Destaques positivos e negativos da temporada 2023 da Fórmula 2

Desde 2018, a Fórmula 2 não via um título ser decidido na última corrida da rodada de encerramento da temporada. Frederik Vesti e Théo Pourchaire foram os responsáveis pela façanha, pois, mas 2023 viu um campeonato que mais prometeu do que cumpriu.

De fato, a expectativa era muito grande, principalmente por conta da talentosa safra oriunda da Fórmula 3, encabeçada pelo campeão de 2022, Victor Martins. Só que os veteranos não só dominaram com certa facilidade como algumas jovens promessas abusaram do direito de errar.

Só que verdade seja dita: algumas das principais equipes falharam no acerto de seus respectivos carros, facilitando o duelo particular entre Prema e ART. A equipe italiana, aliás, foi um dos pontos altos ao arrancar de um discreto quarto lugar ao vice-campeonato, empurrada por uma forte dupla. E ainda terá no grid de 2024 o piloto mais badalado da base dos últimos anos: Andrea Kimi Antonelli.

▶️ Inscreva-se nos dois canais do GRANDE PRÊMIO no YouTube: GP | GP2
▶️ Conheça o canal do GRANDE PRÊMIO na Twitch clicando aqui!

Sim, 2024 promete, não só por Antonelli, como também por Gabriel Bortoleto, Zak O’Sullivan, Franco Colapinto, entre outros se unindo aos agora experientes Oliver Bearman, Martins e companhia. O 10+ relembra, portanto, quais foram os principais destaques da temporada 2023 da Fórmula 2, positivos e negativos:

1. Pourchaire × Vesti em Abu Dhabi

Justiça seja feita: ainda que Ayumu Iwasa tivesse uma chance matemática, o título de 2023 ficou entre o piloto que mais vezes venceu no ano contra o que mais vezes subiu ao pódio. Pois quis o destino que os dois se enfrentassem numa disputa direta de posição em Yas Marina, e eles não aliviaram. Risco de batida? Mesmo Pourchaire com a vantagem, foi para o combate como se não tivesse nada a perder. Foram várias trocas de posições e curvas divididas, um primor de valer o ingresso.

2. Renascimento da Prema

A Prema perdeu o título de equipes para a ART, é verdade, mas não se enganem: a vitoriosa equipe italiana tropeçou nela mesma, ao sucumbir aos erros de Vesti, Bearman e aos dela própria — os pneus maus colocados no carro #7 na Holanda que o digam. Não fosse isso, muito provavelmente Pourchaire teria sido vice de novo…

3. Bearman varre Azerbaijão e entra para história

O jovem britânico de apenas 18 anos tornou-se o primeiro piloto da história a liderar todas as atividades em um único final de semana da F2. No Azerbaijão, Bearman colocou-se em primeiro no treino livre, classificação e ainda venceu as duas corridas realizadas nas ruas de Baku. Ao todo, foram 38 dos 39 pontos possíveis — faltou apenas a volta mais rápida da corrida principal, que ficou com Isack Hadjar. Ollie, como é chamado, pode até ter perdido o título de ‘novato do ano’ para Martins, mas sai de 2023 muito em alta e candidatíssimo ao título de 2024.

4. Grand Chelem de Doohan

Jack Doohan foi um dos que começaram a temporada 2023 cercados de expectativas, mas a realidade foi muito mais cruel. O australiano sofreu nas primeiras rodadas com um carro inconsistente, chegando a admitir que lutava para ter confiança ao volante. Em Mônaco, ainda sofreu um acidente muito forte, escapando de ficar preso ao carro em chamas por pouco. A redenção, no entanto, veio na Hungria e em grande estilo: pole-position, volta mais rápida e vitória de ponta a ponta, feito que é difícil até na Fórmula 1. A partir dali, Doohan desencantou e fechou o ano em terceiro na classificação.

5. Vitória de Fittipaldi

Enzo Fittipaldi teve uma temporada de altos e baixos muito em função do carro da Carlin e também de azares em classificações. Mesmo assim, quando a oportunidade surgia, brigava de igual para igual contra carros melhores. A sprint na Bélgica foi um exemplo. Com um ótimo ritmo de corrida, perseguiu Richard Verschoor até efetuar a ultrapassagem na penúltima volta, vencendo pela primeira vez na categoria. No domingo, outro duelo acirrado contra o companheiro de equipe, Zane Maloney, e o terceiro lugar para coroar o melhor fim de semana de Enzo em 2023.

6. Martins fora do tom

O melhor novato da temporada poderia ter ido muito mais longe não fosse o desempenho um tanto afobado nas primeiras rodadas. Martins é indiscutivelmente veloz e arrojado, mas perdeu a mão em algumas disputas de pista ao cometer erros bobos, como a batida em Baku quando era segundo colocado, ou mesmo acelerar sob bandeira amarela e quase atropelar fiscais de pista. Foram necessárias 16 corridas até que ele enfim reavaliasse a própria performance e freasse o ímpeto para subir ao degrau mais alto do pódio. Agora em 2024, o benefício da dúvida pelo ano de estreia acabou, portanto Victor terá de provar que deixou os erros para trás para ganhar a confiança da agora campeã ART.

7. MP: de campeã a coadjuvante

Se com Felipe Drugovich, a MP viveu um ano dos sonhos conquistando o título de pilotos e de equipes, a aposta no antigo duo da Prema para defender o caneco foi um desastre. Dennis Hauger ainda conseguiu vencer duas corridas, mas Jehan Daruvala bateu na trave na sprint de Mônaco, ainda que tenha ido ao pódio outras duas vezes na temporada. Só que foi muito pouco para quem começou 2023 com o status de equipe a ser batida. No fim, foi como ver tudo voltando ao seu devido lugar, com a MP fechando o campeonato apenas em sexto.

8. Academia da Red Bull naufraga

A Red Bull começou 2023 com nada menos que seis pilotos no grid da F2, só que, na prática, apenas Iwasa resistiu com chances de título até o fim. O segundo melhor piloto do programa dos taurinos foi Fittipaldi, em sétimo. Hauger, Maloney, Jak Crawford e Hadjar ficaram em oitavo, décimo, 13º e 14º, respectivamente, um desempenho geral muito abaixo do que o exigente grupo austríaco espera e que fez a equipe passar a faca sem dó. Até o momento, oficialmente confirmados para 2024 no grid da F2 pela Red Bull, apenas Hadjar e o recém-chegado Josep María Martí.

9. Carlin

Vice-campeã em 2022, a Carlin parecia ser a grande aposta para Fittipaldi e a promessa Maloney, só que a equipe pecou no início pelo ritmo de classificação, o que comprometeu bastante o desempenho dos pilotos no início do ano. Ao todo, foi apenas uma vitória, a de Enzo na Bélgica, e ainda que tenha se recuperado para fechar em terceiro, ficou aquele gostinho de decepção do ano.

10. Punições pós-corrida

Já é de praxe investigações pós-corrida. O grande problema da direção de prova da F2 é a demora em julgar lances simples, com punições que muitas vezes são aplicadas horas depois da bandeirada. E isso é uma rotina na categoria, praticamente toda rodada tem uma mudança de resultado. É cansativo e só escancara o quanto a Federação Internacional de Automobilismo (FIA), tão errática na Fórmula 1, é ainda pior quanto o assunto é a gestão da base.

Acesse as versões em espanhol e português-PT do GRANDE PRÊMIO, além dos parceiros Nosso Palestra e Escanteio SP.