Bortoleto usa revés de Hadjar com cabeça em Baku, mas título vai exigir versão 2.0 em final

Era uma bola cantada depois da classificação desastrosa de Isack Hadjar, que ainda arrumou uma punição que o fez largar apenas em 20º nas duas corridas da rodada do Azerbaijão, 12ª de 14 da temporada 2024 da Fórmula 2. Gabriel Bortoleto, por sua vez, representava justamente a outra face da moeda, a de um piloto extremamente confiante e embalado após verdadeiro milagre na etapa anterior, em Monza, quando venceu depois de largar, vejam, em último! E como o raio não cai duas vezes no mesmo lugar, dificilmente Hadjar conseguiria dar o troco no rival imediatamente após.

Para Gabriel, portanto, tratou-se de apenas ‘trazer a criança para casa’. Tanto na corrida sprint quanto na de domingo, o brasileiro pôs a cautela em jogo, e não era para menos, primeiro pela excelente chance de ir para a longa pausa de dois meses e meio na liderança do campeonato, mas também por se tratar de um circuito ardiloso, como costumam ser as pistas de rua. Baku, todavia, tem sua peculiaridade ao combinar alta velocidade com um trecho extremamente sinuoso, que deixa os pilotos a centímetros do muro.

O muro, aliás, foi beijado por Bortoleto em disputa contra Christian Mansell na sprint, e foi impressionante o carro #10 da Invicta ter seguido nas voltas finais sem perder rendimento, porém era mais uma deixa de que não daria para arriscar tanto com Hadjar teoricamente fora de combate. O próprio Gabriel classificou Baku como etapa que mereceria mais atenção, portanto o conservadorismo foi, sim, muito bem-vindo para alcançar o objetivo principal, ainda que tivesse performance para buscar muito mais que os quinto e quarto lugares conquistados, respectivamente.

Só que daqui para frente, será um novo recomeço em uma temporada marcada por intervalos enormes por conta do remanejamento de etapas no calendário da Fórmula 1. Novamente, os pilotos ficarão mais de dois meses sem atividades enquanto a classe principal realiza a perna americana, retornando somente no fim de novembro, no Catar — e uma pista que será novidade para todos, já que estreia em 2024 na rota da F2.

Independentemente do local, é evidente que Hadjar só será carta fora do baralho se o carro da Campos desandar completamente. Em comparação direta, a Invicta leva vantagem, mas o piloto da academia da Red Bull tem feito muita diferença, tanto que já venceu quatro vezes, sendo três em corridas principais. E por mais que seja indiscutivelmente reclamão, a combatividade aliada aos poucos erros o levaram a construir uma liderança sólida até o Azerbaijão.

É contra este piloto, portanto, que Bortoleto terá de trazer a melhor versão de si na reta final da Fórmula 2. No ano passado, quando construiu nas duas primeiras etapas da Fórmula 3 vantagem que se mostrou suficiente para chegar ao título com uma corrida de antecedência, na Itália, Gabriel usou de inteligência em vários momentos ao evitar confrontos que poderiam custar pontos valiosos quando tinha pódios já assegurados. E uma vez campeão, mostrou em uma única prova do que era capaz de fazer.

Bortoleto sabe que é a bola da vez em um mercado de pilotos que tem praticamente uma vaga aberta no grid da F1 2025. Um hype muito merecido, por sinal, pois desde a vitória inaugural na F2, na Áustria, passou a ser questão de tempo até entrar definitivamente na disputa pelo caneco deste ano contra Hadjar, além de Paul Aron, que foi rival direto na F3, e Zane Maloney, outro extremamente rápido e perigoso, ainda que esteja faltando sorte. É por essa razão que a cautela vai ter de ficar um pouco em segundo plano, pois há coisa muito maior também em jogo nesta temporada.

A Fórmula 2 agora só retorna de 29 de novembro a 1º de dezembro em no Catar, primeira vez da categoria no circuito de Lusail. O GRANDE PRÊMIO acompanha todas as atividades da temporada 2024.

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