Retrospectiva 2024: F3 vê Fornaroli chegar ao título sem vencer e Lindblad roubar cena

A constante troca de liderança entre Leonardo Fornaroli, Gabriele Minì e Luke Browning traduziu, de certa forma, o equilíbrio da disputa da Fórmula 3 em 2024, mas o campeão chegar ao fim sem subir ao degrau mais alto do pódio deixou sensação de que faltou algo no ano

Pela primeira vez na história — nem mesmo quando se chamava GP3 —, a Fórmula 3 viu um piloto terminar campeão sem conquistar ao menos uma vitória. Leonardo Fornaroli foi o responsável por tal façanha na temporada 2024, e, de certa forma, o resultado decidido na última curva da última corrida, na Itália, traduziu bem o equilíbrio que se viu ao longo do campeonato, ainda que, na prática, tenha sido um grid menos forte se comparado ao do ano anterior, que consagrou Gabriel Bortoleto.

Claro que Fornaroli não teria terminado no topo da tabela se não houvesse um mínimo de consistência nos resultados. Das 20 corridas realizadas, só deixou de pontuar em duas, e, mesmo assim, levou o carro até a bandeirada o ano inteiro. Os principais rivais na disputa pelo título foram Gabriele Minì, vice-campeão, e Luke Browning, que terminou em terceiro, só que embora tenham vencido corridas, ambos terminaram muito mais provas fora da zona de pontos do que Leonardo.

Mas foi interessante ver a constante troca de liderança rodada após rodada entre os três, ainda que outro novato tenha roubado a cena em vários momentos, como na corrida sprint da rodada de abertura, no Bahrein. Enquanto a atenção estava naturalmente voltada para veteranos que se destacaram no ano anterior, Arvid Lindblad se valeu do grid invertido para vencer a primeira no ano.

Na corrida principal, Browning foi quem levou a melhor, deixando Sakhir em uma liderança que durou até a terceira etapa, na Emília-Romanha. Enquanto o piloto da Hitech amargava a terceira de cinco corridas zerado, Fornaroli ia ao pódio na prova realizada domingo e tomava a dianteira da classificação.

Arvid Lindblad varreu a rodada da Inglaterra da F3 (Foto: Red Bull Content Pool)

Mônaco, porém, abriu oportunidade para a classificação, de fato, fazer toda a diferença no resultado final. No circuito mais travado do calendário, Minì assegurou a posição de honra e fez pontuação cheia na corrida 2, colocando a Prema na liderança por apenas 4 tentos de vantagem sobre Browning. Fornaroli, em contrapartida, caía para terceiro — curiosamente, pela mesma distância.

Veio, então, a rodada da Espanha, e Fornaroli aproveitou o tropeço de Minì, sem ponto algum, e Browning, apenas quinto no domingo, para recuperar o primeiro posto com mais um pódio na chamada ‘feature race’. A vitória, contudo, ficou nas mãos de Lindblad, a segunda do ano. Na Áustria, a história se inverteu, e Browning voltou à liderança com a vitória na corrida 2.

Até então, Lindblad vinha no papel que se espera de um novato talentoso: momentos de encher os olhos, mas ainda contratempos com o carro da Prema e também em confusões no meio do pelotão. Mesmo assim, era nítido como bastaria um pouco mais para incomodar o trio e entrar de vez na briga pelo título. E isso aconteceu na Inglaterra, no lendário circuito de Silverstone. Correndo em casa, varreu a etapa com vitória nas duas corridas, o bastante para saltar para a vice-liderança, atrás agora de Minì.

Lindblad, na verdade, só não teve fôlego para chegar mais inteiro à disputa porque deixou todas as seis corridas seguintes zerado, sendo duas por abandono. Mesmo assim, a performance vista até a Inglaterra foi suficiente para fazer a Red Bull, equipe da qual faz parte, crescer o olho e ensaiar uma antecipação do programa da F1, pegando carona no que a Mercedes fez com Andrea Kimi Antonelli.

Gabiele Minì brigou pelo título até a última curva (Foto: Prema)

Matematicamente, ainda havia chances para ele em Monza, e também para Christian Mansell e Dino Beganovic, mas a sprint deixou a decisão restrita a Fornaroli, Minì e Browning, todos muito próximos. E a corrida final foi daquelas memoráveis, tanto que, nas cinco voltas finais, era impossível dizer quem seria o campeão.

Na penúltima volta da temporada, Fornaroli era o campeão com o segundo lugar, porém Minì efetuou ultrapassagem e ainda trouxe consigo Mansell, jogando o piloto da Trident para o quarto posto. Ali, naquele momento, o título estava nas mãos do representante da Prema por 1 mísero ponto. Só que faltavam mais 5.793 metros até a bandeirada, e Fornaroli precisava de apenas uma brecha. Ela veio na Parabolica, depois de Minì ditar todo o movimento de defesa de Mansell, mas fazê-lo dar exatamente o lado de dentro na ultima curva.

Descobriu-se depois que o esforço de Minì teria sido em vão, uma vez que acabou desclassificado por irregularidades técnicas no carro. Do lado de Fornaroli, festa, claro, mas ficou aquela sensação de que a ausência de subir ao degrau mais alto do pódio deixou a conquista incompleta.

A Fórmula 3 agora retorna de 14 a 16 de março na Austrália, abertura da temporada 2025.

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