Com uma trajetória extremamente promissora, Caio Collet é tido como um futuro piloto brasileiro na F1. Mas os desafios do paulista de apenas 16 anos não se limitam a sentar num carro e acelerar

 

Não é de hoje que Caio Collet figura entre as principais promessas do automobilismo brasileiro e, consequentemente, como um dos mais fortes candidatos a chegar em breve na F1. Aos 16 anos, o paulista desde o kart impressiona pela técnica apurada e pela velocidade, sendo destacado, por exemplo, por Felipe Massa como o futuro do país na principal categoria do automobilismo mundial.

 

Extremamente vitorioso em sua carreira no kart, Caio fez a transição para os monopostos com grande naturalidade, faturando, com autoridade, o título da F4 Francesa logo em seu primeiro ano de fórmula. Além da taça em si, conseguiu uma recompensa ainda maior: agora, Collet faz parte do programa de jovens pilotos da Renault.

 

E essa conquista naturalmente atraiu ainda mais holofotes para o brasileiro que, queira ou não, agora é membro de um dos mais importantes programas formadores de pilotos no mundo. Caio virou o centro das atenções, mas nada que tire seu sono. Com maturidade que salta aos olhos pela pouca idade, fala ao GRANDE PREMIUM dos planos para 2019 e além.

 

"Espero me desenvolver como piloto, tornar a melhor versão de mim mesmo. Vou para a F-Renault com a equipe R-ace GP [antiga ART Grand Prix], já está tudo confirmado, tudo certo. E espero um campeonato muito competitivo. Vamos ter outros pilotos da Renault lá, então vou procurar fazer meu melhor, batalhar por vitórias, pódios e pelo título. Depois, nossa meta seria a F3, F2, correndo sempre junto com a F1, e depois vai depender dos resultados que conseguir", define com tranquilidade o piloto.

(Caio Collet (Foto: Divulgação))

Acontece que dentro do piloto maduro e decidido ainda existe um garoto e seus conflitos internos típicos de quem tem apenas 16 anos. Ao GP*, Caio falou de tudo, desde a influência familiar nas tomadas de decisões na carreira até o período sozinho morando na Europa, longe de tudo e de todos.
 
Para entender isso, é preciso dizer que Caio é filho de Carlo Collet, famoso piloto de rali que disputou, entre outras provas, o Dakar e os Sertões — sendo vencedor do maior rali do Brasil em 2006, nos quadriciclos, e 2013, nos UTVs. Naturalmente, foi desde cedo — bem cedo — a grande referência que Caio teve no esporte a motor.
 
"Ele foi a razão por eu me interessar pelo automobilismo. Na verdade, comecei fazendo rali, comecei andando de quadriciclo, moto, quando tinha três, quatro anos, e meu pai já me colocou para andar, para correr… E aí, por volta de meus sete, oito anos, ele me apresentou para o kartismo, que é uma coisa que ele fez também, antes do rali. Só que ele não tinha muito dinheiro para o kartismo, então acabou indo para o rali. Graças a Deus, consegui ir para o kartismo e daí para a frente que comecei minha carreira", conta.
Caio com o pai Carlo Collet (Caio Collet ainda menino (Foto: Cris Reis / Planet Kart))
Tamanha foi a influência que o jovem chegou a ficar dividido em relação a qual caminho seguir, se kart ou rali. Foi aí, com apenas nove anos de idade, que falou mais alto outra figura crucial na formação e até na carreira que Caio escolheu: a mãe, Paula, que ajudou na escolha de Caio e sempre esteve ao lado do piloto, mesmo que nem sempre estivesse tranquila quanto a isso.

 

"Cheguei, sim, a ficar dividido. Gostava bastante do rali, mas uma vez machuquei feio lá e aí minha mãe mandou escolher, entre o kart e o rali. E aí escolhi o kart. Acabei trincando duas vértebras, ela ficou super preocupada, tive de ficar dois meses parado, e aí ela mandou escolher entre um ou outro", diz.

 

"Ela é bem tranquila. No começo ela até achava um pouco ruim, me segurava um pouco. Tanto que ela usava um pouco a escola como algo para não ir para o kart, principalmente no começo, quando ela ficava preocupada, logo depois de me machucar também, mas ela teve de se acostumar, é o que queria fazer. E ela não conseguiu me segurar [risos]", completa.
(Caio Collet ainda mais menino (Foto: Divulgação))

E é justamente aí, na base que tanto o apoiou anos atrás, que veio a primeira grande pedra no caminho de Collet em sua ainda curta trajetória. E, no fim das contas, o algoz era ele próprio.

 

Mesmo sendo campeão da F4 Francesa com extrema tranquilidade, a temporada não foi fácil para Caio. E as dificuldades não vinham de dentro da pista. No primeiro ano em que ficou sozinho, morando na pacata Le Mans, longe de todos os conhecidos, a solidão bateu, bem como a dúvida se estava fazendo a escolha certa.

 

"Sinto bastante saudade. É difícil essa parte, de família, amigos… É uma coisa que você tem de abrir mão. No começo foi muito difícil, no ano passado, principalmente, que foi meu primeiro morando na Europa sozinho. No começo foi um choque, mas depois que tinha uma recaída, que achava que não ia dar certo, me perguntava o motivo de estar aqui, o que fiz até chegar aqui… A partir do momento em que consegui me acostumar a morar sozinho, a abrir mão dessas coisas… Daí pra frente, as coisas começaram a acontecer naturalmente", explica.
(Caio Collet (Foto: Divulgação))

 

Se em pouco tempo Caio passou do kart para o programa de jovens da Renault, no meio do caminho teve todo aprendizado na F4 e na vida. O brasileiro admitiu o baque de, uma hora para a outra, em questão de meses, parar de fazer bate-volta na Europa para morar de vez no Velho Continente e praticamente sem folgas.

 

"Em 2017, ainda estava no kartismo e consegui conciliar bem a escola com o kart, morando no Brasil, passava duas semanas na Europa e mais ou menos duas semanas no Brasil. Então, para mim, foram os melhores anos: vinha para a Europa, chegava aqui terça ou quarta-feira, corria no fim de semana e voltava ao Brasil. Para mim era o melhor, gostava bastante. Mas no ano passado comecei a morar sozinho, então foi um pouco difícil mesmo", admite.

 

Na solidão francesa, Caio foi aprendendo a se virar. Agora, cozinha macarrão, frango, sabe fritar um bife. O mais importante é que conseguiu se acostumar com o que entende por ser a rotina necessária para atingir o sucesso. Em 2019, afinal, Le Mans fica para trás, mas o paulista vai seguir morando sozinho agora em Viareggio, na região da Toscana, na Itália.

 

"Para mim foi um ano de muito amadurecimento, um ano decisivo na minha carreira. Foi meu primeiro ano em fórmula. Então acho que todo ano, daqui pra frente, vai ser tudo ou nada. Ano passado realmente foi o primeiro deles que eu vivi na pele que ou ia pra frente ou voltava pra casa. Para mim foi bastante difícil no começo, mas em um ano você se acostuma, então não tem motivo para voltar atrás".

(Caio Collet (Foto: Divulgação))

Contudo, nem só dos vínculos familiares se faz a adolescência. E como ficaram os demais relacionamentos de Caio na França? O piloto brincou ao falar de namoro e valorizou as amizades que ficaram mesmo com a distância.

 

"Namoro não muito, até porque Le Mans não tinha muita gente [risos]. Amizade, essas coisas, você acaba fazendo entre os pilotos. As amizades no Brasil continuaram bem fortes. Diminuiu um pouco, claro, mas os melhores amigos, desde pequeno até agora, estão sempre ali, sempre comigo. Minha família também… Então para mim foi um pouco difícil no começo, mas agora virou uma rotina", conta.

 

Com as lutas internas acabando — ou ao menos sendo amenizadas —, Caio agora segue focado na pista e em buscar resultados cada vez maiores. O primeiro grande passo, obviamente, foi dado: chegou a hora de aproveitar a porta que se abriu por meio da Renault.

 
(Caio Collet (Foto: Divulgação))

"Para mim foi a realização de um sonho. No ano passado, meu objetivo era muito claro, dar o melhor para ganhar o título. E com o título, você é convidado para fazer parte do programa que estou hoje, o Renault Sport Academy, então, para mim, meu objetivo no ano passado era estar no lugar onde estou neste ano. Então me preparei para isso no ano passado e acho que deu tudo certo", explica.

 

Campeão no kart, na F4 Francesa e agora piloto Renault cercado de expectativas. Mais pressão para a cabeça de Caio, certo? Errado. O brasileiro garante que não deixa nada de fora entrar na mente e justifica que é por isso que nem gosta muito de aparecer.

 

"Acho que para mim, dentro da pista, não vai mudar nada. Vou fazer meu melhor, vou tentar ganhar corrida, batalhar por pódios, como fiz no passado e vou fazer sempre na minha carreira. Fora da pista, acho que acaba mudando um pouco, você acaba tendo um pouco mais de compromissos, um pouco mais de visibilidade. Mas procuro não pensar muito nisso. Procuro ficar mais na sombra, não aparecer muito", revela.
(Caio Collet (Foto: Divulgação))

 

O possível papel de próximo brasileiro na F1 também não atrapalha em nada Collet, que garante se sentir ainda mais estimulado com a possibilidade. E, se os planos já revelados do piloto derem certo, isso pode acontecer em questão de três, quatro anos.

 

"Tento transformar isso mais em motivação para mim do que uma pressão. Acho que, fora da pista, nos treinos, isso me motiva bastante a ser o próximo brasileiro da F1, a chegar lá… Mas dentro da pista, se começar a pensar muito nisso, acho que acaba virando algo negativo: 'se não ganhasse corrida, se não fizesse a pole, não vou ser o próximo brasileiro na F1…'. Acho que isso acaba entrando no modo negativo, acaba te deixando um pouco tenso demais. Então, quando estou dentro do carro, dentro da pista, procuro esquecer tudo, pra falar a verdade. Só focar naquilo que tenho de fazer na hora e no que preciso melhorar", completa.

(Caio Collet (Foto: Divulgação))

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