Verstappen e Leclerc mostram que há vida (e uma boa disputa) quando se vai além do domínio de Hamilton e da Mercedes - e nos fazem sonhar com o futuro da categoria
Max Verstappen, com 21 anos. Charles Leclerc, também 21. Foram os dois que garantiram a emoção do Grande Prêmio da Áustria neste domingo, 30, em Spielberg. Pela primeira vez no ano a magia da Mercedes acabou, tirando as Flechas de Prata da luta pela vitória – e coube aos representantes da nova geração brigar pela vitória. No final, o lugar mais alto do pódio ficou com o piloto da Red Bull, coroando um último trecho de corrida quase perfeito após uma largada ruim.
Curiosamente, venceu o mais mais experiente da nova geração. Afinal, Verstappen começou na carreira de forma precoce e extremamente meteórica, estreando na Fórmula 1 aos 17 anos e vencendo o primeiro GP aos 18. Hoje, ele acumula 90 corridas na categoria, com seis vitórias – contra 29 provas de Leclerc e nenhuma conquista.
Foi, também, uma disputa entre os favoritos do público. Max traz multidões vestindo laranja para aos autódromos, enquanto Charles parece ter reavivado o apoio à Ferrari inclusive aqui no Brasil. Ainda assim, o monegasco acumula dois insucessos quando teria tudo para vencer. É difícil para uma equipe que, no começo do ano, dizia-se que era favorita na briga pelo título.
O que se viu até agora em 2019 é um domínio da Mercedes, e quem rompe essa sequência das Flechas de Prata não são os italianos, mas sim uma Red Bull que parecia mais distante dos líderes. Para culminar, foi a primeira vitória da Honda desde o retorno dos motores à categoria – não muito depois de encerrar uma execrada parceria com a McLaren. Como dizem, o jogo virou, não é mesmo?
Primeira vitória que não foi fácil, é bom frisar. O #33 largou em segundo do grid, mas um problema na largada o fez perder várias posições logo de cara, caindo para a sétima posição. A partir daí começou uma corrida de recuperação, principalmente no último trecho. Já com o set de pneus duros, Max ultrapassou a Ferrari de Sebastian Vettel e a Mercedes de Valtteri Bottas. De Hamilton, a posição foi ganha após o inglês se ver obrigado a trocar a asa dianteira.
Foi aí que, na volta 69 de 71, o #33 passou pelo #16 após uma bela disputa na pista – e tocando rodas. Delírio nas arquibancadas e polêmica na pista. Até o momento do fechamento deste texto, a manobra está sob investigação e o piloto da Red Bull ainda pode ser punido. Pelo bem do esporte, que nada interfira no resultado.
No final, o holandês fez seis ultrapassagens durante a prova, cinco com DRS, todas importantes na disputa pela vitória. O GP da Áustria teve um total de 57 ultrapassagens, sendo 38 com DRS e apenas uma na luta pelo primeiro lugar.
Curiosamente, sobrou para a velha geração – se é que podemos chamar assim – a luta pelo quarto lugar. Hamilton teve um GP complicado, com a troca da asa, enquanto Vettel teve problemas com o pit stop – a equipe não estava pronta para recebê-lo. Vendo que estava perdendo espaço, a Ferrari chamou o #5 para colocar pneus macios no último stint da corrida – e, mais rápido, o tetracampeão superou o #44 na volta 70.
Ao lado de Valtteri, Max e Charles fizeram o pódio com a menor média da história da categoria: 24 anos e 156 dias – um alento em um ano que parece caminhar para um hexacampeonato de Lewis Hamilton. Não podemos, no entanto, nos enganar: corridas como o GP da Áustria ainda são exceção e o inglês acumula 36 pontos à frente de Bottas na luta pelo campeonato.
Pelo menos isso nos permite sonhar com o futuro. Leclerc versus Verstappen tem tudo para ser, em um momento próximo, a briga pelo campeonato. A Honda se encontrou ao lado da Red Bull e, hoje, vimos que Hamilton e a Mercedes podem ter dias ruins, sim. Se 2019 parece estar resolvido, 2020 surge como a esperança de um bom campeonato – ou, na pior das hipóteses, 2021 tem mudança de regulamento técnico…
Bom, quer saber? Não é sempre que podemos ter esperança. Vamos sorrir, só por hoje.
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