Estreia deu tom da dura estrada que Petecof encara na F2 em 2021. Saída é resistir

Os resultados gerais tendem a dizer pouco sobre a temporada de Gianluca Petecof, que deu salto enorme para uma equipe pequena. Sua batalha é outra

Volta em Mônaco com Hesketh 308 guiada por Jean-Denis Delétraz (Vídeo: Reprodução)

Desde que passou para os carros, Gianluca Petecof sempre deixou claro que se trata de um talentoso jovem piloto, dos melhores que o Brasil tem para depositar esperanças de um futuro dourado no automobilismo internacional, mas a abertura da Fórmula 2 deixou evidente que a situação de 2021 é totalmente diferente daquelas que já enfrentou. É absolutamente espinhosa e deixa somente um recado: é preciso resistir.

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Drugovich lidera e Petecof fica à frente de companheiro em testes coletivos

O contexto é aquele mesmo da realidade de tantos outros pilotos brasileiros que tentaram a vida na Europa e nos Estados Unidos: Gianluca não é de família com dinheiro inacabável e precisa de patrocínios para ter as melhores chances em categorias-satélite. É assim desde que saiu do kart e funcionou nos primeiros anos.

Apoiado pela Academia da Ferrari desde que passou a guiar monopostos na Europa, pela F4 Italiana, em 2018, tinha ali um suporte de respeito e defendia a tradicional equipe Prema. Venceu corrida na categoria aos 15 anos de idade, foi vice-campeão no ano seguinte e partiu para faturar o título da F-Regional em 2020. É verdade que a Prema caminhava sozinha na competição, mas não apenas com Petecof. O brasileiro bateu dois companheiros de equipe também apoiados pela Ferrari: Arthur Leclerc e Oliver Rasmussen.

Apesar de vencer ambos e ser dois anos mais novo que os o monegasco e o dinamarquês, foi ele quem sobrou do lado de fora da máquina na hora da equipe impulsionar alguém para o próximo passo natural: a Fórmula 3. Leclerc, irmão de Charles, subiu para fazer um trio com o promissor Dennis Hauger em seu segundo ano de categoria e Olli Caldwell, que disputou a temporada 2020 pela Trident.

GIANLUCA PETECOF; CLASSIFICAÇÃO; F2; F2 2021; SAKHIR; CAMPOS; BAHREIN;
Gianluca Petecof estreou pela F2 Fórmula 2 (Foto: F2/Reprodução)

Caldwell oferece um alento para Petecof, de certa maneira. O inglês tinha história na Prema em outras categorias, mas ficou a pé em 2020 e arrumou uma saída. A questão é que Rasmussen, o outro rival de Gianluca no ano passado, está no grid da F3 pela HWA. Daqui um ano, será ele, não o brasileiro, a ter experiência no campeonato. Competição acirrada demais.

Petecof precisava arrumar alguma vaga para não perder o ano e encontrou a Campos, que vai se notabilizado em catapultar ao grid da F2 pilotos que estão degraus abaixo mas sem muitas perspectivas de espaço aberto. Foi mais ou menos assim com Guilherme Samaia no ano passado. Após anos razoáveis, o time espanhol foi mal demais em 2020 e é difícil imaginar que será hora de dar a volta por cima – ainda que a equipe tenha feito um brilhareco nos testes coletivos de pré-temporada.

A realidade é dura. Como funciona nestas categorias, andar numa equipe sem condições e com trabalhos tortuosos pode significar desastre para sua carreira. Se o prognóstico negativo do que tem condições de fazer a Campos – que ainda perdeu seu fundador, Adrián Campos, morto no começo do ano – for confirmada, a situação é dramática. O que pode ser visto como positivo é o fato de ter o suíço Ralph Boschung como companheiro. Mais de cinco anos mais velho que Petecof, Boschung é uma dessas figuras que se agarra ao grid com aderência de cola industrial e não sai de jeito nenhum.

Boschung é experiente, está na categoria desde 2017, e conhece a Campos muito bem. Afinal, foi pelo time espanhol que subiu da GP3 em 2017 e voltou já para terminar a temporada passada. Mas Petecof é bem mais talentoso. Superar Boschung, um experiente, enquanto se acostuma com o salto imenso que é sair da F-Regional para a F2, isso tudo aos 18 anos de idade, tende a ser a garantia de que alguém de mais importância garantirá sua permanência. Seja por meio de um patrocínio mais robusto ou uma vaga baseada no retorno técnico.

Na abertura do campeonato, um mês atrás, no Bahrein, nenhum dos dois marcou pontos na rodada tripla. A diferença é que Petecof teve um 13º posto como melhor resultado e saiu do Oriente Médio em vantagem para o companheiro, mesmo tendo que abandonar uma das corridas por conta de um estouro do extintor de incêndio do carro. Mônaco vem por aí em maio e é sempre oportunidade de ouro para impressionar: a atenção é incomparável.

E o 2021 de Petecof será provavelmente assim, buscando espaços e pequenas aberturas por onde pode chamar a atenção. O talento existe e é muito claro, a idade ainda joga a favor, mas a realidade é cruel. A ordem do ano é resistir e tirar das circunstâncias desfavoráveis razão para dar tração à carreira neste novo estágio.

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