Mattia Binotto se viu nas últimas quatro temporadas numa posição que costuma ser imperdoável em Maranello: a de chefe de equipe da Ferrari. O Lado a Lado compara os números conquistados pelo time sob o comando do italiano
O dia 31 de dezembro de 2022 será o último de Mattia Binotto como membro da Ferrari. O dirigente chegou a um acordo e decidiu deixar o time italiano após 28 anos de trabalho e quatro temporadas numa posição que costuma ser bastante cruel em Maranello: a de chefe de equipe.
Não se pode dizer que a gestão de Binotto foi um desastre total, principalmente a julgar o ano ainda vigente. Depois de um período de total ofuscamento frente a uma Mercedes soberana na era híbrida e um Max Verstappen crescente e disposto a incomodar com a Red Bull, a escuderia do cavalinho rampante teve coragem para largar 2021 e focar totalmente no desenvolvimento do carro de 2022, então sob um novo regulamento.
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O plano deu certo, e a F1-75 nasceu poderosa, com cara de velhos tempos. As vitórias de Charles Leclerc no Bahrein e na Austrália davam a impressão de que o monegasco seria o homem a ser batido. O motor Ferrari também falava mais alto que os concorrentes e empurrava a equipe italiana ao topo.
A Ferrari, porém, não contava com um forte obstáculo: ela mesma. Foram os sucessivos erros em corridas onde as vitórias seriam certas que começaram a expor a fragilidade do comando da equipe. Na Inglaterra, após a estratégia equivocada que tirou a vitória de Leclerc, a imagem de Binotto com o dedo em riste para o monegasco viralizou nas redes sociais.
Era o começo do fim. Meses após o episódio, a imprensa francesa revelaria que desde a corrida em Silverstone, Leclerc e Binotto não se falavam mais. O dirigente, por sua vez, deixou de ir às corridas finais do calendário, o que seria mais um sinal de que a sua saída era iminente.
Foi sob o comando de Binotto também que a Ferrari viveu a sua mais recente polêmica: os motores ‘apimentados’ de 2019. Naquela temporada, a unidade de potência italiana parecia imbatível, sobretudo em velocidade de reta, mas logo as principais rivais, Red Bull e Mercedes, levantaram suspeitas de que havia algo errado.
A FIA (Federação Internacional de Automobilismo), então, determinou o sistema da escuderia, que pulsava sinais elétricos que interferiam no fluxômetro, como ilegal — sob a justificativa de que a vantagem obtida não estava de acordo com o regulamento técnico.
Nos bastidores, órgão regulador e escuderia italiana firmaram uma espécie de acordo secreto. Mas sem o ‘temperinho’, a pimenta no motor, a Ferrari enfrentou fortes repercussões técnicas em 2020 e 2021. Para se ter uma ideia, em 39 GPs disputados nas duas temporadas pós-escândalo dos motores adulterados, o máximo que a Ferrari conseguiu foram oito pódios — nenhum, porém, subindo ao degrau mais alto.
Agora, justiça seja feita: Binotto é um excelente engenheiro de motores e foi peça fundamental na era Schumacher, de 1999 a 2004. Só nesse período, foram seis títulos de Construtores e outros cinco de Pilotos, todos com o alemão. Um currículo invejável, mas que será lembrado pela gestão problemática em seu derradeiro ano.
Temporada 2019
Dupla: Sebastian Vettel e Charles Leclerc
GPs disputados: 21
Pontos: 504 (vice-campeã no Mundial de Construtores)
Vitórias: 3
Pole-positions: 9
Voltas mais rápidas: 6
Pódios: 19
Melhor posição no Mundial de Pilotos: 4º (Leclerc)
Temporada 2020
Dupla: Sebastian Vettel e Charles Leclerc
GPs disputados: 17
Pontos: 131 (6ª colocada no Mundial de Construtores)
Vitórias: 0
Pole-positions: 0
Voltas mais rápidas: 0
Pódios: 3
Melhor posição no Mundial de Pilotos: 8º (Leclerc)
Temporada 2021
Dupla: Charles Leclerc e Carlos Sainz
GPs disputados: 22
Pontos: 323,5 (terceira colocada no Mundial de Construtores)
Vitórias: 0
Pole-positions: 2
Voltas mais rápidas: 0
Pódios: 5
Melhor posição no Mundial de Pilotos: 5º (Sainz)
Temporada 2022
Dupla: Charles Leclerc e Carlos Sainz
GPs disputados: 22
Pontos: 554 (vice-campeã no Mundial de Construtores)
Vitórias: 4
Pole-positions: 12
Voltas mais rápidas: 5
Pódios: 20
Melhor posição no Mundial de Pilotos: segundo (Leclerc)
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