A farra dos segundos pilotos

A sorte, ao menos neste começo de temporada 2019, está sendo ao lado dos segundos pilotos. Se em Melbourne foi Valtteri Bottas que surpreendeu e venceu, é Charles Leclerc que está dominando o fim de semana do GP do Bahrein. Neste sábado, 30, o monegasco conseguiu uma marca importante: a primeira pole position da carreira, ainda em sua 22ª prova na Fórmula 1. Tudo isso com direito a recorde da pista.

Novato, Leclerc chegou na Ferrari com o teórico peso de desafiar o domínio do tetracampeão Sebastian Vettel em terras vermelhas. Na prática, o alemão tinha a casa do seu lado e o trunfo de ser, efetivamente, o primeiro piloto – algo que ficou claro na Austrália, quando a equipe não deixou que o monegasco caçasse Vettel nas voltas finais. Leclerc, porém, respondeu da forma mais madura e competente possível: aproveitou que o SF90 é o melhor em Sakhir para dominar não só o fim de semana, mas as três partes da classificação – sem dar espaço para qualquer pressão. 

Sexta e sábado apenas de sorrisos para Leclerc em Sakhir

As cartas continuam com Leclerc. Largando na frente, ele tem espaço para pular na frente e não dar espaço para qualquer ordem de equipe. Se isso acontecer, o piloto se coloca realmente no posto de dividir o protagonismo da Ferrari. Sem falar de uma vitória inesquecível e importante para a F1 como um todo. 

Caso isso não aconteça – e é até esperado, ainda estamos falando de um jovem de 21 anos -, resta saber qual será o posicionamento da Ferrari. Após vibrar com a pole do novato, os italianos o prejudicariam para beneficiar o piloto que está ao lado deles há quatro anos?

Vamos ver.

Ainda assim, neste exato momento, a pole de Charles cria uma situação inusitada dentro da Fórmula 1. Vettel e Lewis Hamilton monopolizaram entre si a disputa pelo título nos dois últimos anos. Leclerc e Bottas chegaram com o status de coadjuvantes e são, na verdade, quem deram as cartas até agora. 

Tal fato engrandece esse comecinho de 2019. Afinal, amplia a disputa e deixa a temporada mais emocionante e mais improvável.

Resta saber, agora, como os segundos pilotos vão lidar agora com mais essa responsabilidade. Leclerc parece que não sentiu o peso de vestir vermelho, enquanto Bottas parece ter aprendido com os erros e passos em falso (principalmente no ano passado) para ser um piloto melhor.

Só que, como fiz questão de destacar, tudo parece ser assim. Ainda é cedo para ter afirmações concretas.

Ainda que Hamilton esteja à frente em Sakhir, Bottas segue muito próximo do companheiro

O crescimento dos coadjuvantes também é bom para Hamilton e Vettel, sim. Não o dos seus próprios parceiros, mas sim o do concorrente – afinal, disputas internas costumam contribuir para que o adversário perca pontos. 

Por fim, algo curioso: a primeira pole de Charles Leclerc chega antes da de outro novato prodígio da categoria: Max Verstappen. Também com 21 anos, mas cinco vitórias no currículo, o holandês ainda não teve a primeira pole com a Red Bull, que pese a falta de desempenho da equipe austríaca em relação a Mercedes e Ferrari nas classificações.

Podemos dizer também que a classificação barenita não trouxe boas notícias para Verstappen. A Red Bull parece ter finalmente encontrado a realidade do motor Honda, se distanciando da chamada F1A e se aproximando mais do bolo da F1. O holandês ficou em quarto, mas a 0.8s da pole e 0,5s da segunda Mercedes, de Bottas. Já o companheiro dele, Pierre Gasly, deixou a disputa ao final do Q2, marcando apenas o 13º tempo.

Obviamente, tudo pode mudar no domingo. Só um piloto quer que continue tudo exatamente como foi neste sábado, e é justamente o mais novato…

Q3 CLASSIFICATION: That's @ScuderiaFerrari's 62nd front-row lock out

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