A Fórmula 1 já viu acontecer de tudo no Brasil: decisões de títulos, despedida de campeões, nascimento de outros… relembre alguns dos momentos que entraram para a história da categoria e teve Interlagos como palco

O GP do Brasil é um dos clássicos da Fórmula 1, e isso graças ao circuito de Interlagos, que dificilmente proporciona corridas monótonas ou previsíveis. Faça chuva ou faça sol, o traçado da pista paulista desafia os pilotos por ser anti-horário, com muitas variações no terreno, mas sem deixar de proporcionar ótimos pontos de ultrapassagens.

A primeira edição da corrida no calendário da F1 foi em 1972, prova vencida pelo argentino Carlos Reutemann e realizada no antigo traçado de Interlagos. Mas quem também recebeu a categoria em dez ocasiões foi o Autódromo de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro. Ao longo de 50 anos, o Brasil viu títulos serem decididos na última curva, grandes campeões se despedirem e novos surgirem. Relembre dez corridas em solo brasileiro que marcaram a história a Fórmula 1.

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Lewis Hamilton venceu o GP de São Paulo em Interlagos e se vestiu com a bandeira do Brasil no pódio (Foto: AFP)

1975: dobradinha caseira

O Brasil viveu o auge de sua era de ouro na Fórmula 1 com Nelson Piquet e Ayrton Senna nos anos 1980 e início da década de 1990. Antes, porém, Emerson Fittipaldi foi quem colocou o país na lista de campeões, na década de 1970.

Em 1975, porém, outro piloto brasileiro entrou para a história: José Carlos Pace, que venceu a sua primeira e única corrida na Fórmula 1 em Interlagos diante da torcida. A festa foi ainda maior porque Fittipaldi terminou em segundo, fechando a primeira de três dobradinhas brasileiras que aconteceriam na categoria.

1991: a vitória da sexta marcha

O GP do Brasil de 1991 é daqueles dignos de roteiro de filme: Senna, diante da sua torcida, largou na pole-position e tinha uma tarefa difícil: segurar o ímpeto das Williams de Nigel Mansell e Riccardo Patrese. No começo, no entanto, o brasileiro imprimiu um ritmo forte e conseguiu abrir boa vantagem.

Foi quando o McLaren de Ayrton começou a ter problemas. Pouco a pouco, o câmbio não respondia mais às trocas de marcha, e Senna passou as últimas sete voltas apenas com a sexta. O esforço físico foi tão grande que o piloto quase não conseguiu erguer o troféu no pódio. Foi a primeira vitória de Senna no Brasil.

Ayrton Senna se emociona no pódio brasileiro em 1991 (Foto: Divulgação)

1993: a invasão na pista

Senna venceu duas vezes em Interlagos. Assim como na primeira vez, a segunda também contou com a chuva, e Ayrton soube escolher os momentos certos para fazer as paradas e superar os rivais na pista. A liderança veio na volta 41, com uma ultrapassagem sobre Damon Hill. Dali em diante, só precisou administrar a vantagem até a bandeirada.

O público ficou tão eufórico com a vitória de Senna que invadiu a pista e cercou o carro do piloto. Senna desceu do carro e celebrou com a torcida, mas teve de pegar carona no carro de segurança para voltar ao pit-lane.

2003: o caos sob o dilúvio

O GP do Brasil teve apenas um protagonista em 2003: a chuva. Debaixo d’água, o caos veio, e vários pilotos sucumbiram à curva 3 durante a corrida, entre eles Michael Schumacher.

Rubens Barrichello, que conhecia bem os caminhos da pista paulista, assumiu a liderança e parecia que enfim venceria pela primeira vez em casa, mas um problema o fez abandonar na volta 47.

Enquanto isso, entre os que permaneciam na corrida, Giancarlo Fisichella ultrapassou Kimi Räikkönen na volta 54. Em seguida, o acidente que decidiu a corrida: Mark Webber, então na Jaguar, bateu forte na subida para a reta principal. Fernando Alonso, que vinha na sequência, não conseguiu desviar dos detritos do carro do australiano e também foi parar violentamente no muro.

A direção de prova acionou a bandeira vermelha, mas a indefinição pairou sobre o ar: afinal, quem havia vencido? De início, Räikkönen foi declarado o vencedor, com Fisichella em segundo e Alonso — que estava no centro médico — em terceiro. Mas a correção veio dias depois: o italiano da Jordan foi, de fato, o vencedor da corrida e recebeu o troféu durante o fim de semana do GP de San Marino.

Giancarlo Fisichella disputou 110 corridas até vencer o GP do Brasil de 2003 (Foto: Jordan)

2006: o (primeiro) fim de uma era

Depois de chegar à sua 90ª vitória na Fórmula 1, Schumacher anunciou ao mundo que deixaria a categoria ao final da temporada 2006. Depois de sete títulos conquistados, o maior vencedor da história até então buscava ponto a ponto Alonso, mas chegou em Interlagos, palco da última corrida, precisando de um milagre: vencer e ver o espanhol zerar para levar o histórico oitavo título no desempate.

Schumacher teve problemas na classificação e largou apenas em décimo. Mesmo assim, imprimiu um ritmo forte desde o início, com boas ultrapassagens e determinado a manter vivas as chances de título. Mas eis que um furo de pneu o trouxe de volta à realidade: seria praticamente impossível bater Alonso, que se mantinha numa sólida segunda colocação.

Foi quando Schumacher decidiu apenas ser Schumacher, proporcionando à torcida uma das melhores atuações de sua carreira nas 20 voltas finais, com direito a ultrapassagens de todas as formas sobre os adversários. Michael terminou em quarto em corrida vencida por Felipe Massa — um brasileiro subindo ao degrau mais alto do pódio 13 anos depois da vitória de Senna em 1993 —, mas foi ovacionado e provou por que era uma lenda viva.

2008: havia um Timo Glock no caminho…

A decisão de 2008 foi uma das — senão a — melhores finais de campeonato da história da Fórmula 1. Mais uma vez, Lewis Hamilton chegava com a vantagem para ser campeão e disposto a apagar a conturbada temporada anterior, marcada pela guerra interna na McLaren entre ele e o então companheiro de equipe, Alonso.

O adversário era Massa, e a situação para o piloto da Ferrari era torcer por uma difícil combinação de resultados no GP do Brasil, o último daquela temporada, para descontar sete pontos na classificação. E foi mais uma corrida em que a chuva roubou a cena, e também dois alemães, em especial. O primeiro, Sebastian Vettel, que fez a façanha de ultrapassar Hamilton em Interlagos com uma Toro Rosso a duas voltas do fim, jogando o inglês para sexto. Com Massa em primeiro, era a combinação necessária para dar o título ao brasileiro.

Mas a chuva apertou, e havia um Timo Glock pelo meio do caminho com pneus de pisca seca. O alemão da Toyota foi deixado para trás pelos rivais sem nenhuma dificuldade, e Hamilton conseguiu cruzar a linha de chegada no quinto posto que lhe garantiria, enfim, o seu primeiro título na Fórmula 1.

O abraço de Ron Dennis e Lewis Hamilton após o título de 2008, no Brasil (Foto: McLaren)

2012: o tri de Vettel

Mais uma vez, o Brasil foi palco de um desfecho de temporada, e a chuva tratou de dar aquele ingrediente a mais. Vettel e Alonso eram os postulantes ao título, ambos lutando para ver quem chegaria ao tri primeiro.

Já na largada, o piloto da Red Bull se envolveu numa confusão e caiu para último. Na oitava volta, porém, Vettel já aparecia em sexto depois de uma ótima recuperação.

A corrida, para variar, teve de tudo: ultrapassagens, carro capotando, safety-car. No fim, deu Jenson Button, com Alonso chegando em segundo, mas o sexto lugar deu a Vettel o seu terceiro título na Fórmula 1.

2016: Verstappen rouba a cena

A temporada de 2016 ficou marcada pela guerra entre Hamilton e Nico Rosberg na Mercedes, mas foi neste ano também que Max Verstappen começou a mostrar ao mundo que não seria um mero coadjuvante no grid da Fórmula 1. Em seu GP de estreia pela Red Bull, na Espanha, tornou-se o mais jovem da história a vencer uma corrida na elite do automobilismo mundial, aos 18 anos.

A corrida no Brasil foi a penúltima daquele ano e contou com uma bela performance de Verstappen sob chuva, com direito a duas belas ultrapassagens sobre Räikkönen e Rosberg. O holandês chegou a rodar na subida para a reta dos boxes, mas segurou bem o carro evitou a batida. No final, terminou em terceiro, alcançando o sétimo pódio com os taurinos na temporada. A prova foi vencida por Hamilton.

Lewis Hamilton e Max Verstappen foram os grandes nomes do chuvoso GP do Brasil de 2016 (Foto: Getty Images/Red Bull Content Pool)

2019: a rainha das estratégias

A Mercedes sobrava na era híbrida da Fórmula 1. Mas, pouco a pouco, a Red Bull mostrava que era questão de tempo para renascer empurrada por uma nova joia rara: Verstappen.

O GP do Brasil de 2019 foi, para variar, daquelas corridas caóticas e imprevisíveis que, ultimamente, só Interlagos tem proporcionado no calendário da F1: safety-car, batida dupla das Ferrari na parte final, Hamilton acertando Alexander Albon e a Red Bull surpreendendo ao parar Verstappen três vezes, aproveitando o último safety-car para colocar o então #33 com pneus macios para a relargada. E Verstappen só precisou de uma curva para recuperar a liderança.

A ousadia da Red Bull partiu da estrategista-chefe do time, Hannah Schmitz, que foi escolhida para subir ao pódio representando a equipe para receber o troféu pela vitória.

2021: a apoteose de Hamilton

Ano passado, a corrida no Brasil foi rebatizada como GP de São Paulo. Houve ainda mais uma novidade: a sprint race, corrida curta no sábado que definiria o grid de largada no domingo, proposta que que foi testada em três ocasiões ao longo da temporada 2021.

A performance de Hamilton em Interlagos foi uma das melhores de um piloto na história, e possivelmente a maior do próprio Lewis em sua carreira. Na classificação, na sexta-feira, uma punição por irregularidades no DRS o jogou para último no grid da sprint. Hamilton não tomou conhecimento dos rivais e terminou em quinto após impressionantes 24 voltas.

No domingo, porém, mais problemas: a troca do motor a combustão interna fez Hamilton perder cinco posições, ou seja, largar em décimo. E novamente, o inglês deu um show: já era quinto ao final da primeira volta, segundo no 18º giro, e a liderança definitiva veio na volta 58, levando a torcida ao delírio ao deixar para trás o arquirrival Verstappen. Hamilton ultrapassou todos os carros no fim de semana. Extasiado com a façanha, ainda pediu uma bandeira e deu uma volta pelo circuito repetindo o gesto de Senna.

Lewis Hamilton com a bandeira brasileira, repetindo o gesto de Senna em 2021 (Foto: AFP)

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