Como o peruano Lucas Barrón se tornou o primeiro competidor com síndrome de Down na história do Rali Dakar e virou símbolo mundial de inclusão

O Rali Dakar é o mais longo e um dos mais tradicionais do mundo. Seus 334 inscritos para a edição de 2019, que foi disputada pela primeira vez em um único país, o Peru, trouxeram diversas histórias diferentes, e a da dupla formada por Jacques e Lucas Barrón definitivamente merece um destaque.

Aos 25 anos de idade, o peruano Lucas se tornou o primeiro competidor com síndrome de Down da história do Dakar. Ele foi o navegador do pai, Jacques Barrón, no veículo #433, que participou de dois estágios do rali na categoria UTV, percorrendo 854 km.

A história começou em 2013. Jacques, um fanático por esportes, praticava diversos tipos de modalidades radicais, como mountain bike, windsurf e kitesurf. Com motos, participou de quatro edições do Dakar, até sofrer um acidente que causou uma lesão permanente em seu ombro, o impedindo de competir em duas rodas.

A lesão não cortou o vício de Jacques em adrenalina, e ele passou a procurar novas alternativas de competir no rali. Carros e caminhões foram logo descartados, por conta do alto custo. Com a chegada dos UTVs, uma porta se abriu para ele e também para Lucas, que cresceu acostumado com esportes para todos os lados. A dupla tentou uma participação em 2018, mas com dificuldades financeiras, só conseguiram entrar em 2019.

Era chegada a hora de fazer história.

"Ter Lucas como companheiro de viagens e aventuras é um costume para mim. Sempre me acompanhou. Mas tê-lo no Dakar era uma grande responsabilidade. No final, meu sentimento é de muito orgulho”, conta Jacques, que reside com o filho em Lima, ao GRANDE PREMIUM.

 

Ao lado do pai, Lucas Barrón escreveu sua página na história do esporte no Rali Dakar

O espírito de mãe foi ligado e preocupou Lucia Barrón, que admitiu sentir uma certa “irresponsabilidade” ao deixar Lucas competir, mas a confiança no marido quebrou a barreira do medo e ela passou a incentivar o sonho da dupla.

"Eu sempre tive medo da participação do Jackie no Dakar, e imagine agora que ele levou nosso filho. Você se sente um pouco irresponsável, mas eu conheço o Jackie, conheço seu desejo de aproveitar a corrida, e não de ganhar”, diz Lucia.

"Eu acredito sinceramente que a vida é para viver. Veja a felicidade dos dois, justifica tudo. E tenho uma frase que compartilho com você: Quanto devemos aos loucos! Quão triste, chato e terrível seria o mundo cheio de pessoas normais. A única coisa que me resta é apoiar o sonho dos meus louquinhos", brinca.

 

Lucas recebeu medalha do Dakar por sua participação (Lucas recebeu medalha do Dakar por sua participação (Foto: Reprodução))

Lucas e Jacques não completaram a prova, mas receberam medalhas do Dakar pela história de superação, que foi repercutida em todo o mundo. Para Lucia, os organizadores merecem ser parabenizados por não ter dado nenhum tratamento especial para o jovem na competição, o que pra ela é a verdadeira prova de inclusão.

“A participação do Lucas no Dakar gerou um impacto significativo em todo o mundo. Uma corrida tão importante e a primeira vez que um jovem portador de Síndrome de Down participou. Foi incrível. Muito emocionante. Mas o melhor de tudo é que os organizadores do Dakar não tiveram nenhuma consideração especial com ele, então, acho que foi uma verdadeira 'inclusão’”, elogia.

“Foi bom para o Dakar porque eles não se importam, e isso é bom. Significa que o Lucas é outro concorrente e o trataram da mesma forma que o resto. Para o resto do mundo, foi uma coisa muito boa. É a inclusão da melhor maneira. No final, Lucas terminou a corrida com um milhão de amigos”, lembra o pai.

 

Próxima meta: Arábia Saudita

Esportivamente, a corrida não foi das melhores para a dupla, que teve problemas no seu UTV e abandonou após apenas duas especiais completadas. Mesmo com as dificuldades, muito por conta do orçamento curto, Jacques admitiu que qualquer obstáculo é vencido quando a prova começa.

"O mais difícil é conseguir patrocínio. Sempre foi complicado. Isso implica dificuldades em obter suporte técnico para o carro e fazer mágica com a preparação. Uma vez que a corrida começa, a diversão começa e você só tem que aproveitar e 'rezar' para que o carro não vá mal", diz.

Por ter um histórico de esportista desde pequeno, Lucas investiu na natação e na academia para sua preparação física. O orçamento ainda é a principal dificuldade para o próximo sonho da dupla, que é disputar o Dakar pela segunda vez, agora com mais bagagem e na Arábia Saudita, que receberá a competição em 2020.

Em busca de completar mais uma etapa deste sonho, Lucas também começou a competir na categoria de motos no Campeonato Peruano de Cross Country, tentando abrir outra porta nos ralis. 

E mais do que nunca, Lucas Barrón mostra que a inclusão é sempre o melhor caminho.

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