Não precisa de muito para saber que o 2022 da Honda na MotoGP pode ser resumido com a palavra fiasco, mas nada como a frieza dos números para escancaram o ano difícil da marca da asa dourada. No LADO A LADO desta semana, o GRANDE PREMIUM compara os números da marca da asa dourada na vencedora temporada 2019 e na derrocada deste ano

As últimas três temporadas não foram nada fáceis para a Honda. O motivo, todo mudo sabe: Marc Márquez ou estava lesionado ou longe da plena forma e, sem ele, a marca da asa dourada não consegue o mesmo nível de performance. Mas uma coisa é ter a consciência de que o problema existe. Outra, é tê-lo esfregado na cara.

Antes daquele fatídico GP da Espanha de 2020, quando o mais velho dos irmãos Márquez fraturou o braço direito, a ‘Márquezdependência’ já era uma realidade. E, mais do que isso, era uma escolha da Honda. A fábrica nipônica sabia que tinha nas mãos uma moto difícil, mas apostava no “melhor piloto do mundo” para compensar todas as eventuais deficiências do protótipo.

Marc Márquez garantiu quase sozinho a Tríplice Coroa para a Honda em 2019 (Foto: Repsol)

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Não dá para negar que funcionou. Desde que estreou na classe rainha do Mundial de Motovelocidade, em 2013, Marc deu à marca da asa dourada seis títulos da MotoGP. Mas depois daquela tarde em Jerez de la Frontera, até o mais distraído pôde constatar os resultados da montadora eram completamente dependentes do #93. Sem ele, a Honda desceu ao abismo.

Alguém poderia argumentar que faltou à montadora um piloto do mesmo bom calibre, mas Jorge Lorenzo guiou pela marca em 2019. Tricampeão da MotoGP, pentacampeão do Mundial de Motovelocidade, o espanhol de Palma de Maiorca teve um ano desesperador a bordo da RC213V. Vindo de dois anos com a Ducati, o #99 foi fisicamente castigado pela moto, sofreu horrores, não conseguiu nenhum bom resultado e optou pela aposentadoria na metade de um contrato de dois anos. Os mais maldosos dizem até que o ex-Yamaha preferiu se aposentar só para fugir do protótipo da Honda.

Depois dele, é verdade que o nível caiu. Álex Márquez foi o escolhido para a vaga de Lorenzo, mas, ainda que tenha no currículo os títulos de Moto3 e Moto2, era um novato na MotoGP e não tinha, portanto, a mesma bagagem do conterrâneo. E nem o mesmo hype do irmão. O caçula de Roser Alentà e Juliá Márquez, porém, sequer estreou e foi confirmado o rebaixamento para o ano seguinte: correu em 2020 com a equipe oficial, mas desceu para a LCR Honda em 2021. Para a vaga dele, veio Pol Espargaró.

O irmão de Aleix chegou falando alto. O catalão confiava que tinha um estilo de pilotagem parecido com o de Marc Márquez, mas tudo que conseguiu em dois anos montado na RC213V do time oficial foi uma pole e dois pódios. Stefan Bradl, o piloto de testes, esteve muito mais presente do que deveria, muito mais por conta das agruras enfrentadas por Márquez, mas tampouco conseguiu resultados expressivos.

Aposta da Honda, especialmente pelo fator nacionalidade, Takaaki Nakagami segue sem mostrar a que veio. Lá se vão cinco anos do #30 na classe rainha e, até agora, ele comemorou uma única pole-position, no GP de Teruel de 2020.

No Lado a Lado desta semana, o GRANDE PREMIUM confronta os números de 2019, o último grande sucesso da Honda, e de 2022, marcado por um enorme fiasco. A parte mais gritante é a diferença de pontuação, com mostra o gráfico.

Em 2019, a Honda venceu o Mundial de Construtores com 426 pontos, mas, nesta temporada, ficou na lanterna, com só 155, uma diferença de 271 pontos. No caso do Mundial de Equipes, a Honda também foi vitoriosa em 2019, com 458 pontos — a maioria deles vindos de Marc Márquez, aliás —, uma diferença de 287 tentos para os 171 pontos que renderam a nona colocação na classificação de 2022.

No que diz respeito ao Mundial de Pilotos, Marc Márquez conquistou em 2019 aquele que, até agora, é o último título dele na MotoGP com 420 pontos. Neste ano, o espanhol, mesmo tendo ficado de fora de parte das corridas, foi o melhor colocado na disputa entre os pilotos da marca, mas fechou em 13º, com 113 pontos, 307 a menos do que quando foi campeão.

Segue igual, porém, a quantidade de motos: quatro. Elas estão distribuídas entre a equipe oficial, a Repsol Honda, e a satélite LCR Honda. Também é igual a quantidade de pilotos que guiou a moto em cada um desses anos: seis. Em 2019, Marc Márquez, Jorge Lorenzo, Stefan Bradl, Johann Zarco, Takaaki Nakagami e Cal Crutchlow passaram pela RC213V em algum momento do ano. Em 2022, Marc, Nakagami e Bradl seguiram por lá, mas tiveram a companhia de Pol Espargaró, Tetsuta Nagashima e Álex Márquez.

A maior discrepância, porém, está nos resultados. A Honda passou absolutamente apagada em 2022, mas acumulou 12 vitórias em 2019 — todas com Marc Márquez —, dez poles — também com o multicampeão —, e 12 voltas mais rápidas — sempre com ele. Além disso, foram 270 voltas na liderança — 264 com Marc e seis com Crutchlow —, contra 17 em 2022 — todas com Pol Espargaró.

Marc Márquez e Pol Espargaró: a dupla de um 2022 de nenhum sucesso para a Honda (Foto: Gold & Goose/ Red Bull Content Pool)

É só no quesito pódio que a Honda dá algum sinal de vida em 2022, mas apenas um sinalzinho nem discreto: foram dois top-3 neste ano — um com Marc Márquez e um com Pol Espargaró —, contra 21 na temporada 2019 — três com Crutchlow e 18 com Marc.

O números mostram a queda de performance da Honda nos últimos anos e a realidade evidenciou, mais uma vez, a ‘Márquezdependência’. Depois de quatro cirurgias no braço direito, Marc fez tudo que podia para estar em plena forma e voltar a brigar e agora pressiona a Honda a fazer a parte dela. No primeiro teste, em Valência, não gostou do que viu.

A Honda precisa reagir. E reagir logo. E Ducati cresceu demais e se colocou imbatível. E Yamaha está contra a parede, pressionada por um Fabio Quartararo que brigou na unha pelo vice-campeonato. A Aprilia conseguiu avançar e a KTM promete um novo salto. A lanterna da classificação não é o lugar natural da Honda, mas ela precisa agir para não estar lá.

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