Pietro Fittipaldi, piloto de testes da Haas, conversa com o GP* sobre os primeiros detalhes do regulamento técnico da F1 para 2021

A FIA e a Fórmula 1 pretendem mudar muita coisa na maior categoria do automobilismo mundial a partir de 2021. Vem aí um novo regulamento técnico, que promete aumentar a disputa na pista e facilitar as ultrapassagens – além de trazer carros mais agradáveis aos olhos dos fãs. O primeiros detalhes foram divulgados nas últimas semanas, mas ainda fica difícil saber o real impacto dessas mudanças. Por isso, fomos perguntar a opinião a quem mais interessa: um piloto.

Ele é, mais exatamente, Pietro Fittipaldi, herdeiro do clã e neto de Emerson – além de ser piloto de testes de uma das equipes da F1, a Haas. 

O principal ponto dos novos bólidos é a diminuição da perda do downforce no carro que persegue o adversário – visto como o grande vilão das ultrapassagens no atual regulamento. De acordo com os dados divulgados, a perda da pressão aerodinâmica nessas condições chega a 50% com os carros atuais e deve diminuir para apenas 10% nos de 2021. 

Para alcançar tal efeito, os modelos terão menos aletas e apêndices aerodinâmicos, além de asas mais simples, conferindo um visual mais fluído. Outro ponto é que sai de cena o assoalho liso, padrão desde meados dos anos 1980, e entra o efeito Venturi, que gera downforce a partir do desenho do solo dos carros. Você pode conferir mais detalhes técnico em um amplo material publicado no Grande Prêmio

((Foto: Beto Issa))

Pietro Fittipaldi com a Haas de 2018 (Reprodução/Instagram/@Pifitti)

“Eu acho que o novo carro para 2021 vai ajudar muito as corridas, as ultrapassagens”, afirma Pietro em um papo exclusivo para o GRANDE PREMIUM durante o fim de semana do GP da Bélgica da F1. “O carro é muito mais limpo, né, na parte aerodinâmica, então isso vai ajudar o piloto a seguir o carro da frente muito mais perto. Isso vai fazer as corridas mais emocionantes, vai ter mais ultrapassagens, mas claro que a gente só vai ver mesmo se funciona quando o carro estiver na pista testando e correndo. Mas, a princípio, olhando nas imagens parece que vai ser um carro muito mais limpo.”

Tudo isso, na visão o herdeiro dos Fittipaldi, deve mudar o estilo de pilotagem durante as corridas. “Você vai poder seguir muito mais perto, entendeu? O piloto vai poder ser muito mais agressivo, vai poder atacar mais nas corridas sem ter tanta dificuldade que nem tem hoje em dia. Porque quando você segue o carro da frente, você perde tanta carga aerodinâmica, hoje em dia, com os carros da Fórmula 1 que você destrói os seus pneus. Então você vai poder ser muito mais agressivo, vai poder seguir muito mais perto.”

Por outro lado, o piloto de testes da Haas revela que é cedo para saber se haverá impacto no estilo de pilotagem na classificação. “Isso vai dar para ver mesmo quando os pilotos começarem a pilotar o carro, quando eu pilotar o carro.”

Uma polêmica que surgiu foi que, na visão de alguns fãs, o novo regulamento deixaria os carros da Fórmula 1 mais próximos, ao menos visualmente, dos da Indy. Pietro Fittipaldi pode, como poucos, falar sobre essas semelhanças. Afinal, o piloto brasileiro pilotou na categoria norte-americana em 2018 pela Dale Coyne – além de já ter rodado com o carro da Haas nos testes da F1 deste ano, nos circuitos de Barcelona e Bahrein;

“Por mais que o carro de 2021 da Fórmula 1 se pareça um pouco mais com o da Indy, no final eles são carros muito diferentes”, explica o piloto. “O carro da Indy é um carro feito para pista mista e para oval, também. Então é um pouco mais pesado. Ele precisa ter uma estrutura mais forte, né, porque se tiver um impacto, um acidente no oval, o carro precisa de uma estrutura mais forte. Então, claro, o carro da Fórmula 1 vai ser muito mais leve.”

Outro ponto que salta aos olhos fica por conta das rodas – elas pulam das 13 polegadas atuais para 18. Ou seja, saem de um diâmetro comum em carros de rua populares e pulam para um tamanho um pouco mais próximo daqueles usado em modelos esportivos. Já os pneus serão de perfil bem mais baixo.

“Agora é difícil medir qual vai ser o impacto dessas rodas na corrida, porque nenhuma equipe testou”, conta Fittipaldi, que explica estar um pouco no escuro nesse quesito. “Acho que a Pirelli tem testado, mas não vi nenhuma informação sobre as rodas ainda. Claro que isso vai mudar a suspensão do carro, mas como ele vai se comportar com essas rodas diferentes eu não sei.”

O conjunto de pneu e roda da F1 atual, ao lado da configuração proposta para 2021

Obviamente que tudo isso vai ser perfumaria se alguns times mantiverem um orçamento muito maior que os outros. Com uma verba maior que os concorrentes, os grandes podem investir não só para encontrar as brechas na aerodinâmica, como podem ter carros que disparam na frente dos outros – o que tira o efeito das mudanças para aumentar o downforce de que vem atrás, ao menos em termos de briga pela liderança. Por tudo isso, o teto orçamentário para 2021 é uma das principais reivindicações, da qual os dirigentes ainda não entraram em acordo

“A Haas é uma equipe muito menor, comparado com Ferrari ou Mercedes, então se a Fórmula 1 pode regular um pouco mais o orçamento das equipes vai ajudar muito a Haas a ser mais competitiva. Vai igualar tudo. Então a equipe está esperando muito que isso aconteça e aí eles vão ser mais competitivos em 2021 e, quem sabe, brigar por pódios e vitórias”, diz um esperançoso Pietro. “A F1 vai ser sempre um esporte muito caro. Mas tomara que com esses regulamentos novos eles vão poder regular mais os orçamentos.” 

No momento, nada ainda foi aprovado, por mais que as propostas da FIA já estejam sendo testadas no túnel de vento. Isso causa um efeito cascata: a equipes e a categoria precisam entrar em acordo até outubro, mês que marca a antecedência mínima de 18 meses antes da temporada 2021 – como prega o regulamento. 

Enquanto isso, confirma Pietro, a Haas não está desenvolvendo um carro com as novas especificações. “Eu acho que nenhuma equipe está trabalhando ainda no carros de 2021 porque eles não finalizaram ainda os regulamentos. Assim que finalizar, as equipes vão começar a trabalhar no carro. Agora, a equipe acho que está focada primeiro no carro de 2019 e aí no de 2020.”

Independente dessa definição, as mudanças de 2021 são uma janela de oportunidade – não apenas para novos times disputarem o título, mas para pilotos jovens de fora da categoria, como o próprio Pietro, estrearem com mais igualdade em relação aos veteranos. “Pilotar um Fórmula 1 como titular é o meu grande objetivo, ainda mais que em 2021 vai ter os carros novos, regulamento novo, ajudaria muito um piloto novato entrar em uma categoria quando está tudo novo. Regulamento novo, carro, novo…”, reflete um pouco o brasileiro. “Ser titular na F1 é o meu grande objetivo e eu vou continuar acelerando para chegar lá.”

Que sejam, então, duas boas novidades para daqui uma temporada e meia – uma com um regulamento técnico mais igualitário, a outra com o retorno dos brasileiros à Fórmula 1.

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