F1 e conseguir isso da maneira que aconteceu foi incrível. Espero que isso inspire a próxima geração e mostre que, no automobilismo, o gênero é irrelevante”, completou.
Tati Calderón (Foto: Reprodução)
Mas essa não foi a única nova experiência vivida pela colombiana. A Fórmula E também voltou seus olhos para a pilota, e a DS Techeetah a chamou para dois testes coletivos da categoria – o primeiro na Arábia Saudita e o segundo no Marrocos.
 
“Pilotar um FE foi uma experiência interessante e positiva para mim. O primeiro teste na Arábia Saudita foi uma ótima iniciativa da FIA e FE em dar para as pilotas uma chance. Acredito que isso era exatamente o que era preciso para abrir portas para mostrarmos nosso potencial”, falou ao GP.
 
“Testei pela DS Techeetah, que é uma das equipes de ponta da FE, e aprendi muito com eles, que me prepararam muito bem para o teste e ficaram muito felizes em como tudo aconteceu. Então, decidiram me dar uma segunda chance para testar em Marrakech e novamente foi muito bom. Pretendo manter contato com eles e quem sabe não surja uma nova oportunidade no futuro”, pontuou.
 
Questionada pelo GP o que mais gostou de cada categoria, Calderón elencou os pontos positivos de ambas. “Pilotar um carro de F1 foi incrível, a aderência é única, o poder da força G para encontrar o limite é muito agradável. São os carros mais rápidos na terra e você trabalha com o melhor do esporte”, disse.
 
“Por outro lado, os traçados da FE são muito interessantes e pilotar esses carros no limite é um verdadeiro desafio para um piloto. Então, acredito que ambos são campeonatos muito interessantes e desafiadores para os pilotos”, seguiu.
 
Entretanto, a pilota já deixou claro que, apesar de ter se divertido nas atividades com a categoria dos carros elétricos, sua preferência segue sendo chegar à Fórmula 1. “Meu sonho sempre foi estar na F1 e quero focar em chegar lá, mas é claro que a Fórmula E é um campeonato muito interessante e vou acompanhar muito de perto.”
 
Com uma presença cada vez maior nas pistas ao redor do mundo, é natural que Tatiana receba importantes apoios, e um deles é de Susie Wolff, que já deixou claro seu desejo em ver a pilota um dia na F1. Calderón, é claro, exaltou o apoio da dirigente. “Sempre admirei Susie e o que ela tem feito para promover e ajudar mulheres no automobilismo”, sublinhou.
Tati Calderón segue mais um ano com a Alfa Romeo (Foto: Alfa Romeo)
“Ela sempre ajudou minha carreira e sempre a procuro para algum conselho, então ter o apoio dela significa muito para mim. Tenho que continuar o trabalho duro para tornar o sonho de correr na F1 uma realidade”, continuou.
 
Tati também disse ver com entusiasmo cada vez mais mulheres no meio do esporte a motor. “Acredito que graças a iniciativas como Dare to be Different e a comissão FIA Women in Motorsport, há cada vez mais interesse das garotas em entrar no automobilismo. Acredito que é um longo processo, mas estamos seguindo na direção certa.”
 
E 2019 promete ser ainda maior para a pilota. Depois de três temporadas completas na GP3, onde teve em 2018 seu melhor desempenho, subiu mais um degrau em direção à Fórmula 1. “Vou correr na Fórmula 2 neste ano com a BWT Arden. Estou muito ansiosa. Vai ser um grande desafio. Claro que acho que a GP3 foi uma grande preparação. Na F2, o nível de equipe e piloto é muito alto”, disse.
 
“É claro que como estreante há muitas coisas para aprender antes da primeira corrida. É o mais próximo da F1 e estou determinada e extrair o máximo dessa incrível oportunidade. Mal posso esperar para o início da temporada para ver onde estamos", completou.
 
E por fim, questionada como vê sua carreira até o momento, disse que “estou muito orgulhosa do que conquistei, mas sempre procuro maneiras de melhorar. Quero vencer, competir no mais alto nível. Sou muito agradecida que posso dedicar minha vida ao que mais amo, que é pilotar carros de corrida no limite”, encerrou.
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