Janeiro virou sinônimo de lazer, descanso, férias e viagens para os pilotos da Fórmula 1 atual. A história era outra décadas atrás: recordamos 10 GPs com a questionável decisão de serem disputados no primeiro mês do ano

Ah, janeiro. Mês de ir para a praia, pegar uma cor, jogar canastra em dia de chuva, ficar preso no engarrafamento voltando para casa… Para o brasileiro médio, o ano começa com dias assim. Para um piloto de Fórmula 1, nem sempre: dos anos 1950 até o começo da década de 1980, a principal categoria do automobilismo achou que era uma boa abrir um novo ano com GPs em países aleatórios.

Você pode pensar que eram corridas por volta do fim do mês, quando o ano já está em um ritmo mais ou menos normal. Bom, nem sempre: o calendário de um campeonato majoritariamente europeu já envolveu corridas logo após o ano novo em rincões distantes como a América do Sul e a África. Virar o ano em Buenos Aires ou Kyalami pode não ser tão ruim, mas certamente amenizava as celebrações do Réveillon.

As corridas de janeiro se tornaram inviáveis com o passar dos anos – a necessidade de desenvolver carros novos a cada temporada transformou o mês em época de preparação pura. A frequência cada vez maior de corridas nos outros meses também significa um momento de trégua e calma para pilotos.

Neste 10+, o GRANDE PREMIUM recorda dez dos GPs da Fórmula 1 com essa característica que virou coisa do passado: uma corrida nas primeiras semanas do ano. Não seria algo ruim nesse momento de tédio e falta de assunto, né?

1º de janeiro – GPs da África do Sul de 1965 e 1968

Virar o ano durante com uma semana de corrida, que tal? Foi a realidade que o grid da Fórmula 1 enfrentou em duas oportunidades na década de 1960. Em uma época já relativamente profissional do esporte, lendas como Jim Clark, Jack Brabham, Graham Hill e Jackie Stewart foram obrigados a virar o ano na distante África do Sul para abrir os trabalhos da nova temporada. Clark venceu as duas únicas corridas de 1º de janeiro da história da F1, que não por acaso contavam com alto número de sul-africanos.

Comparando com a atualidade, correr no primeiro dia do ano é loucura. Mas a maior simplicidade da categoria tornava possível: ninguém precisava começar uma temporada com um carro novo, o que tornava o conceito de pré-temporada irrelevante. Como os campeonatos costumavam se encerrar em outubro, também não dava para reclamar de falta de tempo para descansar.
(Jim Clark, GP da África do Sul, 1968)

2 de janeiro – GP da África do Sul de 1967

Quando a Fórmula 1 vivia a mania de correr na África do Sul no começo do ano, dia 2 de janeiro também estava valendo. Em plena segunda-feira – sim, a corrida podia acontecer tranquilamente no domingo do dia 1º, que faria muito mais sentido –, a temporada 1967 teve seu pontapé inicial com vitória de Pedro Rodríguez.

A corrida também ficou marcada pelo único pódio do Zimbábue – então Rodésia – na história da Fórmula 1. O obscuro John Love chegou inclusive a liderar até que, com sete voltas para o fim, fez um pit-stop emergencial para evitar uma das vitórias mais inesperadas da história do campeonato.
(Pedro Rodríguez, GP da África do Sul, 1967)

9 de janeiro – GP da Argentina de 1977

Uma década inteira se passou e a Fórmula 1 seguiu achando que correr em janeiro era uma boa ideia. Dessa vez com a gentileza de passar a corrida para a segunda semana do ano, os pilotos aos menos não seriam forçados a virar o ano em Buenos Aires sem necessidade.

Mas mudar de uma semana para outra não evitaria um outro problema: o calor intenso do verão argentino. A maior vítima disso foi José Carlos Pace: tanto piloto quanto carro sofreram nas voltas finais, quando o brasileiro liderava. O preço a ser pago foi alto: Jody Scheckter fez a ultrapassagem definitiva com seis voltas para o fim. Para ‘Moco’, restou abrir o ano novo com uma visita ao hospital por desidratação.
(Jody Scheckter, GP da Argentina, 1977)

13 de janeiro – GPs da Argentina de 1957, 1974 e 1980

O dia preferido dos argentinos para receber corridas de Fórmula 1. Em duas passagens distintas pelo calendário da categoria – a dos anos 1950 e a dos 1970 e 1980 –, Buenos Aires se consolidou como a carta da manga para abrir o calendário. E, por coincidência, o segundo domingo do ano caiu em um dia 13 em três oportunidades distintas.

1957 teve vitória de Juan Manuel Fangio, a última em seu país natal. Denny Hulme e Alan Jones foram outros dois que tiveram a chance de começar o ano bem em um 13 de janeiro.
(Denny Hulme, GP da Argentina, 1974)

23 de janeiro – GP da Argentina de 1972, do Brasil de 1977 e da África do Sul de 1982

De uma data popular para outra. Se 13 de janeiro teve a honra de receber três GPs da Argentina diferentes, o que dizer de um 23 de janeiro com três etapas em três países diferentes?

O GP da Argentina de 1972 foi o penúltimo antes da F1 decidir antecipar a abertura do calendário da terceira para a segunda semana do mês. Carlos Reutemann largou da pole, motivo de delírio para o público, mas teve uma tarde conturbada e viu Jackie Stewart vencer. O argentino, todavia, venceria exatos cinco anos depois: no GP do Brasil de 1977, aquele em que o asfalto de Interlagos simplesmente começou a esfarelar e causar acidentes, Reutemann foi o primeiro dos sete sobreviventes a ver a bandeira quadriculada.

A tríade do dia 23 se encerraria com a última corrida realizada em um mês de janeiro até hoje. O GP da África do Sul de 1982, que começou a esquentar a briga entre FISA e FOCA, teve Alain Prost dominando a ponto de vencer mesmo sofrendo um pneu furado. O segundo colocado? Reutemann, que disputava sua penúltima corrida na F1 – a Guerra das Malvinas/Falklands serviu de pretexto para o argentino não mais defender a britânica Williams.
(GP da África do Sul, 1982)

29 de janeiro – GP do Brasil de 1978

O mês se encerra com uma corrida particularmente memorável para o público brasileiro. Já nos últimos dias de janeiro de 1978, Jacarepaguá recebeu uma corrida de Fórmula 1 pela primeira vez. O resultado foi bem melhor do que a encomenda para os cariocas.

Começando do começo, Carlos Reutemann – que aparentemente era muito bom em janeiro e um pouco pior nos outros meses do ano – liderou simplesmente todas as voltas. Isso em um ano que começava com indícios de domínio da Lotus. Mario Andretti passou boa parte do tempo em segundo, mas perdeu rendimento e caiu para quarto. Melhor para Emerson Fittipaldi e a folclórica Copersucar: sempre na zona de pontos, o brasileiro tirou proveito dos azares alheios e escalou a classificação. O ataque contra Reutemann não seria possível, mas o segundo lugar bastou para deixar todo mundo contente em Jacarepaguá.
(Carlos Reutemann, GP do Brasil, 1977)

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