“Quero o campeonato ainda maior para mostrar a F-E na linha de frente contra as mudanças climáticas. Se pudermos encontrar soluções nas cidades, podemos influenciar mudanças por todo o planeta. O futuro é elétrico.”

Cabeça de um campeonato e uma organização que nasceram para valer para o mundo em meados de 2014 ainda como uma grande incógnita, Alejandro Agag passou de nome desconhecido no mundo do esporte a motor ao 'cara da F-E' e uma referência. O fundador e chefão da F-E hoje fala e é ouvido de outra maneira: como alguém que fez uma grande sacada funcionar. Em entrevista ao GRANDE PREMIUM, Agag falou sobre metas, calendário, sorte, futuro, sucesso, Felipe Massa, Nico Rosberg e o que mais foi perguntado.

Em tempos de mudança forçada pelo qual a indústria automobilística passa, jamais deixou de ressaltar o quanto enxerga a tecnologia de veículos elétricos como fundamental no 'novo mundo' e rejeitou conectar nome e imagem da F-E a qualquer tipo de atitude negativa – como por exemplo o 'Dieselgate' da Volkswagen. Afinal, fraudes de testes oficiais não é algo com que a F-E gostaria de se envolver nem que seja para pisar em cima.

Mas o fato é que o escândalo acabou por suportar a narrativa de novo mundo que a F-E oferece e onde se aninha com tanto cuidado. O aumento do envolvimento da Audi enquanto o Grupo VW retira a marca do WEC e decide sair do WRC, bem como o ingresso comprado e ainda não efetivo da Mercedes e chegada de BMW, Jaguar e Citroën ajudam a F-E a inflar o peito de orgulho. Afinal, recebe mais atenção e investimento de gigantes do mercado que, ao mesmo tempo, diminuem participação em outras frentes do esporte a motor.

Agag faz questão de não passar muito tempo sem destacar o quanto que o futuro é da eletrificação e amplia a confiança que tem ao falar de nomes que gostaria de ver rodando pelo campeonato que criou. Como a entrevista foi realizada ainda nos últimos dias do ano que passou, ainda tratava Felipe Massa com um sonho. Cedo ou tarde, ainda que não este ano, Massa vai sair de vez da F1. Quando isso acontecer, as portas da F-E estarão escancaradas como estiveram para Esteban Gutiérrez. O sonho do espanhol é Nico Rosberg, que por enquanto não quer saber de carros de corrida. Mas se no futuro quiser, os monopostos elétricos estarão esperando. Num grid altamente qualificado, ter um campeão mundial de F1 recente é uma das poucas coisas que falta.

No meio de todo mundo novo em que a F-E baseia seu conceito, o inimigo é bem famoso: o aquecimento global. A cruzada contra as mudanças climáticas faz Agag soar verdadeiro quando diz que não quer substituir Bernie Ecclestone na F1. Talvez um dia vá, mas o espanhol fala sobre a F-E e suas metas com tanta desenvoltura e conhecimento de causa que parece realmente interessado em ganhar a batalha para os veículos elétricos.

Talvez, de fato, nunca pudesse imaginar que a resposta inicial à F-E seria tão bem sucedida assim. Mas a realidade foi tão generosa que é impossível imaginar como demorou tanto para uma categoria de monopostos elétricos ser criada. E, no fim das contas, Agag provavelmente sempre esteve certo: o futuro é elétrico.

A F-E é a força que guia o sonho de Agag se envolver na questão ambiental (Divulgação/F-E)

GP*: No passado, você disse que estava analisando possibilidades de correr no Brasil. Como isso está progredindo?

Agag: É uma prioridade para a F-E correr no Brasil", disse ao GP*. "Estamos em conversas com um número de cidades-sede em potencial neste momento. Eu acho que é bem possível que vejamos a F-E correndo no Brasil talvez já na próxima temporada. Ou, mais provável, na quinta temporada.

GP*: A F-E está perdendo uma oportunidade no Brasil?

AA: Absolutamente, mas estamos analisando praças em potencial. Mas, ainda mais importante, a praça correta.

GP*: A F-E tem times e parceiros originários da Índia e Suíça – e correr nessas praças é um desejo antigo da categoria. Qual a situação para ir a estes dois países?

AA: Sim [é um desejo], estamos explorando todas as praças em potencial, e iremos para uma delas se houver a oportunidade correta e o local exato. Esses dois mercados em particular são extremamente importante para nós. Temos grandes parceiros nestes territórios e gostaríamos de levar a F-E até novos fãs em todo o mundo.

GP*: E quais as chances de Londres retornar ao calendário na próxima temporada?

AA: O objetivo é voltar a correr em Londres na quarta temporada – é um trabalho em progresso e esperamos ter notícias novas nos próximos meses.

GP*: O objetivo de aumentar os níveis de recuperação de energia nesta temporada foi com o objetivo de aumentar a importância da estratégia nas corridas?

AA: Absolutamente! Nós queríamos ver times e pilotos utilizando os maiores níveis de regeneração em seus benefícios. A F-E é velocidade, desempenho e eficiência. Se conseguir poupar mais energia no primeiro stint, vai conseguir forçar mais com o segundo carro. Isso mantém tudo animado até o final da corrida.

Alejandro Agag é o maior responsável pela criação da F-E (Alejandro Agag é o principal responsável pela criação da F-E (Foto: F-E))

GP*: Quanto tempo vai levar até as corridas virtuais contarem pelo campeonato?

AA: É uma pergunta interessante, e eu acho que é difícil implementar em qualquer categoria. Temos grande fé em jogos e nos esportes eletônicos, mas no momento é um elemento separado ao esporte a motor, ao de competição. Talvez pudéssemos criar um ranking separado para os pilotos virtuais, mas eu não acho que iremos misturar os pontos nas duas plataformas.

GP*: Com a Volkswagen deixando o Mundial de Rali e a Audi saindo do Mundial de Endurance para focar na F-E, podemos dizer que o 'Dieselgate' foi bom para a F-E?

AA: Não, eu não acho que o 'Dieselgate' beneficiou alguém – foi uma situação ruim. Mas o que eu acho que está beneficiando a F-E é que as montadoras estão cada vez mais olhando para a eletrificação. Estamos no caminho certo onde a indústria automotiva está indo adiante. A F-E vai se tornar a categoria mais relevante para a produção de larga escala no esporte a motor.

GP*: Como o plano de negócios da F-E mudou desde o começo? Quais os maiores objetivos da categoria?

AA: A visão para lançar a F-E era criar uma plataforma para desenvolver a tecnologia em carros elétricos e também para ajudar a mudar a percepção de carros elétricos. Estávamos no mundo do esporte a motor e pensamos que algo estava faltando. Algo que tornasse o esporte mais relevante ao que está acontecendo nas ruas, nas estradas e em nossos países. E isso é a revolução dos carros elétricos.

Achamos que estamos enfrentando uma grande mudança na indústria e queríamos fazer parte disso. Queríamos acelerar a mudança para a eletricidade porque acreditamos que é isso que torna o esporte a motor relevante – ter um papel num dos maiores desafios que enfrentamos, que é a poluição das cidades e, ainda maior, o aquecimento global. É por isso que promovemos carros elétricos. Essa é missão…e não mudou desde o primeiro dia.

A esperança depositada numa única categoria (Três meses da nada após Marrakech (Foto: F-E))

GP*: Você esperava que a F-E se tornasse um sucesso tão rapidamente?

AA: Para ser honesto, nunca poderíamos prever a resposta que recebemos desde que o conceito foi proposto. Muita gente achou que não daria certo e que a popularização de veículos elétricos em escala global era inalcançável. Mas provamos que essas pessoas estavam erradas.

Transformar a F-E de visão em realidade nas ruas de Pequim em 2014 – produzir 40 carros inteiramente elétricos e transportá-los até lá em menos de seis meses – foi um feito incrível para todos os envolvidos. A visão para lançar a F-E é criar uma plataforma para desenvolver a tecnologia dos carros elétricos e ajudar a mudar a percepção dos carros elétricos. E acho que esse processo já começou.

Acredito que a F-E vai onde o mundo vai, onde a indústria a motor vai, então é possivelmente o campeonato mais relevante do esporte a motor no mundo neste momento – e é exatamente onde queremos estar.

GP*: Qual o próximo passo da F-E?

AA: Estou ansioso para assistir o campeonato aumentar ainda mais – seja recebendo novos times, parceiros ou montadoras. Assim como viajar a novas cidades e locais para mostrar a F-E na linha de frente contra as mudanças climáticas. Se pudermos encontrar soluções nas cidades, podemos influenciar mudanças por todo o planeta. O futuro é elétrico.

GP* Qual a razão em especial que torna a F-E tão atraente para as montadoras?

AA: A F-E quer se tornar uma plataforma onde as montadoras testam e desenvolvem as tecnologias que vão introduzir em seus carros de passeio. O campeonato representa uma visão de futuro da indústria automotiva, servindo como plataforma para mostrar as últimas inovações na tecnologia de veículos elétricos e soluções alternativas de energia. As próximas temporadas verão as regras se abrirem mais, permitindo que as fábricas foquem no desenvolvimento do motor e dos componentes das baterias, entendendo das coisas que precisam ser operadas em veículos elétricos do dia a dia.

Corridas sempre foram um laboratório para o desenvolvimento de tecnologia na indústria automotiva. Antes nos carros de combustão, agora nos carros elétricos. Dez times querem vencer, o que é uma grande motivação, a meta. Conforme eles desenvolvem essas tecnologias para vencer, podem usá-las para os carros de rua. As tecnologias vão melhorar os carros de rua e a experiência dos donos destes carros em todo o mundo. Isso vai ajudar mais e mais pessoas a comprar carros elétricos e guiá-los.

A F-E está se tornando uma mistura de fábricas consolidadas, como Renault, DS, Audi, Mahindra e Jaguar, com novas marcas futuristas, como a Faraday Future, a NextEV, ou mesmo grandes fabricantes de componentes, como Schaeffler e ZF. Além disso, montadoras como Audi, BMW e Mercedes também se comprometeram a um futuro na categoria ou asseguraram uma vaga na quinta temporada, quando teremos mais duas equipes. Isso apenas mostra a relevância da F-E como plataforma para melhorar as soluções para as energias alternativas.

Do ponto de vista do público, o campeonato vem conseguindo agradar (Buemi ao pódio (Foto: F-E))

GP*: A F-E já tem grandes nomes competindo. Há algum piloto que você gostaria particularmente de ver no campeonato?

AA: Eu adoraria ver Nico Rosberg na F-E, mas ele me disse que não está pensando em correr no momento. Mas eu acho que temos um grid de classe mundial. Na minha cabeça, é certamente um dos mais fortes entre todas as grandes categorias do mundo.

GP*: Você falou com alguma equipe sobre Felipe Massa?

AA: Eu estive falando com Felipe e, claro, adoraria vê-lo atrás de um volante da F-E, mas não depende de mim.

GP*: Como o Liberty – um dos maiores acionistas da categoria – afeta a F-E? Qual a abordagem deles com relação ao produto na pista?

AA: O Liberty tem nos ajudado muito no projeto e tem nossa mesma visão para a F-E, de ambos esporte e entretenimento. Estamos muito alinhados em nossos objetivos, e tanto o Liberty quando a Discovery são parceiros perfeitos para o futuro.

GP*: Considerando que o Liberty também investiu pesado na F1, que benefícios isso pode levar para a categoria?

AA: Creio que seja muito cedo para dizer. Não acho que eles fecharam todo o negócio ainda com a F1. Então, quando for concluído, iremos analisar melhor quais sinergias podem existir para as duas partes.

GP*: Tem sido ventilado que você pode se tornar o sucessor do Bernie Ecclestone. Esse papel te chama a atenção?

AA: Não, eu estou totalmente focado na F-E. É uma companhia em que eu estou desde muito cedo, ajudando a desenvolver o projeto de uma ideia no PowerPoint até correr em volta do Parque Olímpico de Pequim. E pretendo continuar nela por muitos anos.

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