Em 1992, a Williams fez três dobradinhas nas três primeiras corridas da temporada, marca derrubada pela Mercedes em 2019. O quanto o Brasil e o mundo mudaram de lá pra cá?

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Uma equipe dominante no ano, capaz de fazer dobradinhas com seus pilotos nas primeiras corridas do campeonato. Os principais adversários, que vestem vermelho, estão perdidos em seus próprios problemas. Parece o enredo da atual temporada da Fórmula 1, mas, na realidade, estou me referindo à 1992.

Naquele ano, a Williams fez o chamado 1-2 com os pilotos Nigel Mansell e Riccardo Patrese nas três primeiras etapas do ano (África do Sul, México e Brasil). Mansell, que havia vencido os três GPs, naquela altura liderava o campeonato com 30 pontos, contra 18 de Patrese e 4 daquele que, antes do início da temporada, parecia ser o principal adversário pelo título: Ayrton Senna. O resultado era um marco do domínio da equipe inglesa.

Resultado esse que acaba de ser superado.

A Mercedes conseguiu, agora em 2019, nada menos que quatro dobradinhas nas quatro primeiras corridas do ano (Austrália, Bahrein, China e Azerbaijão). A diferença é que há maior equilíbrio entre pilotos. Duas das corridas foram vencidas por Lewis Hamilton, com Valtteri Bottas ficando em primeiro nos outros dois GPs e liderando o campeonato (87 a 86) por conta de uma novidade: o ponto extra para a volta mais rápida, que conquistou em Melbourne

Só que essas não são as únicas diferenças: o mundo mudou muito nesses 27 anos que separam os dois momentos de domínio na categoria máxima do automobilismo mundial. Por isso, o GRANDE PREMIUM volta no tempo para relembrar (ou contar, para os mais jovens) como eram o Brasil e o mundo naqueles tempos. Parecidos em alguns pontos, diferentes em outros. 

Viajaremos, mais exatamente, para 6 de abril de 1992, o dia seguinte do GP do Brasil – quando a Williams havia conquistado a terceira dobradinha. 

Preparado?

População do Brasil em 1992: 154,6 milhões de pessoas

População do Brasil em 2019: 202,7 milhões de pessoas

 

População mundial em 1992: 5,46 bilhões de pessoas

População mundial em 2019: 7,7 bilhões de pessoas

O movimento ‘Fora Collor’ tomaria as ruas meses depois

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Política nacional

O presidente era Fernando Collor de Mello. Em 6 de abril de 1992, os jornais noticiavam que o então chefe do Poder Executivo estava encaminhando uma reforma ministerial – que poderia ou não incluir um novo partido na base aliada. “Amanhã o PSDB deverá fazer uma nova reunião da Executivo Nacional para decidir se adere ou não ao governo”, noticiava a ‘Folha de S. Paulo’. “Collor reserva 3 ministérios para tucanos”, dizia outra manchete. 

Já o jornal ‘O Estado de S. Paulo’ do mesmo dia destacava que Collor reeditava "plano de Goulart", um planejamento plurianual que, de acordo com o veículo, havia sido apresentado pela primeira vez pelo ex-presidente João Goulart em 1962 e que, em 1992, Collor reciclava em busca da ampliação de sua base de apoio. 

Na página 5, o ‘Estadão’ apontava que “‘Esquema PP’ ajudou amigo de Zélia”. A matéria revelava que US$ 26 milhões (US$ 47 milhões reajustados pela inflação, ou cerca de R$ 190 milhões em valores atuais) teriam sido desviados em investimentos para uma empresa de engenharia de um amigo de Zélia Cardoso de Mello, que tinha sido a Ministra da Economia do governo Collor até maio de 1991

O que mudaria tudo, porém, ainda recebia pouca atenção da imprensa naquele dia. Uma pequena nota na ‘Folha’ informava que Antônio Rogério Magri, ex-ministro do Trabalho e da Previdência, iria depor na CPI do Senado que apurava a corrupção do Poder Executivo. Em maio, Pedro Collor de Mello, irmão de Fernando, daria uma famosa entrevista à revista 'Veja', revelando um esquema de desvio de dinheiro com participação do presidente e do tesoureiro de campanha, Paulo César Farias. Uma nova CPI seria instaurada – o que desencadearia no início do processo de impeachment, em 2 de setembro de 1992. Collor seria afastado em 2 de outubro e, após ser condenado pelo Senado, efetivamente impedido em 29 de dezembro do mesmo ano. 

Política internacional

No mundo, a ‘Folha’ apontava que “a extrema direita avança na Alemanha”, onde eleições em dois estados impunham derrotas ao chanceler Helmut Kohl (foto ao lado), que era integrante da União Democrata-Cristã, de centro-direita. "Os partidos de extrema direita centraram suas campanhas em uma forte plataforma xenófoba", informava o diário. “Eles querem derrubar a atual legislação sobre asilos. Cerca de 100 mil imigrantes entraram no país só no primeiro trimestre deste ano”.

A atual chanceler da Alemanha, Angela Merkel, pertence ao mesmo partido, conhecido por CDU na sigla em alemão. Um dos fenômenos da atual política do país é o crescimento da extrema-direita, principalmente pelo AfD (Alternativa para a Alemanha), que se coloca como a “nova direita” e que se baseia fortemente na retórica anti-imigração. 
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Já o Salão Oval da Casa Branca era, naquela oportunidade, ocupado por George H. W. Bush, do Partido Republicano. O presidente dos EUA estava iniciando a sua campanha em busca pela reeleição, tentando aproveitar o prestígio da vitória contra o Iraque na Guerra do Golfo. Bush acabaria perdendo as eleições em novembro, quando o democrata Bill Clinton foi eleito muito por conta de uma piora no cenário econômico doméstico.

Marcílio Marques Moreira recebe o cargo de Ministro da Economia das mãos de Zélia Cardoso de Mello

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Economia

No Brasil, a inflação era um problema naqueles tempos. Ainda assim, a ‘Folha de S. Paulo’ do dia 6 de abril informava que o ritmo do aumento de preços havia caído – de 4,52% para 4,17%, na medição semanal – semanal, vale frisar mais uma vez. Os alimentos básicos haviam subido 3,75% no mesmo período. 

Em abril de 1992, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor – Amplo, um dos indicadores da inflação), havia registrado um aumento de 19,93% – nos 12 meses anteriores, a marca era de 662%. Para comparação, o IPCA de março de 2019 foi de 0,75% – enquanto o acumulado de 12 meses registra uma alta de 4,58%.

Àquela altura, o Ministro da Economia era Marcílio Marques Moreira, em uma pasta que, como voltou a acontecer agora em 2019, acumulava as atribuições do Planejamento e da Fazenda. Marcílio deixaria o ministério em 2 de outubro, após a abertura do processo de impeachment ser aprovada pela Câmara dos Deputados – o que colocou Itamar Franco como o presidente em exercício. 

Vanessa Williams, o grande nome da música em abril de 1992 – o mesmo sobrenome do dono da equipe que dominava a F1

Arte, música e cinema

Em 11 de abril de 1992 a Billboard divulgou uma nova edição do Hot 100, o famoso ranking feito a partir das vendas de álbuns e execução das músicas nas rádios de todo o mundo. Naquela oportunidade o primeiro lugar era de ‘Save The Best for Last’, de Vanessa Williams, seguido por ‘Tears in Heaven’ (Eric Clapton), ‘Masterpiece’ (Atlantic Star), ‘Remember The Time’ (Michael Jackson) e ‘Make it Happen’ (Mariah Carey). O Top-100 ainda incluía nomes como Elton John, Red Hot Chili Peppers, Metallica, Nirvana, George Michael, Elton John, M.C. Hammer e Prince, entre inúmeros outros.

Para comparação, o líder do Hot 100 na atual semana é ‘Old Town Road’, de Lil Nas com Billy Ray Cyrus – que, talvez, alguns conheçam apenas como o “pai da Miley Cyrus”. Depois chegam duas canções de Post Malone: ‘Wow.’ e ‘Sunflower’, esta última ao lado de Swae Lee e parte da trilha do filme ‘Homem-Aranha: No Aranhaverso’. Fechando o Top-5 temos Ariana Grande (com ‘7 Rings’) e Jonas Brothers (‘Sucker’). O resto da lista ainda tem nomes como Sam Smith, Lady Gaga, Maroon 5, DaBaby, 5 Seconds of Summer, Beyonce e Billie Eilish. A maior diferença, hoje, é que o Hot 100 leva em consideração o streaming de música e a compra de álbuns virtuais em plataformas como o iTunes. 

Na arte, a ‘Folha’ de 6 de abril de 1992 destacava que Romero Britto (então com 28 anos) abria a sua primeira exposição em São Paulo após se tornar uma revelação no circuito norte-americano – ele já vivia em Miami. Britto trazia litogravuras (técnica de gravura em pedra ou metal) baseadas em uma marca de vodca. Arte que, segundo o jornal, “ele mesmo já definiu de ‘neo cubismo pop’, uma tentativa de retomada da proposta cubista a partir da pop art”. 

Aquela exposição seria o início da explosão da arte de Romero Britto no Brasil – hoje, o estilo do artista é licenciado para produtos como malas de viagem, brinquedos, toalhas, relógios, brinquedos, canecas e até mesmo garrafas de vodca. Ah, claro, ele também vende quadros, gravuras e esculturas.

No cinema, o filme com maior bilheteria no mercado dos Estados Unidos – que, naqueles tempos, tinha ainda mais peso do que hoje – foi ‘Beethoven’. Não, não era sobre o famoso compositor, mas sim sobre o cachorro, que no Brasil ficou conhecido como ‘Beethoven: O Magnífico’. A bilheteria chegou aos US$ 57 milhões, ou US$ 103 milhões em valores atuais. No ano, a animação da Disney ‘Aladdin’ foi campeã do chamado 'box office' na terra do Tio Sam, com US$ 217 milhões – o equivalente a quase US$ 400 milhões em 2019. 

Hoje o campeão de bilheteria é ‘Vingadores: Ultimato’. O quarto filme estrelado pelo grupo da Marvel fez US$ 393 milhões no fim de semana da estreia e foi o maior filme de abril de 2019, o segundo do ano até aqui. A liderança, na bilheteria dos EUA, ainda é de ‘Capitã Marvel’, com US$ 414 milhões. Isso, claro, deve mudar em poucos dias. Vale dizer também que a Disney está preparando uma versão live-action (com atores de carne e osso) de 'Aladdin', estrelada por Will Smith e com estreia prevista para 23 de maio.

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A principal diferença talvez seja o crescimento da relevância dos filmes norte-americanos no resto do mundo. ‘Ultimato’ já chegou na marca de US$ 1,2 bilhão no box office global, recorde para uma semana de abertura na sétima arte. 

Na TV, o sucesso da época era ‘Pedra Sobre Pedra’, ‘novela das 8’ da Rede Globo assinada por Aguinaldo Silva, Ana Maria Moretzsohn e Ricardo Linhares. A produção alcançou uma média geral de 57 pontos de audiência, se consolidando como a sexta maior para uma telenovela na história da televisão brasileira. 

Curiosamente, Aguinaldo Silva assina a atual ‘novela das 9’ (que substituiu o horário das 20h) da Globo, chamada ‘O Sétimo Guardião’ – que vem marcando por volta de 30 pontos no Ibope. Porém os tempos mudaram bastante. Primeiro veio o crescimento da TV paga. Depois, o do streaming. Por isso, a produção de televisão que movimenta o público, atualmente, é ‘Game of Thrones’, do canal pago HBO. A estreia da oitava e última temporada da série teve um público recorde de 17,4 milhões de pessoas

Tela do Windows 3.1, que seria lançado em 18 de abril de 1992

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Tecnologia

Voltando para a edição da Folha de S. Paulo de 6 de abril de 1992, o jornal apontava que “computador cria ‘sala de aula universal’”. Alunos de nove escolas particulares de São Paulo tinham a oportunidade de estudar em conjunto com outros de escolhas dos EUA e Israel, por meio de conexão discada e o uso de um mesmo kit de ensino. 

Apesar de já existir no contexto acadêmico desde 1988, a internet comercial chegaria ao nosso país apenas no final de 1994, ainda em testes, e de forma definitiva em maio de 1995. De acordo com dados de 2016, 60,9% dos brasileiros possuem hoje acesso à internet. 

Parte desse número de hoje é por causa dos smartphones – mas, em 1992, o celular era um sonho para a maioria da população. A primeira rede deste tipo de telefonia havia sido inaugurada no Rio de Janeiro em 1990 – e que permitia apenas fazer e receber ligações. O primeiro SMS (mensagem de texto) do mundo só seria enviado em 3 de dezembro de 1992, na Alemanha. 

Hoje, 18 milhões de mensagens de texto são enviadas por minuto em todo o mundo – com outras 41 milhões de outras mensagens trocadas no WhatsApp e Facebook Messenger. 

Pois é, em muitas coisas o mundo mudou. Em outras, nem tanto. 

Mansell e a Williams ‘de outro planeta’ de 1992

E a Fórmula 1?

Os jornais, claro, destacavam o amplo domínio de Mansell e Patrese naquele 6 de abril de 1992. “Williams faz GP particular no Brasil”, destacava a manchete na capa do caderno de Esportes da ‘Folha’, assinada por Flavio Gomes. No dia anterior, Ayrton Senna dera uma declaração para a Globo que acabaria marcando a temporada: “as Williams estão em outro planeta”. O FW14B, entre outras vantagens, contava com um motor Renault V10 em grande fase de desenvolvimento, além de transmissão semi-automática, suspensão ativa, controle de tração, freios ABS e uma aerodinâmica assinada por Arian Newey.

Mansell seria campeão com 108, quase o dobro do vice – o companheiro Patrese terminou com 56. Senna ficou apenas em quarto, com 50, 3 pontos atrás de Michael Schumacher, da Benetton. A temporada foi tão fácil que o Leão foi declarado o campeão na 11ª etapa, na Hungria, enquanto a Williams garantiu o primeiro lugar no Mundial de Construtores na corrida seguinte, na Bélgica. Eram disputados 16 GPs por ano.

E hoje, será que podemos dizer que as Mercedes estão em outro planeta? O tempo dirá. 

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