Valtteri Bottas venceu o GP da Austrália com vigor. Mas será um candidato ao título ou apenas mais um entre tantos no grid a assistir uma nova disputa entre Lewis Hamilton e Sebastian Vettel? Pelo sim ou pelo não, listamos coadjuvantes que venceram a estreia de outros campeonatos

Quantas vezes alguém ventilou um desafio ao título ao vencer a primeira corrida do campeonato e depois não conseguiu ir adiante? Não foram poucas vezes, não. Fruto da estreia, onde todo mundo está zerado e os sonhos ainda existem no escopo de alguma realidade. Valtteri Bottas venceu com categoria o GP da Austrália de 2019. Mas e daí?

Bottas pode ameaçar Lewis Hamilton? Vai ver o companheiro duelar com Sebastian Vettel por mais uma conquista? Pelo sim ou pelo não, o GRANDE PREMIUM destaca dez vezes na história da F1 em que o vencedor da primeira corrida do ano acabou sendo apenas um coadjuvante.

Pedro Rodríguez (Pedro Rodríguez (Foto: F1))

1 – 1967, Pedro Rodríguez, GP da África do Sul – Cooper

2 de janeiro de 1967, Kyalami. Em tempos que os primeiros dias do ano guardavam a abertura da temporada da F1, o campeonato visitou a África do Sul – nos anos do Apartheid, sempre bom lembrar – como faria tantas outras vezes nos anos seguintes, para começar os trabalhos. Na pista, o mexicano Pedro Rodríguez ainda estava em testes com a Cooper e seus motores Maserati. A pole foi de Jack Brabham, já tricampeão mundial e conquistador vigente da F1.

No domingo, entretanto, Brabham rodou na largada e, mais tarde, abandonou. Dan Gurney foi outro que deixou a corrida, enquanto Denny Hulme e John Love – um piloto da antiga Rodésia, hoje Zimbábue, que entrou com um Cooper particular – precisaram de pit-stops em momentos importantes. Rodríguez tomou a ponta e venceu a corrida com 26s de vantagem para Love.

Não apenas foi a única vitória de Rodríguez na temporada como o mexicano sequer voltou ao pódio. Ficou com a sexta colocação do campeonato: 15 pontos frente aos 51 do campeão Hulme, da Brabham.

Mario Andretti (Mario Andretti (Foto: Reprodução/Pinterest))

2 – 1971, Mario Andretti, GP da África do Sul – Ferrari

Mario Andretti estava ainda em processo de transição do automobilismo dos Estados Unidos para a F1. Em 1971, foi convidado para guiar pela Ferrari em parte do campeonato e aceitou. Na classificação, Jackie Stewart colocou a Tyrrell na pole-position e Chris Amon pôs a Matra ao lado na primeira fila. Andretti ficou no quarto posto.

Quem saltou para a dianteira foi Clay Regazzoni numa largada excelente, mas Denny Hulme voltou para a ponta na sequência. Andretti ganhou ritmo e começou a melhorar posições, deixando Regazzoni e Stewart para trás, enquanto John Surtees disparava para tomar a ponta. No fim da corrida, Surtees teve problemas no câmbio – Hulme, outro líder, também tinha sido atrasado nos boxes. Andretti tomou a liderança e venceu a primeira dele na F1.

Após a vitória, o patrono do clã Andretti só pontuaria uma outra vez na temporada: um quarto lugar, na Alemanha. Terminou com 12 pontos contra 62 do campeão Stewart. Mario continuaria com participações esporádicas na F1 até 1976, quando enfim entrou de cabeça. Seria campeão pela Lotus, em 1978.

Jody Sheckter (Jody Sheckter (Foto: Wikipédia))

3 – 1977, Jody Scheckter, GP da Argentina – Wolf

Depois de uma briga histórica em 1976 – que virou filme -, os campeões da F1 nos dois anos anteriores, Niki Lauda e James Hunt, começaram a temporada de 1977 como os dois favoritos naturais na F1. O campeonato começava a abrir as portas na Argentina após anos de África do Sul e Brasil. E foi exatamente Hunt quem colocou a McLaren na pole-position começando a confirmar, ao menos aparentemente, as sensações.

Nas primeiras voltas, Hunt brigou com John Watson, então na Brabham, pela liderança. Mas os ponteiros começaram a ter vários problemas. Lauda, que largara em quarto, não completou a quarta volta antes de sair com problemas. Depois, as McLaren deram pane. Jochen Mass já era o segundo quando teve problemas de motor, enquanto Hunt, líder com alguma vantagem, sofreu uma quebra de suspensão. Patrick Depailler estava em posição de pódio quando abandonou uma Tyrrell de seis pneus que superaqueceu. A corrida caiu no colo das Brabham, mas Watson, que parecia ter tirado sorte grande, também sofreu com a suspensão. José Carlos Pace assumiu a ponta, mas tinha dificuldades com o ritmo da Brabham na reta final. Foi o que facilitou a chegada de Jody Sheckter.

O sul-africano, que vencera corridas com a Tyrrell em anos anteriores, agora guiava a estreante Wolf. Depois largar no 11º posto, conseguiu caminhar para a vitória seguido por Pace e por Carlos Reutemann, então na Ferrari. Sheckter venceria mais duas vezes naquela temporada, mas não se aproximaria do campeão: Lauda. O austríaco abriu tão grande vantagem que já campeão, deixou a Ferrari e abdicou de correr as duas últimas provas do ano.

Jacques Laffite (Jacques Laffite (Foto: Forix))

4 – 1979, Jacques Laffite, GP da Argentina – Ligier

Após anos de domínios de Jackie Stewart, Emerson Fittipaldi, Niki Lauda e James Hunt, Mario Andretti foi campeão em 1978 e mudou o panorama para o que vinha na sequência. Logo de cara ficou evidente que a Lotus não tinha a mesma força e, assim, as possibilidades estavam abertas. McLaren? Ferrari? Brabham? Lotus? Quem vai aproveitar a lacuna de nomes várias vezes campeões para tomar partido. Eis então que surge uma Ligier avassaladora, pela primeira vez sem motores Matra – agora de Cosworth e algumas novidades aerodinâmicas, como uma produção de downforce muito maior que as rivais.

Foi uma surpresa quando, ainda no sábado, a Ligier trancou a primeira fila: Jacques Laffite na frente e Patrick Depailler na sequência. E Depailler largou melhor, assumiu a ponta e lá ficou até a 11ª volta, quando Laffite recuperou a dianteira para não perder mais. Depailler terminou em quarto, enquanto Carlos Reutemann [Ford] e John Watson [McLaren] completaram o pódio.

Laffite venceria também a segunda corrida, no Brasil, mas logo a Ligier perdeu a força brutal das duas corridas iniciais. O carro era rápido, mas não confiável, uma vez que o downforce era grande demais para o chassi. O francês foi ao pódio em seis das sete provas que terminou, mas abandonou outras oito e terminou no quarto lugar geral. O campeão foi Jody Sheckter, que havia abandonado aquela prova de abertura logo na largada.

 

David Coulthard (David Coulthard (Foto: Reprodução/Pinterest))

5 – 1997, David Coulthard, GP da Austrália – McLaren

O segundo ano de Michael Schumacher na Ferrari contra a Williams de um promissor Jacques Villeneuve em seu segundo ano e Heinz-Harald Frentzen, tão bem visto pela atual campeã que fez com que Damon Hill, campeão do ano anterior, perdesse o emprego – a batalha pelo título parecia traçada. Mas havia uma Austrália – agora em Melbourne – no caminho. No sábado, tudo como esperado. Villeneuve sobrou e teve Frentzen ao lado na primeira fila, com Schumacher em terceiro.

O pole teve vida curta na prova: Eddie Irvine, companheiro de Michael na Ferrari e que saía em quinto, tentou uma manobra otimista para dizer o mínimo na largada e acabou tirando Villeneuve e Johnny Herbert da corrida com ele. Frentzen adotou uma estratégia de duas paradas contra apenas uma dos rivais Schumacher e Coulthard e, inicialmente, sumiu na frente. Tinha o suficiente para retornar em posição de vencer a corrida após o segundo pit, mas um problema no pneu traseiro direito atrasou a parada. Coulthard e Schumacher então começaram uma disputa acirrada entre si, só que o alemão teve problemas perto do fim e precisou voltar para os boxes. Frentzen, com areia nos freios, se aproximou mas acabou fora da prova. Coulthard venceu com 20s de vantagem para Schumacher e ainda teve o companheiro de McLaren, Mika Häkkinen, em terceiro.

Foi a primeira vitória da McLaren desde Ayrton Senna no GP da Austrália – então disputado em Adelaide – de 1993. O time inglês venceria mais duas vezes no ano: uma com Coulthard e outra com Häkkinen. A briga pelo título ficou mesmo entre Villeneuve e Schumacher, porém, com o canadense se sagrando campeão. Coulthard terminou com a quarta colocação do campeonato – e os mesmos 36 pontos que Jean Alesi, então na Benetton -, mas foi impulsionado ao terceiro lugar após Schumacher ser desclassificado do campeonato por deliberadamente estampar o carro de Villeneuve na última etapa da temporada.

Eddie Irvine (Eddie Irvine (Foto: Shell))

6 – 1999, Eddie Irvine, GP da Austrália – Ferrari

A McLaren era a campeã vigente com Mika Häkkinen e Ferrari tinha altas expectativas de enfim quebrar a fila que vinha desde os anos 1970. Claro, o piloto responsável pelo projeto era Michael Schumacher, já bicampeão e que completava o quarto ano na escuderia de Maranello. Pouca atenção era dispensada ao companheiro dele: o norte-irlandês Eddie Irvine. Na Ferrari desde 1996, assim como Schumacher, Irvine sequer havia vencido uma corrida e era apenas um segundo piloto que traria bons pontos.

Com as McLaren na primeira fila e Schumacher em terceiro, Irvine se via apenas na sexta colocação para a largada. Antes da partida, porém, a McLaren viveu momentos de tensão. Primeiro, precisou colocar Häkkinen no carro reserva e, quando as Stewart de Rubens Barrichello e Johnny Herbert começaram a pegar fogo no grid, novamente o carro da McLaren se viu com problema. Häkkinen se safou e largou, mas Schumacher, que estava logo atrás dele o grid, não conseguiu dar a volta de apresentação por ficar preso atrás dos mecânicos da McLaren e viu o motor travar. A largada de Michael foi dos boxes. Irvine pulou para terceiro na largada e ganhou a segunda posição quando David Coulthard teve de abandonar com problemas no câmbio. A enorme vantagem de Häkkinen caiu por terra por conta de um safety-car causado por Jacques Villeneuve. E Häkkinen retomou a corrida com potência limitada, o que permitiu Irvine a passar.

Irvine teve a companhia de Heinz-Harald Frentzen, então piloto da Jaguar, de muito perto. Segurou a ponta, porém, e ganhou a primeira corrida dele na F1. Todas as quatro vitórias da carreira de Irvine vieram naquele 1999. Schumacher logo passou o companheiro no campeonato e passou a disputar ponto a ponto com Häkkinen até o GP da Inglaterra, quando sofreu um acidente e quebrou a perna. Irvine despontou e, mesmo sendo um segundo piloto pouco confiável, desafiou Häkkinen. No fim das contas, o finlandês foi campeão por apenas dois pontos. Mesmo o ano especial não foi o suficiente para que ficasse na Ferrari: em 2000, os italianos contrataram Rubens Barrichello para ser parceiro de Schumacher, enquanto Irvine partiu para a Jaguar.

David Coulthard (David Coulthard (Foto: Reprodução/Pinterest))

7 – 2003, David Coulthard, GP da Austrália – McLaren

Após Mika Häkkinen faturar o bicampeonato em 1999, a Ferrari passou a dominar inteiramente o Mundial nos anos seguintes. Michael Schumacher enfileirou três troféus seguidos – 2000, 2001 e 2002 – com sobras para qualquer rival. O campeonato de 2003 seria diferente, no entanto. A McLaren levava Kimi Räikkönen, ainda jovem, para o segundo ano dele em time de ponta. Mas quem brilhou na abertura do campeonato foi um velho conhecido.

Não com facilidade. A Ferrari trancou a primeira fila e teve a companhia de BAR, Williams, Sauber, Renault e Toyota antes de Coulthard, na 11ª posição. Na variação entre pista seca e molhada, estratégias e erros fizeram uma enorme diferença. Coulthard começou a fazer ultrapassagens e logo viu Rubens Barrichello abandonar. Depois, batida de Mark Webber forçou safety-car e aproximou o pelotão. Schumacher deixou as primeiras posições após tocar com Räikkönen e parar na grama – o finlandês ainda pararia nos boxes. Coulthard chegou à segunda posição e estava pronto para o pódio quando Juan Pablo Montoya, na ponta, rodou sozinho e jogou a vitória no colo do escocês.

A vitória do GP da Austrália foi não apenas o único de Coulthard no ano: foi também o último dele na carreira na F1. David terminou a temporada somente no sexto posto, enquanto o companheiro dele, Räikkönen, desafiou Schumacher seriamente. Mas, no fim das contas, Michael confirmou o quarto título seguido e sexto na carreira. Apenas dois pontos separaram os dois.

Giancarlo Fisichella (Giancarlo Fisichella (Foto: Reprodução/Pinterest))

8 – 2005, Giancarlo Fisichella, GP da Austrália – Renault

Quando 2005 chegou, ninguém na F1 sabia o que era bater Michael Schumacher desde o século anterior. Cinco títulos seguidos, algo obviamente impressionante, e num período que tinha apresentado Williams e McLaren como rivais. Mas uma nova desafiante surgia: a Renault. E o primeiro traço da força francesa surgiu logo na abertura da temporada.

Em Melbourne, Giancarlo Fisichella sobrou numa classificação chuvosa que bagunçou tudo. Kimi Räikkönen nem largou e causou a primeira amarela do dia, ainda na largada. Conforme os rivais reais tinham que limpar caminho através do pelotão, Fisichella controlava a corrida e vencia sem sustos. Rubens Barrichello e Fernando Alonso completaram o pódio.

Fisichella não voltaria a vencer naquele ano. Em compensação, Alonso enfileirou as três corridas seguintes para colocar uma quadra no bolso da Renault. O espanhol tomou o campeonato de assalto e não deu qualquer chance para Schumacher brigar pela conquista. Era uma passagem de bastão no Mundial.

Jenson Button (Jenson Button (Foto: McLaren))

9 – 2012, Jenson Button, GP da Austrália – McLaren

O começo da temporada 2012 do Mundial de F1 é um dos mais famosos da história. Foram sete pilotos diferentes vencendo as primeiras sete corridas do ano. Aquela primeira corrida, o GP australiano, deu a sensação de que a McLaren talvez tivesse o necessário para voltar a lutar de verdade pelo título mundial.

Com Lewis Hamilton na pole e Jenson Button trancado a primeira fila, a McLaren saiu com o peito estufado. Foi Button quem largou melhor e tomou a ponta para assumir o controle da corrida. Hamilton recuperou a dianteira somente por uma volta, após Button parar nos boxes. Mas a parada de Lewis colocou o piloto preso atrás da Sauber de Sergio Pérez, o que permitiu a chegada de Sebastian Vettel. O alemão ultrapassou Hamilton e e contou com um safety-car causado por Vitaly Petrov para se aproximar de Button. O campeão de 2009, porém, resistiu bravamente e saiu com a vitória.

Apesar da briga ferrenha do começo do ano, Vettel e Fernando Alonso dispararam numa luta particular pelo título. No fim das contas, o título ficou com Vettel, o terceiro dele, por míseros três pontos. Button terminou na quinta colocação do campeonato, ainda atrás do companheiro Hamilton.

Kimi Räikkönen (Kimi Räikkönen (Foto: F1))

10 – 2013, Kimi Räikkönen, GP da Austrália – Lotus

Se o GP da Austrália de 2012 começou com a sensação de que a Red Bull poderia ser desafiada pela McLaren, o de 2013 deu outra impressão. Sebastian Vettel começava a busca pelo tetracampeonato com uma pole e tinha o companheiro de Red Bull, Mark Webber, na segunda colocação.

Kimi Räikkönen, na Lotus, largou bem e ganhou duas posições. Depois da primeira rodada de pit-stops, Vettel acabou preso atrás de Adrian Sutil e, preso, viu um trem de rivais se aproximar. Räikkönen ficou mais tempo na pista que os rivais que estavam à frente, mas parou antes das Mercedes de Lewis Hamilton e Nico Rosberg, que se aproximavam. Depois, após uma nova rodada de paradas, Sutil voltou a aparecer líder – de pneus já gastos. Räikkönen passou sem problemas, mas Alonso ficou preso no tráfego e viu o rival abrir vantagem importante. Foi o suficiente para o que seria a vitória final de Räikkönen pela Lotus.

Assim como em 2012, o campeonato teve uma primeira metade bem disputada, mas que não durou. Após as férias de verão, Vettel venceu todas as corridas e disparou para o tetracampeonato. Räikkönen terminou na quinta colocação e ganhou de presente um retorno à Ferrari.

Acesse as versões em espanhol e português-PT do GRANDE PRÊMIO, além dos parceiros Nosso Palestra e Escanteio SP.

SÃO PAULO E-PRIX 2023:
SINTA A ENERGIA DA FÓRMULA E

25 de março de 2023 CLIQUE NO LINK ABAIXO PARA ACESSAR O SITE OFICIAL DE VENDAS E ATIVAR O SEU BENEFÍCIO EXCLUSIVO COM O CÓDIGO SAOPAULOVIP. Comprar Ingresso com desconto

GOSTA DO CONTEÚDO DO GRANDE PRÊMIO?

Você que acompanha nosso trabalho sabe que temos uma equipe grande que produz conteúdo diário e pensa em inovações constantemente. Mesmo durante os tempos de pandemia, nossa preocupação era levar a você atrações novas. Foi assim que criamos uma série de programas em vídeo, ao vivo e inéditos, para se juntar a notícias em primeira-mão, reportagens especiais, seções exclusivas, análises e comentários de especialistas.

Nosso jornalismo sempre foi independente. E precisamos do seu apoio para seguirmos em frente e oferecer o que temos de melhor: nossa credibilidade e qualidade. Seja qual o valor, tenha certeza: é muito importante. Nós retribuímos com benefícios e experiências exclusivas.

Assim, faça parte do GP: você pode apoiar sendo assinante ou tornar-se membro da GPTV, nosso canal no YouTube

Saiba como ajudar